Estar em situações extremas na natureza ou mesmo na cidade faz nosso cérebro entrar em modo de sobrevivência e buscar as melhores formas de sair vivo, ainda que com muitos danos.Conheça dez histórias de pessoas que sobreviveram à morte quando isso parecia muito improvável.
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A AMEAÇA VEM DO CÉU
Pânico nas escadarias
Numa terça-feira qualquer, por volta das 8h45 da manhã, o brasileiro Anthony Ross, 38 anos, funcionário do Fuji Bank, terminou seus relatórios sobre o comportamento das moedas asiáticas e europeias e se levantou para ir ao banheiro. No caminho até o toalete, Anthony escutou o barulho de uma explosão que o derrubou no chão. O edifício onde trabalhava no 50º andar se inclina repentinamente e não volta à posição normal.
Confuso, Anthony foi até a janela e viu papéis, metais e fogo vindo dos andares superiores. Junto com centenas de outros funcionários do prédio, começou a descer calmamente as escadas. No 35º andar, ouviu de outros funcionários que o prédio havia sido atingido por uma aeronave. Imaginou que tivesse sido um dos helicópteros que viviam circulando por ali.
Continuou descendo. Dez andares abaixo, ouviu um estrondo mais baixo e o prédio chacoalhou um pouco.Alguns lances de escada depois, precisou encostar para dar passagem a bombeiros e policiais desesperados.
Foi aí que Tony se preocupou de verdade e apertou o passo. Quando chegou na rua, uma cena de filme: tudo em volta em chamas, pedaços enormes de concreto e do que ele imaginava ser restos de uma aeronave estavam espalhados pelo caminho. Enquanto tentava contato pelo celular com sua esposa, Noreen, ele começou a procurar pelos colegas do escritório.
Quando se aproximou do edifício novamente, ouviu um barulho semelhante ao de um papel sendo enrolado. Olhou para cima e viu que a parte superior do edifício estava se inclinando. Ia cair. Tony correu na direção contrária e foi engolido por uma densa nuvem de poeira. Com o rosto coberto pela camisa, sem enxergar nada, ele foi tateando e se afastando do local.
Quando recuperou a visibilidade e enxergou o que estava acontecendo à sua volta, Tony percebeu que os 28 minutos gastos para sair do edifício o transformaram no único brasileiro sobrevivente ao maior atentado terrorista da história, dia 11 de setembro de 2001, no World Trade Center, em Nova York.
PARA O ALTO E… AVALANCHE
Dois alpinistas voltam vivos do fim do mundo
Em 2002, Rodrigo Raineri e Vitor Negrete partiram para o Aconcágua para um feito inédito para o alpinismo brasileiro: chegar ao cume da maior montanha do mundo fora dos Himalaias, pela face sul (a mais difícil).
Depois de alguns dias de clima ruim, a dupla decidiu sair do Glaciar Superior, a 6.100 metros, e ir para o cume da montanha, a 6.962 metros, numa pernada só, pela rota Variante Mestre, um misto de escalada em rocha e gelo.
No caminho, um baque: eles se depararam com os corpos de dois brasileiros (dos três que morreram tentando o cume em 1998) presos por uma corda, pendurados na parede da montanha. A nevasca piorou e Vitor, debilitado, ficou na dúvida se deveriam continuar. Mas a melhor opção era chegar ao cume para depois descer pela rota normal, a mais fácil, e os dois seguiram em frente.
A neve fofa que ia se acumulando na rampa se soltava e os atingia em pequenas avalanches. De repente, uma avalanche mais forte arrastou Vitor. Rodrigo conseguiu segurá-lo pela corda que os unia.
Quando chegaram a 6.700 metros, já eram 22h30 e ainda nevava muito. Os dois cavaram uma pequena plataforma no gelo para passar a noite. A temperatura era de 40 graus negativos e nenhum dos dois sabia se conseguiriam sobreviver.
Nasceu o dia e Rodrigo e Vitor continuaram os 262 metros até o cume – um percurso que geralmente é feito em três horas, mas que, com a neve fofa, levou um dia inteiro. Eram 21h30 quando os dois chegaram ao topo, exaustos.
