Em 1984, a família Schürmann abandonou casa e o trabalho em Santa Catarinapara ir atrás de um sonho: dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro. Foi nessa primeira aventura, que durou dez anos, que Wilhelm, o filho caçula, na época com 9 anos, teve o primeiro contato com o Highland Spring (HIHO), um campeonato de windsurf realizado pelos lugares mais paradisíacos do Caribe.
Depois disso, para Wilhelm, 35, foi inevitável a vontade de praticar a modalidade e percorrer as ilhas do Caribe, em uma competição que dura sete dias. Wilhelm virou atleta profissional de windsurf e o sonho de garoto se tornou realidade em 2008, quando ele fez sua primeira participação no HIHO. GO OUTSIDE: Como é nascer em uma família com uma rotina pouco convencional tradicional? Como foi primeiro contato com o campeonato HIHO? Finalmente em 2008, 22 anos após ter visto o evento pela primeira vez, consegui participar do Highland Spring. Deu-me uma emoção e um frio na barriga quando cheguei! Ali estava no mesmo lugar que havia sonhado tantas vezes! Dessa vez iria competir! Foi tudo e um pouco mais do que eu imaginava!
Como você treina para os campeonatos? Você pretende seguir com esse estilo de vida com a sua própria família?
IRADO: Wilhelm durante treinamento em Ibirapuera
(Foto: Leick)
Wilhelm Schürmann: Para mim, foi ótimo. Eu aprendi a viver assim, sem uma rotina tradicional, me acostumei a estar sempre viajando e a nunca ter um endereço fixo. Quando meus pais saíram para dar a volta ao mundo no nosso veleiro Aysso, em 1984, eu tinha apenas 7 anos, então para mim essa vida virou o normal.
Comecei praticando o windsurf com meu irmão David na ilha de Martinica, no Caribe. Nós dois subíamos em cima da mesma prancha e ficávamos tentando nos equilibrar, já que sozinhos não tínhamos força para levantar a vela. Depois que pegamos a manha, foi uma evolução muita rápida, já que ficou aquela disputa de irmão. Meus pais e irmão mais velho, Pierre, também praticaram um pouco, só que logo desistiram.
Em 1986, com apenas 9 anos, estava velejando com minha família no Caribe durante a nossa viagem de volta ao mundo no veleiro Aysso. Em determinado momento, passamos pela British Virgins Islands, onde estava acontecendo um megaevento de windsurf: o Highland Spring. Naquela época, ainda não velejava de windsurf, mas acho que vendo tudo aquilo foi um empurrão para aprender. Alguns anos se passaram, e minha vontade de participar foi crescendo. Só que como profissional do esporte sempre havia alguma outra competição importante na mesma data.
SONHO: "Tenho água salgada no sangue", afirma Wilhelm
(Foto: Carlos Marca)
Quando estou em Ibiraquera (SC), velejo muito nas ondas. Mas quando o vento está fraco continuo com o ritmo em outros esportes, como mountain bike, corrida, surf ou stand-up paddle. Isso tudo ajuda muito a me manter em forma e a me preparar para as competições. Antes do HIHO, eu estava vindo de dois eventos seguidos, um na Itália e outro na ilha Margarita, na Venezuela, então isso já foi servindo de treino para a prova.
Eu brinco sempre dizendo que tenho água salgada no sangue, então certamente o dia que tiver uma família acredito que nosso estilo de vida vai continuar sendo o de viajar pelo mundo.
Água salgada no sangue
Por Mariana Mesquita, da Go Outside online
A Go Outside procurou Wilhelm para um bate-papo sobre família e esporte: