Também conhecida como impaludismo, maleita ou sezão, a malária é uma “doença infecciosa febril aguda”, causada pelo protozoário Plasmodium. Ele é transmitido pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Também chamado de mosquito-prego, o transmissor da malária é frequente em áreas tropicais. Portanto, se você faz trilhas ou passa muito tempo em lugares cercados de Mata Atlântica, por exemplo, pode estar mais exposto.
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Qualquer pessoa pode contrair a malária. Quem apresenta várias infecções da doença pode atingir uma imunidade parcial, com poucos ou quase nenhum sintoma. Até hoje, a imunidade total não foi observada. Não há vacina aprovada contra a doença.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 228 milhões de novos casos da doença foram notificados no mundo apenas em 2018, além da ocorrência de mais de 405 mil óbitos por malária. Em território brasileiro, a prevenção e a melhora no manejo dos casos tem ajudado a reduzir os números, mas focos pontuais devem ser acompanhados e combatidos.
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No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região amazônica – Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. As outras regiões do país têm poucas notificações, mas a doença não pode ser negligenciada devido à alta letalidade.
Malária: ciclo da doença
O ciclo de vida do parasita da malária envolve 2 hospedeiros: o mosquito, que é o vetor, e o ser humano. Quando a fêmea do mosquito-prego pica uma pessoa para se alimentar de sangue, a fêmea do mosquito Anopheles infectada inocula o parasita no hospedeiro humano, na forma de esporozoítos (uma das fases do plasmódio que causa a malária). Os esporozoítos infectam as células do fígado e baço, onde amadurecem para esquizontes.
No fígado, eles se multiplicam em merozoítos, os quais retornam ao sistema circulatório. No sangue, os protozoários invadem as células vermelhas. Ao se multiplicarem e crescerem no interior das células vermelhas, eles as destroem. A ruptura dos eritrócitos – outro nome dado às células vermelhas – libera os parasitas que ali se encontravam e eles invadem outros eritrócitos. Quando uma pessoa infectada é picada pelo mosquito, ele passa a carregar os parasitas no sangue. Os parasitas se alojam no estômago do mosquito e após 10-18 dias migram para suas glândulas salivares, quando ele se torna capaz de infectar outra pessoa, fechando o ciclo.
Diagnóstico
O diagnóstico de malária pode seguir vários métodos:
Gota espessa: a partir de amostra de sangue, é o mais usado no Brasil, por ser simples, eficaz, de baixo custo e de fácil realização. O parasita é visualizado por meio de microscópio óptico, inclusive sendo possível determinar qual espécie exata de plasmódio é pela morfologia. É possível saber também seu estágio de desenvolvimento no sangue, e a densidade de parasitas no corpo do hospedeiro.
Esfregaço delgado: menos preciso, é uma técnica também a partir de exame de sangue e uso de microscópio que permite a separação de células em meio líquido. Consiste em espalhar um fragmento de tecido ou de uma colônia sobre uma lâmina de vidro, o que provoca a dissociação de alguns elementos celulares e a sua aderência ao vidro.
Testes rápidos: eles detectam os antígenos da malária, ou seja, a substância estranha ao organismo que desencadeia a produção de anticorpos. São práticos e fáceis de usar, mas seu uso é mais indicado onde não exista a possibilidade de fazer o exame de sangue, como áreas remotas e sem serviços de saúde. Isso porque além de serem um pouco menos precisos, eles não informam a densidade parasitária.
Técnicas moleculares: é o método mais avançado, mas pouco usado pelo alto custo e pouca disponibilidade em áreas afetadas. Geralmente só laboratórios de referência o oferecem, e a disseminação da malária é uma doença muito associada à pobreza.
Quais são os sintomas?
Os sintomas podem ser de leves a graves, dependendo de como o organismo da pessoa responde. A malária pode até matar. Os sintomas aparecem entre 12 a 30 dias de incubação. A pessoa pode sentir febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dores de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. De acordo com o Ministério da Saúde, muitas pessoas também sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite, principalmente antes da fase aguda.
Por destruir as hemácias do sangue, um sintoma secundário pode ser a anemia. Na malária severa, ocasionada pela espécie Plasmodium falciparum, podem ocorrer anormalidades neurológicas, anemia severa, perda de sangue na urina, edema pulmonar, problemas na coagulação sanguínea, problemas no coração, falha nos rins, baixa taxa de glicose no sangue, entre outros sintomas graves, que podem levar a coma e morte
Malária: profilaxia
A principal forma de prevenção é o combate ao mosquito. A eliminação da larva por meio da drenagem de áreas alagadas, uso de larvicidas e criação de peixes que se alimentem delas são práticas essenciais para evitar o desenvolvimento da doença. O combate ao mosquito adulto é feito com o uso de inseticidas.
Ao viajar para uma região com casos de malária, reforce a prevenção pessoal também. Use roupas claras e mangas compridas, além de barreiras, como telas e mosquiteiros e uso de repelente com DEET (N-N-dietilmetatoluamida).
Malária: tratamento
O paciente recebe comprimidos antimaláricos fornecidos nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves precisam de hospitalização.
O tratamento indicado depende de alguns fatores: espécie do protozoário infectante; idade e o peso; condições associadas, como gravidez e outros problemas de saúde; e gravidade da doença. O tratamento pode ter um mix de mais de um medicamento, em função das necessidades do paciente. Alguns dos medicamentos causam efeitos colaterais pesados, e por isso é importante manter o acompanhamento médico.
Quanto mais for feito o diagnóstico e mais cedo começar o tratamento, maior a chance de cura. Os sintomas podem causar danos severos ao organismo, por isso é fundamental a agilidade. O tratamento interrompe o ciclo do parasita no hospedeiro humano, impedindo também que a pessoa seja um transmissor (quando é picada pelo mosquito). O tratamento deve ser seguido até o fim, mesmo que a pessoa não apresente mais sintomas e se sinta bem.