A dupla começou a descer ainda à noite, no meio de uma tempestade de neve, para tentar chegar ao refúgio de Berlim, a 6.000 metros. Eles estavam sem comida e sem o combustível para derreter gelo e fazer água.
Mas o vento forte e a falta de visibilidade não deixaram que eles achassem o refúgio, e os dois tiveram que dormir mais uma noite na montanha, desta vez enrolados numa barraca desmontada. No dia seguinte, com dedos dos pés e das mãos congelados, eles chegaram ao Berlim, onde encontraram o primeiro ser humano depois de oito dias de sufoco.
Comeram, beberam, descansaram e seguiram para o acampamento base, em busca de atendimento médico. Rodrigo, com congelamentos mais graves nos dedos dos pés, teve de ser resgatado por helicóptero.
Em 2006, Vitor Negrete não teve a mesma sorte. Morreu na descida do Everest, após uma ascensão sem oxigênio suplementar.
UMA PERNA EM QUE SE APOIAR
Amputação: uma decisão dividida
Em 06 de outubro de 1993, William Jeracki, um anestesista de 38 anos de Conifer, Colorado, estava pescando sozinho num pequeno córrego perto do glaciar St. Mary’s, nas redondezas de Denver, quando acidentalmente moveu uma grande rocha, que caiu em cima de sua perna esquerda, esmagando-a.
Jeracki sabia que uma nevasca estava prevista para aquela noite, mas não havia avisado ninguém onde estava indo. Agora, usando somente roupas leves, ele não acreditava que conseguiria sobreviver à noite.
Ele tinha que fazer uma escolha: amputar sua perna ou esperar ajuda e se arriscar a morrer de frio. Depois de três horas, ele tirou sua pequena faca de sua caixa de pescaria, amarrou a perna com uma linha de pesca e começou a serrar sua carne na altura do joelho.
Ele cortou através de tendões, nervos e ligamento até que seu fêmur se separou da articulação do joelho. Uma vez livre, ele rastejou até o carro, deu um jeito de dirigir um quilômetro até Alice–St. Mary’s, onde foi levado de helicóptero para o Hospital da Universidade do Colorado.
Uma equipe de buscas recuperou a parte da perna que havia sido cortada, mas os cirurgiões não conseguiram implantá-la. Hoje, Jeracki, que usa uma prótese no lugar da perna, se recusa a ser entrevistado sobre o acidente, que teve um profundo impacto no rumo de sua vida.
Ele voltou à faculdade para se tornar um especialista em próteses.
Depois de escapar, Jeracki disse à Associated Press: “Nunca vou saber se foi a melhor decisão. Mas estou aqui. Sinto-me um sortudo por estar vivo”.
PELOS ARES E PELA SELVA
Só ela sobreviveu à queda do avião
Na noite de Natal de 1971, a adolescente alemã Juliane Koepcke sentou-se ao lado de sua mãe, na poltrona à janela de um Lockheed Electra. Ela havia acabado de se formar no colégio em Lima, Peru, e estava a caminho de Pucallpa, onde iriam se encontrar com seu pai, o biologista Hans Koepcke.
Mas o avião nunca chegou ao destino. O Electra encontrou uma tempestade monstruosa e quando a garota de 17 anos olhou pela janela, viu a asa direita em chamas. Ela voltou-se para sua mãe, que disse: “Isto é o fim de tudo”.
A última coisa de que Juliane se lembra é de sentir seu corpo rodopiando no ar, em queda livre. Ela recobrou a consciência três horas depois, ainda presa em sua poltrona, em plena Amazônia. Milagrosamente, ela só havia fraturado a clavícula, cortado o braço direito e perdido a visão de um olho.
Juliane começou a procurar pela mãe, mas tudo o que encontrou foram poltronas vazias e uma fileira de três corpos de jovens mulheres, já cobertos de moscas.Das 92 pessoas que estavam a bordo do avião, ela era a única sobrevivente.
