Tristão da Cunha, uma ilha com 245 residentes permanentes, está criando a maior reserva natural marinha do mundo. O governo do território ultramarino britânico, que se autodenomina a ilha habitada mais remota do planeta, determinou uma zona de proteção marinha para salvaguardar os ameaçados pinguins rockhopper, albatrozes-de-nariz-amarelo e outros animais selvagens em uma área do Atlântico Sul três vezes maior que o Reino Unido.

A pesca e outras “atividades extrativas” serão proibidas em 627.247 quilômetros quadrados de oceano ao redor de Tristão da Cunha e nas três outras ilhas principais do arquipélago. O santuário será a maior “zona de exclusão” do Oceano Atlântico e a quarta maior do mundo. A ideia é proteger os peixes que vivem nas águas e dezenas de milhões de aves marinhas que delas se alimentam.

De acordo com o Projeto Pew Bertarelli Ocean Legacy, a área isolada abriga 85% dos ameaçados pinguins rockhopper do norte, 11 espécies de baleias e golfinhos e a maior parte das focas subantárticas do mundo.

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“Nossa vida em Tristão da Cunha sempre foi baseada em nossa relação com o mar, e isso continua até hoje”, disse James Glass, chefe dos ilhéus do território, em um comunicado. “É por isso que protegemos totalmente 90% de nossas águas e temos orgulho de poder desempenhar um papel fundamental na preservação da saúde dos oceanos.”

A zona de proteção fará parte do Programa Blue Belt do Reino Unido, que está fornecendo 27 milhões de libras (cerca de R$ 192 milhões) para promover a conservação marinha nos territórios ultramarinos do país. A iniciativa já protegeu 11,1 milhões de quilômetros quadrados de ambiente marinho, ou 1% dos oceanos do mundo, disse o gabinete do primeiro-ministro Boris Johnson.

Zona de Proteção Marinha de Tristão da Cunha – Foto: Governo Tristão da Cunha e Associação Tristão da Cunha

As ilhas também abrigam várias espécies de pássaros terrestres que não vivem em nenhum outro lugar, incluindo o Wilkins bunting, o pássaro mais raro do Reino Unido, e o Inaccessible rail, o menor pássaro que não voa do mundo, de acordo com a Royal Society for the Protection of Birds.

O projeto Pew Bertarelli, que promove a criação de reservas marinhas em todo o mundo, disse que ajudaria Tristão da Cunha a proteger suas águas com tecnologia que usa dados em tempo real para avaliar as condições do oceano e da atividade humana, como a pesca. O projeto é uma joint venture da Pew Charitable Trusts e da Fundação Bertarelli.

Onde fica Tristão da Cunha

Tristão da Cunha está localizada a 2.810 quilômetros a oeste da Cidade do Cabo, na África do Sul. A ilha foi descoberta pelos holandeses em 1643. A Grã-Bretanha tomou posse de Tristão da Cunha em 1816, estabelecendo o primeiro assentamento permanente do território. A ilha foi evacuada após uma erupção vulcânica em 1961, mas os ilhéus voltaram em 1963.

A fonte de renda mais importante do território é a pesca comercial do lagostim, conhecido como Tristan Rock Lobster, que é vendido como um produto de luxo nos Estados Unidos, Europa, Japão e China.