Es ist mein bruder!


Greg Child* Investiga

EM 17 DE JULHO DE 2005, DURANTE UMA ANORMAL ONDA DE CALOR QUE SE ABATEU SOBRE A PORÇÃO OCIDENTAL DO HIMALAIA, NO PAQUISTÃO, O NANGA PARBAT, UM PICO DE 8.126 METROS DE ALTURA, DEVOLVEU SEUS MORTOS, ESPALHANDO-OS PELA GELEIRA DIAMIR, UMA EXTENSÃO DE 31 QUILÔMETROS QUADRADOS DE GELO MÓVEL QUE FICA MAIS DE 3.657 METROS ABAIXO DO TOPO. AO LONGO DAS DÉCADAS, A GELEIRA HAVIA SE TORNADO UM CEMITÉRIO PARA PELO MENOS uma dúzia de alpinistas que morreram na face Diamir, a perigosa parede ocidental da nona montanha mais alta do mundo. O primeiro de dois corpos parcialmente intactos foi encontrado no início daquele dia, quando guias paquistaneses e alpinistas espanhóis que passavam pela geleira toparam com um corpo despedaçado e ressecado. Os ossos das pernas estavam embrulhados em calças de cores vivas; em um dos pés esqueléticos havia uma bota de plástico da marca Koflach, desbotada pelo sol. A julgar pela roupa, os guias acharam que o corpo pertencia a um explorador coreano que desapareceu em 1993.

Depois, três guias paquistaneses fizeram outra descoberta mórbida: um corpo sem cabeça, consistindo de uma caixa torácica, um pedaço de coluna vertebral, omoplatas, tufos de cabelo e farrapos de roupa. Os restos estavam espalhados próximo ao sopé de um penhasco de gelo que escorria água recém-derretida. A princípio, os guias Abdul Mateen, Faz al-Haq e Abdul Manan acharam que o corpo pertencia a um dos muitos homens que se perderam no flanco ocidental em anos recentes. Mas, quando uma bota de couro com um pé com meias de lã surgiu em meio aos pedregulhos, eles perceberam que provavelmente haviam se deparado com uma tragédia mais antiga, uma vez que calçados de plástico haviam substituído os de couro após 1980.

Aquele, perceberam, poderia ser o corpo de Günther Messner, o irmão mais novo de Reinhold Messner — o alpinista tirolês de 61 anos amplamente conhecido como o maior montanhista da história — e de longe o desaparecido mais famoso de Nanga Parbat. Günther, de 24 anos, havia sumido em junho de 1970, quando ele e Reinhold — na época com 25 anos — fizeram uma ousada primeira escalada no flanco sul do pico pela face Rupal, de 4.499 metros de altura, um dos maiores paredões alpinos do planeta.

O feito foi um estrondoso sucesso para os dois jovens alpinistas em sua primeira expedição ao Himalaia, mas somente Reinhold sobreviveu para contar a história. Conforme ele descreveu depois, Günther sentiu-se mal por causa da altitude após terem galgado o topo, em 27 de junho, e estava fraco demais para voltar pela íngreme rota por onde haviam subido, principalmente porque não tinham cordas. A dupla descansou em um acampamento em temperaturas abaixo de zero e no dia seguinte, num episódio muito discutido, Reinhold gritou para outros alpinistas ao longe, mas não quis ou não conseguiu falar das dificuldades de Günther. Os irmãos então decidiram que a única chance de sobreviverem era tentar descer pela face Diamir, desconhecida para eles, mas menos íngreme. Se tivessem sucesso, realizariam outro feito no processo: a primeira travessia completa do Nanga Parbat.

Segundo Reinhold, próximo ao fim da descida, ele se adiantou cerca de uma hora à frente de seu irmão, acreditando que o pior já havia ficado para trás. Então, fora de sua visão — em uma área próxima do sopé da face Diamir — Günther desapareceu no que Reinhold supôs ter sido uma avalanche. Ele não conseguiu achar qualquer pista de Günther. Tomado pelo pesar, Reinhold vagou em choque pelos dois dias seguintes antes de finalmente conseguir chegar ao vale Diamir.

Após a tragédia, os danos ao corpo e à alma de Reinhold foram imensos. Ele perdeu sete dedos do pé e a ponta de vários dedos da mão por causa do frio. Pior ainda, ele havia perdido seu irmão e o parceiro de escalada a quem certa vez se referiu como seu “cúmplice” na vida. “Günther!”, gritava sem cessar enquanto procurava por ele em Nanga Parbat. “Era o grito angustiado de um animal perdido”, escreveu depois. “Eu havia sofrido. Eu havia me machucado seriamente com as ulcerações causadas pelo frio. Eu havia morrido”.

SE A HISTÓRIA ACABASSE AÍ, a possível descoberta do corpo de Günther poderia não ter atraído tanta atenção. Mas a saga dos Messner em Nanga Parbat sempre foi muito mais que uma história de sobrevivência. É também um mistério sem solução e a causa de um amargo conflito entre Reinhold e vários de seus companheiros na expedição alemã/austríaca de 18 pessoas que havia viajado ao Paquistão para escalar a montanha.

Meses após o fim da viagem, a tensão entre Reinhold e o líder da expedição, Karl Maria Herrligkoffer, alimentada pelas versões conflitantes sobre o que realmente havia acontecido a Günther, havia se transformado em uma série de processos litigiosos. Reinhold acusou Herrligkoffer de homicídio culposo e “omissão de socorro” na morte de seu irmão, e este o acusou de calúnia e difamação. A resolução dos processos não resolveu o rancor por trás de tudo e, após um período de calma superficial, a rixa se reiniciou em 2001, quando Reinhold criticou asperamente seus antigos companheiros em público, dizendo que não haviam se incomodado em procurar seu irmão desaparecido e que não haviam prestado ajuda durante uma emergência. Para um alpinista, cuja lealdade para com seus companheiros deve supostamente estar acima de tudo, esse é o pior insulto concebível.

Nos meses seguintes, Reinhold continuou com seus ataques na mídia alemã e no livro The Naked Mountain (“A Montanha Nua”), seu livro de 2002 sobre o Nanga Parbat. Irritados com essa afronta, quatro membros da expedição de 1970 — Hans Saler, Gerhard Baur, Jürgen Winkler e Max von Kienlin — se apresentaram para contar suas próprias versões, pondo fim a 30 anos de silêncio. Von Kienlin e Saler teorizam que Reinhold se separou de Günther próximo ao topo com o objetivo de ir atrás de uma ambiciosa e premeditada travessia solitária. Baur disse a repórteres que Reinhold havia até discutido o plano de antemão no acampamento-base. The Naked Mountain, disseram os membros da expedição, é a tentativa revisionista de Reinhold de rebater sua própria culpa.

E a coisa piorou ainda mais. Em 2003, o explosivo livro de Saler, Between Light and Shadow: The Messner Tragedy on Nanga Parbat (“Entre a Luz e a Sombra: A Tragédia de Messner no Nanga Parbat”) oferecia diversas teorias alternativas sobre como Günther pode ter morrido — nenhuma delas compatível com o relato de Reinhold. No mesmo ano, von Kienlin publicou seu próprio ataque, The Traverse: Günther Messner’s Death on Nanga Parbat — Expedition Members Break Their Silence (“A Travessia: A Morte de Günther Messner em Nanga Parbat — Membros da Expedição Quebram o Silêncio”).

Tanto Saler, agora um guia de montanha de 58 anos em Pucón, Chile, como Von Kienlin, um barão de 71 anos que mora em Munique, especulam que a travessia histórica de Reinhold não foi uma tentativa desesperada de salvar seu irmão, e que Günther nunca o acompanhou na descida da geleira Diamir. Em vez disso, eles supõem que Reinhold se separou do irmão próximo do topo e fez a descida da face Diamir sozinho, enquanto Günther voltou para sua rota de subida. “Por trás da história de Reinhold existe uma grande mentira”, Saler me disse em 2003. Os membros da expedição falaram, acrescentou Von Kienlin, “para defender a honra dos colegas que não podem mais se defender”, uma vez que pelo menos 6 dos 18 membros originais já haviam morrido.

Com o tempo, a controvérsia se tornou a maior briga na história do alpinismo moderno — uma rixa de sangue que já gerou mais de uma dúzia de processos legais, incontáveis ataques e contra-ataques e inúmeras tentativas de Reinhold para encontrar Günther e inocentar a si mesmo. “Pode levar 10 anos, pode levar 30 anos, mas preciso encontrar o corpo de Günther”, ele me disse em 2003, quando já havia feito várias viagens a Nanga Parbat para fazer varreduras no local. “Não há outro jeito de salvar minha reputação”.

EM JULHO DE 2005, COM A AJUDA dos três guias paquistaneses, o momento de redenção de Reinhold parecia ter chegado: eles disseram ter encontrado o esqueleto a cerca de 4.300 metros de altitude, uma hora de escalada acima do acampamento-base em Diamir, próximo ao local em que ele acreditava que Günther estaria. Sem perder tempo, os guias fotografaram os ossos, a bota e as roupas, e transmitiram a novidade para Reinhold. Em poucos dias a informação chegou até ele em Schloss Juval, o castelo do século 13 que é seu lar nas montanhas de Tirol Meridional, no norte da Itália. Após ver a foto, ele disse que tinha poucas dúvidas: a bota e a jaqueta pareciam com as de Günther.