Apesar de estar em estado de choque, ela lembrou-se do ensinamento de seu pai: ir para baixo na selva leva à água, e água leva à civilização. Koepcke abriu caminho pela mata, freqüentemente ouvindo os aviões de busca sobrevoarem a área, mas sem ter como sinalizar para eles.
No décimo dia, ela deparou-se com uma cabana de caçador abastecida com sal e querosene, que Koepcke usou para livrar-se dos vermes que haviam se incrustado em sua pele. No dia seguinte, um grupo de caçadores peruanos chegou. Eles levaram Juliane para a cidade de Tournavista, onde um piloto local a levou até seu pai em Pucallpa.
“Ela estava no meio da selva amazônica”, diz Herb Golder, que em 1998 revisitou o Peru com Juliane – hoje uma zoologista de 51 anos de idade que mora na Alemanha – enquanto trabalhava como assistente de direção no filme “Wings of Hope”, um documentário de Werner Herzog sobre a experiência de Juliane. “E esta menina de 17 anos vestindo uma saia rasgada e uma sandália sai viva”.
RODA GIGANTE
Oito metros de onda na cabeça
O dia 3 de janeiro de 2003 tinha tudo para ser um dia perfeito de treino para a dupla de big riders formada pelos pernambucanos Carlos Burle e Eraldo Gueiros. No outside cabuloso de Peahi (Jaws), no Havaí, os brasileiros dividiam as ondas com mais duas duplas. Com o equipamento funcionando bem, boas ondas, tempo estável e o entrosamento habitual, veio o excesso de confiança seguido de um vacilo que quase custou a vida de Burle.
Eraldo o posicionou na primeira onda da série, que não estava tão grande: “Estava muito confiante, achei que a onda ia fechar e displicentemente saí dela no meio do caminho”, lembra Burle, que se viu no pior lugar que qualquer surfista do mundo poderia estar: na zona de impacto de uma das ondas mais poderosas do planeta.
Burle olhou para trás e deu de cara com uma “montanha” de aproximadamente oito metros vindo em sua direção. Remou feito louco para tentar passá-la antes do estouro. Quando viu que não conseguiria, largou a prancha e, impossibilitado de afundar pelo colete salva-vida, não teve alternativa a não ser absorver o impacto de um turbilhão monstruoso de água.
Burle rodou com a crista da onda e se espatifou na água. “Na época a gente tinha uma abordagem de relaxar o corpo para preservar o ar no pulmão, só que a onda era tão grande que me torceu inteiro”. Burle ainda tomou a segunda onda na cabeça, já com fissuras na lombar, no sacro e na cabeça do fêmur esquerdo. “Tentei me proteger, mas não tinha mais forças e estava com muita dor nas pernas e nas costas”.
Enquanto chacoalhava sem parar numa máquina de lavar gigante, muitos pensamentos ruins passaram por sua cabeça. “Na hora já senti que tinha sido grave. Não conseguia me mexer, a dor era grande e a dúvida maior ainda. Não sabia se voltaria a surfar”. Minutos depois, Burle voltou à superfície e foi resgatado por Eraldo Gueiros.
Ele ficou quatro meses em recuperação, sem surfar, para depois voltar à ativa.
TEMPESTADE NO DESERTO
O calor do Saara não conseguiu matar aquele policial
“Tudo o que eu conseguia pensar era que teria uma morte horrível”, disse Mauro Prosperi, um maratonista e pentatleta italiano, numa entrevista depois de ter ficado perdido no deserto do Saara por dez dias. “Eu havia ouvido dizer que morrer de sede era a pior maneira de morrer”.
Em abril de 1994, o policial siciliano de 39 anos se inscreveu na Maratona des Sables, uma corrida de 250 km em sete dias pelo Saara. Prosperi estava em sétimo lugar quando um vendaval se formou e violentas nuvens de areia esconderam o percurso.
Ele amarrou uma toalha em volta do rosto e seguiu em frente, tentando manter sua posição, até que foi forçado a se abrigar embaixo de um arbusto. Quando o vento cessou, não havia sinal do percurso da corrida.
