O tom pode ser um tanto profético, mas é a realidade: cedo ou tarde ela deve te pegar. Sim, estou falando da maldita cãibra muscular. Se ainda não aconteceu com você, certamente um amigo já perdeu um treino ou uma prova por causa dela. E dá calafrio só de pensar: você no Km 19 de uma meia maratona, sentindo que nunca correu tão bem na vida, quando de repente… ela te fisga!
O que é a cãibra muscular?
A cãibra pode ser definida como uma contração muscular involuntária e dolorosa que acomete um a cada dois corredores ao longo dos ciclos de treinos e provas. Apesar de extremamente comum, são várias as possíveis causas do problema e não há evidências científicas para chegarmos a verdades absolutas. Mas eu diria que os prováveis vilões durante ou logo após o exercício são três fatores isolados ou combinados: fadiga, desidratação e baixos níveis de eletrólitos.
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A hipótese mais consistente aponta a fadiga muscular como o grande detonador das cãibras. Nossos músculos entram em fadiga quando são submetidos a uma sobrecarga muito maior do que a que conseguem suportar. Isso pode acontecer quando abusamos do volume nos treinos, aumentamos a intensidade e duração do exercício de forma abrupta e desafiamos nossos limites nas provas. Mas também quando nos exercitamos sem fornecer água, energia e eletrólitos ao corpo. Corredores com histórico familiar ou casos anteriores de cãibras estão mais suscetíveis ao problema.
O que fazer para evitar?
E quando a cãibra der as caras, o que fazer? Ao primeiro sinal de desconforto, diminua o ritmo. Se, mesmo assim, ela te pegar, vale a pena parar para alongar e massagear a região. Se for possível, faça compressas com gelo. Mas o grande negócio é a prevenção: começar a correr bem hidratado e alimentado, seguir um bom plano nutricional durante treinos e provas mais longos, obedecer a intensidade estipulada pelo treinador, ter cuidado com aclives e declives ao longo do percurso e sempre respeitar os sinais do corpo.
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Vale ressaltar que as cãibras causadas especificamente por déficit de eletrólitos decorrem de uma perda excessiva desses elementos pelo suor, o que geralmente acontece em provas muito longas sob condições climáticas adversas (temperatura e umidade elevadas). Você deve se preocupar, sim, em repor os sais minerais, mas cuidado para não exagerar na dose. Também não vale a pena se empanturrar de banana. Ela até pode ajudar – muito mais pelo seu potencial energético que pelo teor de potássio –, mas não faz milagre.
As cãibras geram polêmica nas rodas científicas e temor entre os corredores. Os primeiros tentam decifrar o que de fato desencadeia o processo, e os últimos procuram fugir da fatídica fisgada. Enquanto não aparece a fórmula mágica e definitiva contra elas, resta-nos seguir à risca o acordado com o treinador e o nutricionista esportivo e ter consciência dos nossos limites.