Por Cassio Waki e Osmar Camelo O verão é a estação do ano mais celebrada, e é a cara do Brasil. Três meses de liberdade pura. Férias, praia, viagem, dias mais longos, banho de mar e de rio, pé descalço na areia, frutos do mar na mesa… E você deve estar amando — a gente está também. Dos melhores lugares para se praticar esportes aquáticos ao luau perfeito, viaje em nossas dicas a seguir.
ROLÊS DE VERÃO
Três passeios para estampar na primeira página de seu álbum de férias
DESCIDA DO RIO CARAÍVA (BA)
O rio é bem conhecido, mas poucos têm o privilégio de descer o Caraíva por uma hora e meia. Para chegar no ponto de partida, basta subir a vila e caminhar cerca de 30 minutos rio acima em areia muito quente (impossível andar descalço) até atingir a Prainha. É ali que você vai jogar sua bóia até desembocar no encontro com as águas do mar. Não se preocupe, pois é impossível se perder. Basta deixar a correnteza te levar. O mais importante é se informar sobre o horário da maré vazante, quando as águas do rio vão mais calmamente em direção ao mar.
FOZ DO VELHO CHICO (AL)
É uma baita caminhada, quase uma meia maratona, mas não se preocupe. Se bem planejada, você nem vai sentir os 20 quilômetros que separam a praia de Pontal do Peba, a última ao sul de Alagoas, e a Foz do Rio São Francisco, onde você vê o rio se abrindo num delta com várias ilhotas, o encontro com o mar e o estado de Sergipe ao fundo. O banho de rio é obrigatório! No meio do caminho, praias desertas (não vá sozinho) sempre acompanhadas de dunas e do mar. Tênis, muito protetor solar, comida, água, máquina fotográfica e se informar sobre a maré, são requisitos obrigatórios.
CÂNION FORTALEZA (RS)
É uma cena que vai ficar para sempre em sua mente. A ascensão de 1.100 metros de altitude pode parecer desanimadora, mas a paisagem que o Cânion Fortaleza oferece lá de cima é única no país. Paredões enormes, decorados com muito verde, um tom de neblina com um vento refrescante e, se você tiver o timing certo, aquele alaranjado do nascer do sol. Para chegar lá, você deve partir de Cambará do Sul por uma estrada de terra de 22 quilômetros, ir até o fim e seguir uma trilha aberta até o topo do Fortaleza.
PEDRA QUENTE
O verão não é ideal para a escalada em rocha. Além do superaquecimento da pedra — que desidrata mais e até derrete o solado das sapatilhas — com o calor aumentam as nuvens e a chuva cai pesada, tornando a aventura mais perigosa. Consultamos dois escaladores “profissas”, Augusto Portugal e Vitor Negrete, que indicaram três picos, bons para a prática do esporte o ano todo
SERRA DO CIPÓ (MG)
A escalada é em pedra de calcário e o grau de dificuldade vai do mais fácil ao mais difícil —algumas das vias mais cascas grossas do Brasil são lá. Um “teto” rochoso protege parte da rocha da água da chuva e, consequentemente, dos raios de sol, deixando algumas vias sempre secas e com temperaturas agradáveis.
FALÉSIA DOS OLHOS, PARAISÓPOLIS (MG)
A maioria das vias fica protegida por um grande teto de rocha. O grau de dificuldade é elevado, o que faz o local ser procurado por aqueles que já escalam vias difíceis.
RIO DE JANEIRO (RJ)
É a Meca da escalada em rocha no Brasil. O acesso para as vias é fácil e rápido, mas o grau de dificuldade… As vias de escalada esportiva mais difíceis do Brasil se encontram na cidade maravilhosa
AVENTURA NA SERRA DO MAR
Se jogue de mountain bike nas trilhas de Paranapiacaba, em São Paulo
Nos limites do município de Santo André, no ABC paulista, você pode fazer uma viagem no tempo, de volta ao fim do século 19, quando as ferrovias estavam sendo construídas no Brasil. E, o melhor, de moutain bike. É ali, quase 800 metros acima do nível do mar, que está localizada Paranapiacaba (do tupi, lugar de onde se avista o mar), pequeno conjunto habitacional construído pelos ingleses encarregados da construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Por abrigar uma área de preservação ambiental – o Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba – é necessário obter autorização para acessar algumas trilhas da vila. Uma delas leva ao mirante em cima da serra, de onde, em dias claros, é possível avistar parte da baixada santista. Para informações e autorização para a utilização de trilhas restritas, você deve entrar em contato com a gerência de Turismo da Subprefeitura de Paranapiacaba, pelo telefones (11) 4433 0410 e 4433 0007 ou pelo e-mail paranapi@santoandre.sp.gov.br.
No entanto, a trilha mais usada para a prática de mountain bike, a estrada do Taquaruçu, que atravessa Paranapiacaba e segue para Mogi das Cruzes, é de livre acesso. Para Mário Roma, português que já disputou algumas das maiores provas de mountain bike do mundo, como a Transalp, na Europa, e a Cape Epic, na África do Sul, a vila pode oferecer prazeres inesquecíveis para quem quer curtir um passeio de bicicleta. “O que eu mais gosto nela é a sua estrutura e o visual da serra”, afirma. De fato, a vila tem dezenas de pousadas, que funcionam nas antigas casas de madeira pintadas de vermelho escuro, onde moravam os trabalhadores ferroviários, administradas pelos próprios moradores, no sistema bed and breakfast, ou seja, são oferecidos aos hóspedes dormitório e café da manhã. “Além disso, existem pistas para todos os níveis de praticantes”, conclui Roma.
O LUAU PERFEITO
Entre uma balada e outra vale a pena juntar a galera e fazer um luau na praia, só para relaxar. Siga as dicas para montar um belo esquema e se divertir bastante na areia
Comece fazendo uma fogueira. Parece óbvio, mas o primeiro passo (e um dos mais importantes) é produzir fogo. Para isso, use musgo, folhas ou capim secos, cascas de árvore ou um bloco de parafina. Só então jogue uns gravetos por cima. Vá adicionando pedaços de madeira um pouco maiores, do tamanho de seu dedo. Quando sentir que as chamas já estão ardendo com firmeza, coloque pedaços grandes de madeira. Se o seu objetivo é só clarear o ambiente, bastam madeiras leves, como as de pinheiro. Mas você pode ir além e preparar um jantar. Não dá muito trabalho, e nós temos uma receita de peixe que vai fazer você pensar duas vezes antes de parar por aí.
As madeiras leves queimam rápido, soltam faíscas e viram cinzas. Para cozinhar, o ideal é usar lenha, madeiras de lei densas, como carvalho e nogueira, que você pode encontrar em madeireiras. Elas queimam devagar e deixam brasas. Assim, a comida cozinha lenta e uniformemente. Em caso de peixes grandes – como pescada, corvina e anchova –, corte ideal são postas de mais ou menos três dedos de espessura. Se você optar por peixes pequenos, como sardinha, eles podem ser feitos inteiros. Tempere o peixe com três dentes de alho socados ou picados, duas colheres de sopa de salsinha e cebolinha picadas, quatro colheres de sopa de azeite de oliva, suco de um limão, sal e pimenta do reino a gosto. Separe as abas de uma folha de bananeira grande. Com as duas abas das folhas, enrole as postas de peixe, uma a uma. Desfie o talo e faça cordões para prender as trouxinhas. Coloque-as diretamente na brasa ou numa grelha, a cerca de 30 centímetros do fogo. Leva cerca de meia hora para ficar pronto.
Para finalizar, não podem faltar umas tochas. Você pode comprá-las prontas em hipermercados, mas se quiser fabricar sua própria, utilizes pedaços de bambu de aproximadamente um metro e meio, fazendo cortes transversais de dois centímetros de largura e 30 centímetros de comprimento numa das pontas. Para o tocheiro, acondicione no vão uma lata de alumínio com óleo de citronela (a famosa erva-cidreira ou capim-limão), com um pavio de corda. Para dar firmeza ao tocheiro, utilize cordões de linho verde escuro, simulando cipós. Além da luminosidade, o ambiente ficará agradavelmente aromatizado.
ÁGUA BRAVA
Que tal descer dos mirantes e apreciar de dentro do rio as cataratas do Iguaçu? Essa é uma bela dica para quem quiser praticar rafting neste verão e uma oportunidade diferente de conhecer o Parque Nacional do Iguaçu, Patrimônio Natural da Humanidade e maior unidade de conservação brasileira de Mata Atlântica. As corredeiras do rio Iguaçu são de nível de dificuldade 3+ (médio), numa escala que vai de 1 a 6
O roteiro começa num percurso de trilhas no Parque Nacional do Iguaçu até o salto do Macuco, uma queda d’água com 20 metros de altura, que forma uma piscina natural. Os primeiros três quilômetros são percorridos em jipes elétricos. Em seguida, uma caminhada de 600 metros até o salto, em meio à selva. Chegando no rio Iguaçu, os barcos percorrem os cânions e sobem as corredeiras até as cataratas, onde fazem uma parada para mergulho. Só então os turistas embarcam em botes infláveis para descer as corredeiras, e é aí que a adrenalina sobe pra valer. Tudo começa na Ilha de San Martin, seguindo quatro quilômetros e meio rio abaixo, durante 30 minutos, até o cais de embarque do Macuco Safári (www.macucosafari.com.br).
Se você prefere fazer só o rafting mesmo, escolha a Cânion Iguaçu (www.campodedesafios.com.br). Eles promovem uma descida de bote pelo rio ao longo de quatro quilômetros, sendo um de corredeiras e três de águas calmas, onde é possível nadar. A aventura completa leva duas horas, incluindo caminhada e instruções. A idade mínima para a prática de rafting é de 14 anos. Para menores de idade (entre 14 e 17 anos), é necessário autorização formal de pais, irmãos maiores de 21 anos ou responsável legal.
PÉ NA AREIA
Cinco dicas de pousadas e hotéis na orla brasileira
Hotel Sambaqui – Juréia (SP)
O que mais atrai nessa acolhedora pousada da Juréia de São Sebastião, um oásis de tranqüilidade a 145 quilômetros de São Paulo, é o jeitão de aconchegante casa de praia. Por anos a pousada liderou o ranking do Guia Quatro Rodas e hoje está entre as quatro melhores de São Sebastião. Com apenas 16 apartamentos e a 100 metros do mar, a pousada foi construída com madeira de ipê e muito vidro, a pousada tem decoração bem cuidada. O restaurante, ao lado da piscina, oferece um café da manhã de primeira: pães, bolos e geléias feitos lá mesmo, coalhada fresquinha, sucos e frutas. Além da infra-estrutura básica de qualquer hotel de praia de qualidade (piscina, cascata, sauna, serviço de praia etc.), o Sambaqui tem um espaço zen, construído em uma parte do mezanino. Lá, os hóspedes recebem massagens, meditam, fazem ioga e relaxamento. A diária custa R$ 266, com café e almoço. Tel.: (12) 3867 1291.
Brisas de Maracaípe – Ipojuca (PE)
Localizada entre a linda praia de Porto de Galinhas, com suas piscinas naturais e palmeiras à beira-mar, e o Pontal de Maracaípe, onde o rio de mesmo nome encontra o mar, a pousada é margeada pela exuberância dos manguezais típicos da paisagem pernambucana, habitados por diversas espécies de caranguejos (aratus, xiés e guaiamuns), pássaros e cavalos-marinhos. Oferece 10 suítes de 40 m2, com varandas de frente para o mar, ar-condicionado, frigobar, TV e internet wi-fi. As praias da região são ideais para a prática de kite e windsurf. Diárias de até R$ 160. Av. Beira Mar, s/no, praia de Maracaípe, Ipojuca. Tels.: (81) 3552 1816 ou 8832 0220.