Com temperaturas acima dos 40 ℃, Prosperi estava perdido, e tinha somente alguns goles de água restantes em sua garrafa. Três dias depois, o corredor avistou uma pequena capela muçulmana e amarrou sua bandeira italiana na ponta de uma das varetas da barraca que carregava.
Quase morto de sede, ele capturou dois pequenos morcegos, quebrou seus pescoços e bebeu o sangue. Convencido de que não sobreviveria a outro dia sem água, Prosperi usou um pedaço de carvão para escrever um bilhete para sua esposa e então cortou os pulsos – mas seu sangue estava tão grosso que não fluía mais.
Desesperado, ele saiu pelo deserto em direção a uma cadeia de montanhas a 32 km de distância. Cinco dias depois, ele encontrou um grupo de nômades tuaregues, que o levaram de camelo para uma vila próxima.
Prosperi havia andado até a Argélia – 210 km a oeste do percurso da corrida –, perdido 14 quilos e danificado severamente seu fígado. Desde então ele voltou para competir na Marathon des Sables mais seis vezes.
VIDA DE CÃO
Um labrador supera ondas de 25 pés e temperaturas abaixo de zero
Em 22 de janeiro de 2004, Greg Clark, um criador de cães de 48 anos, estava a caminha da vila de Craig, no sudeste do Alasca, em seu barco de 32 pés, Katrina, para entregar um filhote de labrador de dois meses. Como sempre, Brick, o labrador preto de oito anos de Clark, ia junto.
Às 12:23, Clark enviou um chamado de SOS, dizendo que havia batido em rochas perto da ilha Heceta. Mas quando o socorro chegou, o barco havia desaparecido. Por três dias, equipes de resgate vasculharam a área em busca de sinais de Clark e seus cachorros, achando somente um kit de sobrevivência intacto e pedaços do barco.
Um mês depois, em 19 de fevereiro, o pescador local Kevin Dau estava com seu pai nas imediações da ilha Heceta quando acharam que tinham avistado um lobo na margem.
Kevin, amigo de Clark, olhou melhor e soube que era Brick. Ele chamou o cachorro, e Brick nadou tão rápido para o barco “que uma onda se formava atrás dele”, Kevin contou a um jornal na época.
O pelo de Brick estava manchado, ele estava magro e sua pata estava machucada, mas além disso ele estava em boas condições. Os locais, impressionados, especulavam como o cachorro teria conseguido sobreviver. Ele teria comido esquilos? Achou um rio que não estava congelado? Dormiu sob os arbustos para se aquecer nas temperaturas abaixo de zero?
Ninguém sabe as respostas exceto Brick, que agora está a salvo num novo lar. “Eu acho que é uma mensagem de Greg, dizendo sei lá o que” disse John Pugh, um amigo de Clark, a um repórter. “Eu não entendo, mas é um milagre, isso é certo”.
CALOR ASSASSINO
Vulcão espalha terror e morte
Quando o Monte St. Helen entrou em erupção às 8:32 da manhã de 18 de maio de 1980, Bruce Nelson e Sue Ruff, ambos de 22, estavam acampando com quatro amigos às margens do Green River – 22 km a norte do vulcão, uma distância presumivelmente segura –, comendo marshmallows no café da manhã.
Mas a fúria do St. Helen não poupou nada a seu alcance e em poucos minutos da erupção praticamente toda árvore num raio de 24 quilômetros havia sido arrancada do chão. Nelson e Ruff foram arremessados num buraco profundo deixado por uma dessas árvores. Depois que as primeiras rajadas de calor e lava acabaram, o casal escondeu-se sob uma pilha de escombros enquanto grandes nacos de gelo caiam do céu. Mais tarde, eles ouviram dois de seus amigos, Brian Thomas e Dan Balch, gritarem por socorro. Balch havia sido gravemente queimado e estava descalço.
Thomas havia sido atingido por uma árvore, que quebrou seu quadril. Nelson e Ruff fizeram um abrigo para Thomas, levaram Balch até o rio e então começaram a andar sobre cinzas quentes, afundando até os joelhos, para buscar ajuda. Naquela noite, eles foram vistos e resgatados por helicópteros que vasculhavam a área. Nelson discutiu com o piloto da Guarda Nacional até que ele concordou em levá-los de volta para o acampamento para buscar seus amigos.
