Para muitas pessoas, estar na natureza é a tradução de liberdade. Para outras, a nudez é a expressão máxima dessa liberdade. O Projeto Nude and Nature, do fotógrafo Ricardo Feres, busca captar essa sintonia do nu na natureza como uma libertação. Assim, em tempos em que estamos trancados em casa e sem acesso aos nossos lugares preferidos, é um respiro ser lembrado de que em breve voltar a sentir o vento e o sol na pele em nossos lugares preferidos.
>> Siga a Go Outside no Instagram
Para Feres, o estar nu na natureza é uma experiência única. “Eu estou sempre na natureza, seja para trabalhar, seja para passear, e adoro nadar pelado. Tanto faz se é mar, rio ou cachoeira, não conheço maior sensação de liberdade e fico espantado por ver que muita gente nunca tirou a roupa pra tomar um banho de mar ou cachoeira”, comenta. “A sensação de liberdade é o que mais desejo passar nas fotos.”
Nu na natureza como estilo de vida
Fotos de nudez costumam causar polêmica, afinal, quase sempre focam na nudez feminina. “De vez em quando me perguntam se eu fotografo homens, mas nunca fiz um ensaio masculino. Mas primeiro eu precisaria dedicar um tempo a aprender a dirigir um ensaio masculino”, diz.
Com efeito, das modelos e clientes – já que além das fotos pensadas exclusivamente para o projeto ele também faz ensaios sob encomenda – ele conta que uma das respostas mais satisfatórias é saber que as fotos viram um passaporte para uma relação mais natural com o próprio corpo e com a natureza. “Várias mulheres que posaram pra mim depois me escreveram que passaram a nadar peladas. Isso é bem gratificante ver que consigo abrir um pouco a mentalidade machista que temos no Brasil, que é colocada na cabeça de todos nós, homens e mulheres.”
Quarentena fotográfica
Durante a quarentena, Ricardo está postando diariamente no Instagram do projeto. “No futuro, quando estiver com um acervo de boa parte do Brasil, pretendo publicar um livro”, diz. O fotógrafo mora em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, local que se tornou cenário de vários ensaios. “Durante a volta da minha viagem pela Patagônia, fiz dois ensaios, um no Chile e um em Florianópolis. Eu não conhecia nenhum dos lugares e fomos procurando bons pontos, boa luz, etc”, diz.
Aliás, Ricardo gosta de pensar que os ensaios ajudam a perceber que a nudez não precisa ser estigmatizada. “Como eu disse, eu gosto de estar pelado na natureza e de vez em quando aparece gente. Daí coloco a sunga e pronto, minha vida não muda em nada se uma pessoa a mais me viu pelado. E a vida de quem me viu também não muda. E isso é algo que as mulheres que posam percebem e deixam de supervalorizar a nudez.”