Mito ou verdade?

Como a deusa grega Athena, uma cobra venenosa “brota” do ovo de sua mãe totalmente formada e pronta para a guerra – nesse caso, com um amplo estoque de toxinas que são, sim, quase sempre mais venenosas que a de seus pais.

Experts em répteis não conseguiram ainda provar conclusivamente por que isso acontece, mas existem várias hipóteses. Uma especula que, como os recém-nascidos não usaram seu veneno ainda, isso o deixaria mais concentrado e potente, já que ele ainda não precisou se regenerar.

Outra teoria sugere que o veneno das cobrinhas contém uma alta porcentagem de água, o que aceleraria a sua absorção pelo sangue da vítima. O biólogo Antonio da Costa, do Instituto Butantan, em São Paulo, explica que algumas espécies de cobras, como a jararaca, têm características diferentes de adultos para filhotes, ou mesmo de macho para fêmeas. “Essa variação pode influenciar no tamanho corporal, na coloração e também no veneno”, diz ele.

Antonio ainda explica que “o veneno dos filhotes de jararacas é diferente do das adultas, pois os bebês se alimentam de presas diferentes. Quando filhotes, essas cobras atacam sapos e lagartos, que são animais de “sangue frio”. Quando adultas, devoram ratos de “sangue quente”, por isso precisam de uma ação do veneno diferenciada”.

O contraponto das cobras-bebês é que, apesar da alta toxicidade dos seus venenos, sua produção é sempre menor, já que elas têm pequenas bolsas de veneno. Outro fator de alívio para as potenciais vítimas: as cobrinhas não tem muita habilidade em se lançar contra as presas ou projetar seu veneno.

Mesmo assim, se uma miniatura de jararaca afundar os caninos em você, o bicho vai pegar. “A vítima pode esperar necrose do tecido”, diz Bill Haast, um estudioso de venenos do Serpentário de Miami, nos Estados Unidos. “Sua carne vai se dissolver, sua pele se degradar e há boas chances que uma cicatriz fique ali para sempre”, completa.