Balch tinha recebido um par de sapatos de um grupo de sobreviventes que passou por ele e conseguiu ir embora do local; Thomas foi depois evacuado por um pequeno helicóptero.
Cinco dias depois da erupção, as autoridades consentiram em levar Nelson de avião até o acampamento para procurar seus dois outros amigos, Terry Crall e Karen Varner, que ainda estavam desaparecidos. Ele os achou numa barraca. Os braços de Crall estavam protetoramente em volta de Varner e ambos estavam mortos, esmagados por uma árvore.
DEIXADO PARA MORRER
Hugh Glass saiu vivo das presas de um urso pardo
Em 1823, Glass se uniu a um grupo de caçadores de pele que iam seguir o rio Missouri até Fort Henry, no sudoeste de Montana. Na metade do caminho, Glass, que tinha cerca de 40 anos, estava rastreando uma caça quando se deparou com uma ursa e seus dois filhotes.
A ursa ficou de pé e afundou os dentes em Glass, arrancando grandes nacos de carne. Os outros caçadores chegaram nesse momento, atiraram na cabeça da ursa de 1,80 m e o animal desmoronou em cima de Glass. Os caçadores, achando que não havia maneira do homem sobreviver àquela noite, fizeram para ele uma cama numa toca de búfalo e esperaram que ele morresse. Mas na manhã seguinte, Glass ainda estava vivo.
O líder da missão, o major Andrew Henry, decidiu que eles deviam sair daquele hostil território dos índios Arikara e pagou dois homens para que ficassem com Glass em suas últimas horas.
Depois de três dias, os homens abandonaram o inconsciente caçador, levando consigo sua arma e sua faca. Glass acordou e se descobriu sozinho e sem conseguir andar. Ele começou a rastejar os 160 quilômetros de volta para o Fort Kiowa.
Centímetro a centímetro, Glass, que quando jovem havia aprendido com os índios Pawnee como sobreviver da terra, arrastou-se pelos arbustos, alimentando-se de frutas selvagens e da carne da carcaça de um búfalo que havia sido morto por lobos. Depois de seis meses, ele chegou a Fort Kiowa e voltou à sua vida de caçador.
Dez anos depois, durante uma viagem ao longo do rio Yellowstone, ele foi morto por um índio Arikara.
A ZONA DE GELO
Faminto, envenenado, abandonado.
No verão austral de 1912, Mawson, um geologista e explorador australiano de 30 anos, liderou uma equipe de 25 cientistas para a Antártica oriental. Do acampamento base em Commonwealth Bay, Mawson saiu com um domador de cachorros chamado Belgrave Ninnis e um campeão mundial de esqui, Xavier Mertz, para explorar o interior.
Foi uma jornada dura. Depois de seis semanas, os três homens e os 12 cães haviam percorrido somente um quarto dos 1.900 quilômetros que eles pretendiam fazer.
No dia em que deveriam voltar, Ninnis, os seis cães mais fortes e o trenó que levava a comida desapareceram numa rachadura na neve. Mawson e Mertz ficaram com comida suficiente para uma semana, sem ração para os cães e com uma viagem de cinco semanas pela frente.
Eles seguiram adiante, matando os cães mais fracos, um a um, para comer. Eles não desconfiavam, mas os fígados dos huskies siberianos estavam envenenando-os com quantidades tóxicas de vitamina A, fazendo com que grandes pedaços de pele se descamassem.
Três semanas depois, Mertz estava morto. Mawson foi em frente e chegou à caverna Aladdin, um observatório a 8,5 km do acampamento base, onde ventos ferozes o prenderam por uma semana.
Finalmente, o tempo melhorou e Mawson desceu a íngreme montanha até o acampamento. Por ironia do destino, ele chegou atrasado: o barco que havia sido mandado para buscar sua expedição tinha partido há seis horas.
Mas um pequeno grupo de homens havia esperado para o caso dele voltar, e eles ficaram juntos no acampamento até que o navio voltasse para resgatá-los – dez meses e meio depois.