Os sintomas mais comuns da Covid-19 são os mesmos da gripe comum, como febre, tosse e fadiga. Além disso, coriza, dor de cabeça, dor de cabeça, cansaço e falta de ar. Esta última faz parte da vida de todo mundo que começa a praticar atividades físicas, e isso pode trazer algumas dúvidas. Quando a falta de ar é um sintoma de Covid-19?
O que é exatamente “falta de ar” afinal? Em que circunstâncias ela é um sinal de alerta? Em que contexto ela pode ser um sinal de que você está com coronavírus? A partir de quando ela significa que você precisa procurar ajuda médica? Conversamos com a pneumologista Tatiana Galvão, diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e com o pneumologista Roger Pirath Rodrigues, do Hospital Universitário UFSC e Instituto Somed – Florianópolis para responder a estas questões.
O que quer dizer exatamente “falta de ar”?
A falta de ar é caracterizada pelo desconforto ou dificuldade para respirar. O termo médico para falta de ar é dispneia. Tatiana explica que as pessoas descrevem a sensação de diferentes maneiras. “Elas podem usar as palavras ‘respiração curta’, ‘aperto no meu peito’, ‘não tenho ar suficiente’, etc. A dispneia pode ser desconfortável e algumas vezes assustadora”, diz a pneumologista.
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A rotina é a chave para identificar se alguma coisa está errada. “Quando a falta de ar vem do pulmão, que é nossa preocupação agora durante a pandemia de coronavírus, o paciente sente como um aperto no peito. É como se ele não conseguisse fazer as coisas que ele não fazia antes. Se ele estava acostumado a subir uma escada e para na metade, é um sinal de que ele está com falta de ar ou dispnéia”, explica o pneumologista Roger Pirath Rodrigues. Ou seja, se um treino que semana passada era feito sem dificuldade é interrompido por falta de fôlego, há algo de errado.
Quais as causas da falta de ar?
A Covid-19 é uma doença caracterizada pela ação do coronavírus, causando uma infecção do sistema respiratório que pode causar dispneia. Mas outras condições também podem causar o sintoma: doença pulmonar, doença cardíaca, anemia (baixo número de células vermelhas), baixo condicionamento físico (estar “fora de forma”) e distúrbios emocionais. “A falta de fôlego pode ocorrer subitamente, sem uma razão conhecida, ou acontecer com atividades como estender a cama ou carregar objetos pesados. Algumas pessoas com problemas respiratórios podem sentir falta de ar fazendo atividades normais, como levantar-se da cadeira ou andar até outro cômodo”, explica Tatiana. Isso significa que é preciso observar outros sintomas como febre, tosse e dores para o diagnóstico.
Existe algum exame para avaliar a falta de ar?
“Se você observar, até mesmo em casa, um paciente idoso como seus pais ou avô, conte o número de respirações por minuto. Com a pessoa em repouso e relaxada, conte quantas vezes ela respira por minuto. Ou seja, quantas vezes por minuto ela abre e fecha a caixa torácica. O normal é que haja entre 18 a 20 movimentos por minuto. Acima de 24 movimentos respiratórios por minuto, nos chama a atenção. A pessoa pode estar com alguma alteração. Um corte bom de alteração do funcionamento é o número 30, que indica gravidade”, diz Roger. Pode ser uma pneumonia, seja por coronavírus ou outras causas.
Em caso de suspeita de respiração anormal, busque um médico. No caso de doença pulmonar, pode ser feito o exame de espirometria (sopro em um aparelho para avaliar a capacidade respiratória), que diagnostica as doenças obstrutivas respiratórias (asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica, por exemplo) e restritivas como as fibroses pulmonares. Os exames de imagens (radiografia de tórax e tomografia computadorizada) auxiliam a diagnosticar doenças obstrutivas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, doenças infecciosas, fibrose pulmonar, entre outras.
Em casos de doença cardíaca, podem ser usados o eletrocardiograma, o ecocardiograma teste de esforço, entre outros, para avaliar a falta de ar. No da falta de ar por anemia, são usados os hemogramas e outros exames para detecção do ferro sérico, a depender do tipo de anemia. Descartadas as causas acima, o médico pode solicitar uma avaliação psiquiátrica para verificar se a falta de ar tem fundo emocional.
Se uma pessoa sente falta de ar, deve fazer o teste do coronavírus?
Se o único sintoma for a falta de ar, é provável que a causa seja diversa. Em caso de comprometimento pulmonar por Covid-19, esse sintoma vem junto com tosse seca, dor no corpo e febre, explica Dr. Roger. “Se acompanhada de febre, tosse e ‘sensação de desmaio’, a pessoa deverá ser avaliada por um médico, que decidirá sobre a necessidade de detecção do coronavírus pelo método de PCR, realizar radiografia de tórax e tomografia computadorizada de tórax complementar e também”, explica Tatiana. Mas quem decide isso é o médico, após avaliar o quadro clínico geral. Se você voltar de um treino puxado e teve falta de ar durante o treino ou depois, o desconforto pode estar associado à falta de treino ou até mesmo a questões emocionais pelo estresse que a pandemia está causando na população.
É importante lembrar que tanto a falta de ar quando os demais sintomas de infecção respiratória podem ter múltiplas causas, desde a gripe comum a outros vírus e bactérias. Só com um diagnóstico diferencial é possível fazer um encaminhamento adequado.