A Eco-Challenge 2019 já começou e vai até o dia 25 de setembro. No entanto, o que vai ocorrer durante a competição será uma mistério, pois o produtor de televisão Mark Burnett e o apresentador e aventureiro Bear Grylls fizeram uma parceria com a Amazon Studios para entregar um programa de televisão de 10 episódios que acompanha as equipes durante toda a competição. O lançamento da série está prevista para 2020.
Silvia Guimarães, também conhecida como ‘Shubi‘, faz parte da equipe Atenah, um dos times brasileiros selecionados para a Eco-Challenge 2019, que vai acontecer em Fiji. As equipes participantes, de 30 países, estão em isolamento total – não podem nem falar com as famílias. Antes de chegar a Fiji, ‘Shubi’ enviou uma relato sobre como foi a seleção para a prova, a preparação e expectativa para encarar uma das maiores corridas de aventura de todos os tempos.
A volta da Atenah!
Dez meses atrás soubemos do retorno da Eco-Challenge, icônica corrida de aventura idealizada há mais de 20 anos por Mark Brunnet, criador de reality shows, que se associou ao ator e apresentador Bear Grills neste resgate.
A última edição dessa prova havia sido em 2002, com a Atenah participando pela segunda vez. Quando soubemos da novidade nos falamos imediatamente, empolgadas com a possibilidade de viver essa aventura novamente. Com cada integrante morando numa parte do mundo – eu no Brasil, Nora na Nova Zelândia e Karina na França, seria uma oportunidade maravilhosa de passarmos vários dias juntas, fazendo o esporte que nos uniu e que praticamente guiou nossas vidas.
Não é uma prova aberta, com inscrições disponibilizadas a todos: foi necessário solicitar a participação e enviar vídeos que contassem um pouco da vida de todos os integrantes, com argumentos que sustentassem nossos motivos para disputar esta edição. Não foi difícil escolher nosso quarto integrante. Muito próximo de todas nós, o Zé Caputo conviveu com a Atenah nos tempos áureos em que tivemos a Cris Carvalho na equipe, e ele é um excelente atleta multiesportes, entende muito de aventura, e ainda é meu atual companheiro. Para que completássemos o time, precisávamos de um apoio, o que é novidade no Eco-Challenge. Mais uma vez, não tivemos trabalho na escolha: Zé Pupo, nosso amigo amado, sócio no Acampamento de Aventura e o cara que mais ama logística, nos mínimos detalhes, que eu conheço. Pronto, tínhamos um time para tentar a vaga.
Alguns meses depois recebemos a grande notícia de que seríamos uma das duas equipes a representar o Brasil! Aí começou o frio na barriga… A primeira preocupação era conseguir patrocínio, mas logo soubemos que todas as equipes receberiam verba suficiente para cobrir todos os custos da prova, de passagens a equipamentos. Com esta informação, não tinha mais volta: precisávamos continuar treinando e nos preparando para este grande desafio.
Foram seis meses de preparação, principalmente para organizar tudo o que uma grande expedição como esta exige: o deslocamento para um lugar tão distante de todos, a lista de equipamentos obrigatórios que ocupava 13 páginas, e o manejo da vida pessoal para que pudéssemos passar quase um mês fora de casa.
Com o tempo, fomos recebendo as newslletters, e todas as sextas-feiras um compilado das perguntas feitas ao longo da semana pelas equipes, num esquema que garantia clareza em todas as informações.
O percurso do Eco-Challenge Fiji 2019 terá 680 km, divididos sete modalidades: trekking, mountain bike, técnicas verticais, SUP, rafting, canoa havaiana OC4 e uma canoa local, movida a vela, chamada CAMAKAU. Para percorrer todos os caminhos, mapa e bússola.
Com a proximidade do dia da largada, vieram os sentimentos conflitantes. Vontade de chegar logo, ansiedade, medo, coragem, felicidade, preocupação com o filho que fica, com o corpo que vai e que não encara uma corrida de aventura desse tamanho há mais de 10 anos. O que tranquilizou a alma e o coração foi a experiência e, claro, o fato de estar com pessoas tão especiais, que conheço tão bem, que amo e nas quais confio tanto. Mentalizei vários momentos de prova, como deveremos encarar os desafios e as maiores dificuldades – que eu tenho dúvidas se virão da restrição de sono ou dos pés molhados por dias e dias.
Estamos longe de sermos aquelas jovens fortes e doidas de 17 anos atrás e os objetivos hoje são outros. Não estamos indo atrás de nenhuma colocação. Terminar a prova já será uma vitória. Da última vez tivemos que desistir porque a Nora ficou muito doente. Desta vez o foco é se cuidar, cuidar um do outro, fazer tudo com calma e com toda experiência e habilidade que temos. Queremos nos reconectar com a força da natureza, com a essência das nossas vidas, levar com a gente a força, a determinação, a gratidão e a alegria que a nossa querida Cris nos ensinou a ter na vida. Essa prova também não deixa de ser uma homenagem a ela.
Logo antes de partir uma amiga me perguntou: “Em algum momento você pensou na roubada que foi se meter?”. Não. Não vejo a hora de viver tudo isso de novo! Enquanto escrevo, estou no meu último trecho de viagem, quase chegando em Nadi, em Fiji. Daqui a alguns dias largaremos para a maior corrida de aventura de todos os tempos. Espero voltar com grandes histórias. Torçam por nós, pela nossa saúde e bem-estar!
Até a volta!
Shubi Guimarães