Sara Haba é primeira mulher a chegar a Meca de bicicleta

Por Verônica Mambrini

meca de bicicleta
Reprodução Instagram @sara.rahala

Sara Haba é uma mulher nascida na Tunísia e educada na França. Muçulmana, ela cumpriu um feito histórico: é a primeira mulher que se tem notícia a peregrinar para Meca de bicicleta, sozinha. A jornada durou 53 dias. Depois, ela ainda continuou viajando na região e fez uma segunda viagem a Meca.

Ela partiu no final de 2019. Ela planejou a viagem por meses, preparando o roteiro e conseguindo os vistos necessários, como o da Arábia Saudita. Foram semanas viajando pelo deserto no Egito e no Sudão, quase sempre sozinha. Ela foi documentando e publicando a viagem em sua conta no Instagram, com a hashtag #cyclingtomecca. 

A bike de Sara foi batizada de Merzouga, que em tradução livre, quer dizer algo como “graça com bençãos” no árabe falado na região do Magreb, noroeste da África. É a região onde ela nasceu, que inclui Tunísia, Marrocos e Argélia.  

 

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“Eu tinha medo de ser parada em algum momento. Não sabia se meu corpo obedeceria minha vontade e aceitaria tudo que eu estava impondo a ele”, disse ela no Instagram. Ela pedalava cerca de oito horas por dia. No meio do deserto, a bike quebrou e ela se virou sozinha para consertar. 

Sara estava com medo de não ter sua entrada permitida na cidade sagrada para os muçulmanos por estar viajando sozinha, mas preferiu pagar para ver. 

Meca de bicicleta, viagem interrompida

“Na Arábia Saudita, quando a distância e a dificuldade eram realmente pequenas em comparação com as coisas que eu passei, eu estava tensa. Porque eu não sabia se quando eu chegasse a Meca eu seria autorizada a entrar na cidade pedalando sozinha”, disse. Até onde se tem notícia, ela é a primeira mulher a chegar a Meca de bicicleta, fazendo a peregrinação sagrada para os muçulmanos.

 

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Apesar do receio inicial, ela foi surpresa pela acolhida que teve pelo caminho. Ela recebeu orações, elogios e incentivos. Também recebeu centenas de pedidos de oração, para quando chegasse em Meca. 

“Agradeço muito, muito a cada pessoa que cruzou meu caminho, sorriu para mim, me mostrou o caminho, encheu minha garrafa d’água, me ofereceu uma fruta ou jabana [café com especiarias], dividiu a casa comigo, me apresentou sua família ou amigos, pedalou seja 10 km comigo, chorou comigo e me deixou fazer parte da sua vida”, agradeceu Sara a todos aqueles com quem dividiu momentos nesta viagem. 

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“Eu não teria conseguido nada disso sem cada um de vocês”, disso. Ao chegar em Meca, ela se encontrou com seu irmão Karim, que veio da França, fazendo a Umrah, a peregrinação para a cidade sagrada que pode ser feita em qualquer época do ano por um muçulmano.

Coronavírus: cicloviagem interrompida

Na primeira vez, antes de a pandemia ser decretada, ela conheceu as estruturas sagradas de Meca ao lado de legiões de peregrinos muçulmanos vindos de todos os cantos do mundo. Na segunda ida até lá, tudo mudou: “eu estava em Riad (a capital da Arábia Saudita) quando a crise sanitária do coronavírus chegou à região. Neste meio-tempo, resolvi ir de novo a Meca e, quando cheguei lá, estava tudo vazio. Já havia as restrições a aglomerações. Foi muito estranho ver a cidade sem gente. Parecia um pesadelo.”

A ideia da ciclista era continuar explorando o Oriente Médio de bike, mas o coronavírus dificultou as coisas. Muitos lugares estavam com restrições de circulação e toque de recolher. Sara voltou para a França, mas espera retornar assim que possível para completar a viagem.







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