Quando isso aconteceu, Reinhold já estava planejando voltar a Nanga Parbat em agosto, para liderar um grupo de trekkers ao redor do maciço de montanhas e visitar uma escola em uma vila que ele estava ajudando a construir. Um repórter free-lancer alemão e um fotógrafo foram convidados a acompanhá-lo. Em 29 de agosto, com seus 14 trekkers e os dois jornalistas ao seu lado, Reinhold chegou ao local onde estavam os restos mortais. “Es ist mein bruder!”, declarou emocionado. Uma bota de couro marrom do tipo Lowa Triple (o nome vem do forro duplo no interior de uma capa grossa), equipamento padrão da excursão de 1970, era a confirmação. E, ainda por cima, havia um detalhe particular: um laço de corda próximo do topo, usado para prender os crampons (aparelho de metal com grandes cravos, para ser acoplado à bota numa escalada em gelo ou neve), combinava com o jeito que Reinhold havia preparado suas botas.

No dia seguinte, o médico do grupo de trekkers, um anestesista de Munique chamado Rudolf Hipp, colheu amostras de tecido para o teste de DNA que Reinhold planejava fazer na Europa. A bota e os ossos do pé foram recolhidos para que Messner os levasse para casa. Então, valendo-se da ousadia que o ajudou a ser a primeira pessoa a escalar os 14 picos acima da marca dos 8.000 metros que existem no mundo — um feito que ele realizou sem tanques de oxigênio — Reinhold tomou uma decisão: cremou os demais restos no acampamento-base da expedição. Fosse aquele corpo realmente de Günther ou de outra pessoa, a maior parte dele agora já não mais existia. Ele então lançou as cinzas de Günther na montanha. “Quando segurei em minhas mãos os restos mortais do meu irmão, tive uma sensação muito forte, como se fosse a dor fantasma de um amputado”, ele me disse pelo telefone em setembro, depois de seu retorno a Schloss Juval. “Agora tenho provas. Essa história está esclarecida e acabada”.

MAS, POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, A HISTÓRIA NÃO ESTAVA ACABADA, e provavelmente nunca vai estar, já que mistérios costumam resistir a resoluções que apresentam uma única evidência. Embora as declarações de vitória de Messner tenham sido noticiadas por todo o planeta — “ALPINISTA INOCENTEADO DA ACUSAÇÃO DE ABANDONAR SEU IRMÃO”, dizia a manchete de 19 de agosto do The Times de Londres — seus detratores ainda tinham muitas perguntas. “A descoberta do corpo de Günther não prova nada além do fato de que ele morreu em algum lugar da face Diamir”, Saler disse quando telefonei para ele no Chile. “Ainda não sabemos nada sobre como Günther morreu”.

Os críticos ficaram indignados com o fato de Reinhold ter suposto que tinha o direito de cremar um corpo não-identificado antes de realizar testes de DNA. Os ossos, argumentaram, podem ter pertencido a qualquer um dos 12 alpinistas que se perderam na face ocidental de Nanga Parbat. Mas acabou que os resultados dos testes de DNA ficaram do lado de Messner. Em 21 de outubro, ele deu uma entrevista coletiva no Instituto de Medicina Legal, em Innsbruck, Áustria, onde o biólogo molecular Walther Parson e outros funcionários do laboratório disseram aos jornalistas que compararam o DNA retirado de um osso do dedo do pé com DNA de Messner e seu irmão mais novo, Hubert. O osso era, “além de qualquer dúvida”, de um irmão Messner. O laboratório concluiu que o osso tinha uma chance 17,8 milhões de vezes maior de ser de Günther do que de não ser.

Ainda assim, isso não pôs fim à disputa. Os membros da expedição não questionaram os testes genéticos. Mas achar o corpo de Günther, reiteraram, não resolvia nada por si só. Günther pode ter morrido em uma queda ocorrida próxima ao topo, ou na parte superior ou intermediária da face Diamir, e não próximo ao sopé, onde Reinhold disse que viu seu irmão pela última vez. Na verdade, Saler insistiu, se Günther tivesse morrido no terço inferior da face, mais ou menos entre os 4.500 metros e os 4.998 metros de altitude — a localização descrita por Messner —, Saler acredita que os restos mortais teriam sido encontrados em um ponto muito abaixo dos 4.300 metros (onde se diz que eles foram encontrados), já que os movimentos glaciais normalmente arrastam corpos 1,5 quilômetro ou mais montanha abaixo em um período de 35 anos.

Seja o que for que tenha acontecido, do ponto de vista de um alpinista, é difícil imaginar porque Reinhold, com Günther passando mal daquele jeito, teria deixado a segurança de uma rota conhecida, cordas fixas, e a iminente chegada de dois companheiros de expedição na face Rupal. “É ilógico”, argumenta Saler. “Se você escalou um prédio alto pelas escadas, e está exausto na cobertura, você não desce pelo lado de fora”.