San Fernando Praia Hotel – São Luís (MA)
Pousada bem urbana, de frente para a praia do Calhau, pertinho do Centro Histórico de São Luís, com seus casarões cobertos por azulejos de estilos português e francês, igrejas, museus e prédios históricos. A San Fernando tem suítes com ar-condicionado, frigobar, TV a cabo, terminal para notebooks e estacionamento próprio. Os preços variam entre R$ 60 (individual) e R$ 110 (tripla). A diária da suíte master custa R$ 140. Av. Litorânea, nº 750, praia do Calhau, São Luís, MA. Tels.: (98) 3233 6520 e 3233 6567.
Hostel Zorro – Ilha do Mel (PR)
Diferenciado, o Zorro é um albergue, ideal para quem vai viajar em grupo. As suítes, com TV via satélite e frigobar, têm capacidade para até seis pessoas, mas existem quartos para casais. O café da manhã está incluído na diária e oferece frutas, sucos, bolos, frios, pães e doces. Além das atrações da ilha, como a Gruta das Encantadas, o Farol das Conchas e a Fortaleza, é possível fazer passeios de barco e vôos de asa delta. Os preços das diárias, diferenciados para sócios do Hostelling Internacional, para quartos coletivos e para casais, variam entre R$ 18 e R$ 70. Praia de Encantadas, Ilha do Mel, PR. Tels.: (41) 3426 9052 e 9959 6820.
Refúgio do Corsário – Ubatuba (SP)
A cerca de 28 quilômetros do centro de Ubatuba, na praia da Fortaleza, fica o Refúgio do Corsário, pousada luxuosa, numa das localidades mais bem cotadas do litoral norte paulista. O refúgio oferece duas opções de estadia: os chalés “Sobre as Ondas”, com acomodações à beira-mar, e os apartamentos “Mata Atlântica”, mais reservados. As opções de lazer vão desde piscina, salão de jogos e academia, a serviços que podem ser contratados a parte, como locação de embarcações para pesca e diversão, vôos panorâmicos, passeios de escuna, mergulho diário e noturno e trilhas pela Mata Atlântica, com diversos graus de dificuldade. As diárias podem chegar a R$ 300 para casal, mas existem pacotes específicos para Natal e reveillon, com café da manhã e ceia incluídos. Trilha do Corsário, 10, praia de Fortaleza, Ubatuba. Tels.: 0800 772 5383 e (12) 3848 9229.
Pier 7400 – Angra dos Reis (RJ)
Esta pousada, numa das regiões mais badaladas do verão brasileiro, oferece apartamentos com ar-condicionado e TV, de frente para um mar de águas calmas e cristalinas, ideais para a prática de mergulho. Como diz o nome, disponibiliza um pier privativo, com restaurante, bar e aluguel de lanchas e escunas. Diárias de até R$ 150 para casal. Estrada da Ponta Leste, 7400, Angra dos Reis, RJ. Tels.: (21) 2262 4650 e 2533 2317.
TEM QUE TER
Não importa a idade, todo o mundo tem sempre um brinquedinho em casa. A Go Outside selecionou quatro acessórios necessários pra você se esbaldar no calorzão
COMO UMA ONDA
Se você não tem a manha de ficar em pé numa prancha de surf, mas adora pegar uns jacarés, essa pranchinha da Wöllner (www.wollner.com.br) vai te ajudar a deslizar nas ondas com mais estilo. Custa R$ 250.
E O VENTO LEVOU
A Gzero (www.gzero.com.br) traz um brinquedinho novo, o kitewind. Uma asa de 5 metros de envergadura com um skate estilizado para você criar manobras de acordo como o vento. Preço sob consulta.
PUXADINHO
Para dar aquele rolê sem compromisso até a praia ou a praça mais próxima, o CR2 Cosmic Series é o bicho. Skate long board da Sector Nine, uma das melhores fabricantes do mundo, sai por R$ 700 na Plimax, tel.: (11) 3251 0633.
DESLIZE
A prancha oceânica da Caiaques Opium (www.caiaquesopium.com.br) é ideal para lazer e pequenas expedições em represas, rios ou mar. O modelo é “sit-on-top” e o leme é controlado com os pés. Preço sugerido: R$ 2.480.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de dezembro de 2005)
Fotos por Rafael Assef