Papo- cabeça

LIVROS

A Máscara da África, de V. S. Naipaul
(R$ 49,50; 288 páginas; companhiadasletras.com.br)




Mais que um relato das viagens do autor por Uganda, Nigéria, Gana, Costa do Marfim, Gabão e África do Sul, feitas recentemente e nas décadas de 1960 e 1980, o livro reconstrói sua tentativa de compreender as crenças africanas. Entre visitas a santuários, locais sagrados, rituais e cerimônias, Naipaul move-se pelo continente perguntando a autoridades, intelectuais, curandeiros e gente do povo qual a importância das antigas crenças africanas na vida moderna. Do confronto entre a tradição e as influências do progresso e das grandes religiões do mundo, como o cristianismo e o islamismo, fica a constatação de que o futuro da África pode depender da manutenção dos antigos costumes. Tanto na descrição de inofensivos rituais de adoração espiritual quanto na de feitiçarias demoníacas, as palavras de Naipaul compõem uma intensa mistura de sensações que invade o leitor na medida em que ele avança no texto.

Na Floresta do Bicho-preguiça, de Anouck Boisrobert e Louis Rigaud
(R$ 44; 14 páginas; cosacnaify.com.br)

Para as crianças, aqui está uma abordagem nada clichê sobre o desmatamento das florestas. No livro, a relação entre o homem e a natureza passa ao plano do simbólico por meio da figura do bicho-preguiça e seus significados na mitologia indígena amazônica. Nas 14 páginas, dobraduras que saltam do papel contam a história de uma floresta devastada pelas mãos do homem, celebrando sua riqueza, diversidade e intrínseca vulnerabilidade e apontando para a esperança de seu renascimento. É impresso com tinta de soja ecológica e possui selo FSC, indicativo de que o papel é proveniente de fontes sustentáveis.

DVD
Exit Through the Gift Shop
, de Banksy
(US$ 27 na amazon.com; banksyfilm.com)

O documentário do “artista-guerrilheiro” inglês Banksy conta a história, supostamente real, de um cara que finge ser documentarista e acaba virando artista. Qualquer semelhança com a realidade será mera coincidência? Exit Through the Gift Shop, ao estilo Banksy – cuja identidade não é conhecida do público –, foi questionado sobre sua veracidade e levantou discussões a respeito da mistura entre elementos de ficção e realidade. Essa tendência de fazer com que o espectador não perceba a linha tênue que separa verdade e mentira, acentuada nas artes no século 21, foi definida pelo cineasta Orson Welles lá nos anos 1970 com F for Fake. Nesse sentido, o filme (ou o documentário?) de Banksy parece homenagear seu antecessor, que também critica o mercado e a autenticidade da arte.

MÚSICA

Ukelele Songs, de Eddie Vedder
(US$ 12 na amazon.com)

No ano do vigésimo aniversário do Pearl Jam, Eddie Vedder, vocalista e guitarrista da banda, faz sua segunda investida solo. Se você curtiu a primeira – a trilha sonora que ele compôs para o filme Na Natureza Selvagem –, é provável que goste desta também. O novo álbum traz 16 faixas tocadas no ukelele, uma espécie de cavaquinho havaiano. As composições acústicas, os vocais suaves, as letras que falam da vida, do amor e do mar surpreendem principalmente quem espera de Eddie o grunge que fez a fama de sua banda nos anos de 1990.

CINEMA

Gainsbourg – O homem que amava as mulheres, de Joann Sfar
O ícone da música francesa Serge Gainsbourg, famoso por romper tabus com suas letras eróticas e belas amantes como Brigitte Bardot e Jane Birkin, tem a vida retratada neste longa-metragem rodado na França, mas de produção norte-americana. Primeira direção cinematográfica do quadrinista francês Joann Sfar, o filme acerta reconstruindo as distintas facetas de Serge. Não expõe apenas o seu gênio criativo, charmoso e apaixonado, mas revela um homem com inseguranças e vulnerabilidades, cujos relacionamentos, além de fonte de inspiração, são parte importante de sua personalidade. 130 minutos. Estreia no dia 8 de julho.