Mas, nas palavras de Reinhold, seus companheiros foram motivados a “inventar” histórias a seu respeito pela inveja que sentem de seu sucesso. Eles não têm o direito de julgar suas decisões em Nanga Parbat, acrescenta, porque não estavam lá com ele e não fazem idéia pelo que ele estava passando. “Como eles podem saber a verdade?”, ele me perguntou em setembro. Na versão de Messner, ele e Günther acamparam na segunda noite a 6.000 metros de altitude, em uma seção conhecida como Mummery Rib. Na manhã seguinte, 29 de junho — o terceiro dia sem abrigo ou água — Günther só conseguia avançar lentamente. Reinhold se adiantou, passando por uma perigosa região congelada sujeita a avalanches. Ele estava mais de uma hora na frente de Günther quando chegou a um lugar em que fluía água derretida da geleira. Ele se sentou para beber e esperar seu irmão.

Messner diz que, quando Günther não apareceu, ele deu meia-volta. Apesar de passar um dia e uma noite inteiros procurando e chamando, ele só encontrou os restos de uma avalanche. Nos dias que se seguiram, Reinhold seguiu hesitante montanha abaixo até que encontrou alguns moradores locais, que o ajudaram a chegar à estrada. Em 3 de julho, seis dias após ter chegado ao topo, ele encontrou os veículos da expedição, que estavam indo embora, e foi resgatado. A morte de Günther foi o momento “onde tudo acabou e tudo começou”, escreve Messner no The Naked Mountain. Por muitos dias, “eu ainda tinha uma sensação de uma crescente distância, como se tivesse sido abandonado; algum tipo de dissociação. Talvez isso seja porque ninguém pode lidar com, ou mesmo sobreviver, a uma solidão como aquela sem sofrer danos permanentes”.

APÓS A MORTE DE HERRLIGKOFFER, EM 1991, a guerra se aquietou por algum tempo, mas voltou à vida em 4 de outubro de 2001, quando Reinhold foi convidado a falar em uma homenagem pela publicação de uma biografia de seu antigo inimigo, Herrligkoffer. No meio de seu discurso, ele jogou uma bomba. “Eu digo hoje que não voltar ao vale Diamir, naquela época, não foi um erro de Herrligkoffer — foi mais um erro de outros membros da expedição”, anunciou diante das câmeras. “Alguns deles, mais velhos que eu, não se importaram nem um pouco se os dois Messner nunca reaparecessem”, ele disse. “E isso é uma tragédia!”.

A essa altura, Reinhold era uma celebridade que havia se aproveitado de seus feitos para montar um império, transformando-se em uma celebridade da TV, garoto-propaganda de empresas, autor de cerca de 40 livros e membro do Partido Verde no parlamento europeu. Então, quando o ataque de retaliação começou em maio de 2002 — uma carta aberta de Saler condenando Reinhold por “distorcer a verdade” — a troca de golpes se tornou notícia quente, recontada em toda parte, desde jornais alemães até a Internet. “Principalmente você, Reinhold, está em débito com sua equipe por sua absoluta lealdade nos últimos 32 anos”, escreveu Saler. “Tenho certeza que seu irmão teria chegado vivo ao acampamento base se você tivesse pedido ajuda”.

Enquanto isso, em entrevistas coletivas em Islamabad, Paquistão, em 4 de setembro, e em seu castelo em 8 de setembro, Reinhold apresentou a bota como um troféu, alegando ter lhe sido feita justiça, e se referiu a seus companheiros de expedição como schafsköpfe (literalmente, “cabeças-de-ovelha”) que eram “trapaceiros, mentirosos e criminosos miseráveis”. “O que eles fizeram comigo é o mesmo que os alemães fizeram com os judeus — não há diferença alguma!”, ele disse à revista austríaca News ano passado. Quando liguei para ele depois, ainda estava furioso. “Ele cuspiram na minha reputação”, gritou. “Será que a descoberta do corpo de Günther’s porá fim à sua angústia?”, perguntei. “Será que a rixa vai terminar?”.

“Nunca vai acabar”, respondeu ele, com raiva. Então, em um agitado monólogo de 40 minutos, ele esbravejou contra jornalistas por acreditarem nas “mentiras” de seus ex-companheiros e contra a astúcia de von Kienlin. Então porque ele cremou os restos mortais? “Para que ninguém vá até lá e leve os ossos para o outro lado da montanha!”, gritou. “É por isso que cremamos tudo! A energia criminosa é muito forte nessa gente!”. Reinhold estava no meio de seu discurso quando pensei ouvir uma voz chamando ao fundo. “Ah, eu preciso ir agora”, ele disse abruptamente. “Tchau”. Ele soou amigável de repente, e então desligou.

* Greg Child escreveu sobre alpinismo na África do Sul na edição de outubro de 2004.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de março de 2006)