Descubra o Peru que vai muito além de Machu Picchu
Por Marilin Novak*
Litoral apetitoso para o surf, caminhadas nas regiões dos incontáveis sítios arqueológicos, escaladas nos Andes, pedaladas pelos parques e reservas naturais, rafting em Urubamba, sandboard nas dunas em Ica e uma gorda selva amazônica que brasileiro bem conhece. Tudo isso com uma “pitada inca” de mistério, o que pode tornar a aventura mais instigante. Assim é o Peru, o país da América de Sul que faz fronteira com o Brasil pelo norte.
Enigma é o que não falta por lá: quem nunca se perguntou como os incas conseguiram construir, no topo de uma montanha, uma cidade com pedras gigantescas e pesadíssimas, isso sem conhecerem a roda para transportá-las? Não é à toa que Machu Picchu, a cidade perdida dos incas, é uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno.
Porém, o Peru vai muito além de Machu Picchu. É, por exemplo, no lado peruano da Amazônia que nasce o rio mais longo do mundo, com 6.788 quilômetros de extensão. Diz a lenda que há 70 milhões de anos o rio Amazonas desembocava no Pacífico e foi forçado a mudar de rumo quando aflorou a Cordilheira dos Andes. Oficialmente, ele ganha o nome quando as águas do Maranhão se unem às do Ucayali, próximo à cidade de Nauta.
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Para quem interessa conhecer o Peru amazônico, Fernando Fioverante, da operadora Mundo Aventura, dá a dica: “Pegue um vôo até Rio Branco, no Acre, siga de ônibus até a cidade de Brasiléia, já na divisa com o Peru, e dali para frente alugue um dos sucateados táxis até Puerto Maldonado (uma corrida que custa 12 dólares, se bem negociada), e depois um avião doméstico até Cusco, já no começo da Cordilheira dos Andes”. A dura viagem vale a pena porque se chega à cidade-centro do Império Inca pelo lado menos explorado do Peru, enquanto a maioria dos turistas faz o batido trajeto via Bolívia, sem passar pelo coração da Amazônia.
Agora, se floresta úmida, quente e forrada de insetos não é o seu barato, o negócio é partir direto para o Parque Nacional de Huascaran, na Cordilheira Branca. O local é casa de duas preciosidades: a montanha mais alta do Peru (Huascaran), com 6.768 metros, e o Alpamaio, com 5.947 metros, considerada a mais bonita do planeta por causa do seu formato piramidal. Existem mais oito cordilheiras no Peru, que juntas guardam 50 picos acima dos seis mil metros. Todas as montanhas acima dos 4.600 têm neve permanente. O geógrafo Maurício Lino de Almeida, autoproclamado “o brasileiro que mais viajou ao Peru” – a primeira foi em 1987, como turista, e a 52a foi quase vinte anos depois, já como proprietário da Pisa Trekking, agência que já levou mais de três mil brasileiros para Machu Picchu – aconselha passar alguns dias no sopé dessas cadeias antes de fazer a trilha inca. “Além de ser um local espetacular, é uma forma animadora de se aclimatar à altitude”.
Um dos trekking mais espetaculares na Cordilheira Branca é o que circunda a cadeia Huayhuash. É lá que está a segunda maior montanha do país, o Yerupajá, com 6.632 metros, considerada a escalada mais difícil do Peru. A própria Pisa oferece um pacote de 15 dias (a partir de US$ 4.090), onde do quinto ao 14º o grupo acampa em oito diferentes passos de montanha, todos acima ou próximos a quatro mil metros, passando por lagos azul turquesa, bosques com rios cristalinos e pequenas comunidades andinas. Os mais aventureiros têm a opção de fechar a jornada de 160 quilômetros alcançando o cume do Diabo Mudo, com 5.260 metros, amparados por um guia certificado local.
Surf na costa peruana
Brasileiro adora surfar na costa peruana por causa das boas ondas. Boas não, ótimas! “O Peru leva a fama de ter uma das ondas mais longas e perfeitas do mundo”, conta o brasileiro Rodrigo Costa, 41, ex-atleta profissional que surfa por lá desde a década de 80. Ele gosta tanto do lugar que até tem um filho peruano de 14 anos, que pelo gosto esportivo deveria ser brasileiro. “Ele também surfa, mas o negócio dele é a bola”, brinca Rodrigo.
Apesar de não haver muitos surfistas peruanos com fama internacional – exceto a campeã mundial do WCT 2004 Sofia Mulanovich –, os mais entusiasmados juram que o esporte nasceu lá. Isto porque no começo dos anos 1500, quando os espanhóis aportaram no continente, era comum os nativos utilizarem uma embarcação chamada “cabalito de totora” para pescarem. No fim do dia, o barco virava uma prancha, que animava o happy hour dos índios. A totora é um tipo de junco super-resistente, com folhas fibrosas de até cinco metros. Na beira do lago Titicaca há a cidade de Uros, onde flutuam cerca de 40 ilhas construídas inteiramente – chão, casas, móveis – com totoras.
Voltando à costa, o Peru tem praias banhadas pelo Oceano Pacífico onde rolam ondas de norte a sul, o ano inteiro. Há desde ondinhas até as perigosíssimas morras do Pico Alto, no sul de Lima, com 25 pés. O pico mais crowdeado é Herradura, na capital Lima. Mas, segundo Rodrigo, “o quartel-general para conhecer diversos picos é Punta Hermosa”. As praias dessa cidadezinha a 45 quilômetros ao sul de Lima abrigam ondas para todos os gostos, além de ter uma infra-estrutura de hospedagem e alimentação acessível financeiramente.
Duas dicas bacanas são a Pousada Luísfer (num pico chamado “La Isla”, cheio de brasileiro) ou a Oscar Morante, no Pico Alto. Ambas cobram entre 16 e 25 doláres por dia, com pensão completa. E é em Punta Hermosa que fica as Pontas Rochosas (Punta Rocas), palco de campeonatos internacionais. Outros picos legais são Huaico e São Bartolo (costa sul) e Bermejo e Chicama (norte). É nesta última que rolam as tais ondas “mais longas e perfeitas do mundo”, com cerca de três quilômetros de extensão. Rodrigo aconselha levar na mala três pranchas de tamanhos diferentes (6’3”, 7’2” e 8’0”), mas lembra que as companhias aéreas cobram, em média, 25 dólares de taxa por prancha, na ida e na volta.
Vale lembrar que o mar no Peru é riquíssimo em microorganismos e peixes, o que torna a água sempre turva. Essa variedade de espécies é resultado de uma corrente de água fria chamada Humbolt, que vem do Pólo Sul, e arrasta muitos nutrientes. Estes fomentam o surgimento dos plânctons, o principal alimento dos peixinhos. Uma névoa quase que constante na costa também ajuda a criar uma paisagem meio fosca, se comparada à costa multicolorida do Brasil..
Não quer encarar o gélido mar do Pacífico? Fique então na areia para descer de sandboard as maiores dunas do planeta, com cerca de um quilômetro de piramba. Elas ficam na cidade de Ica e Nasca (sul) e de tão boas sediam, desde 2000, os campeonatos sul-americanos desse esporte. Se der sorte, você pode vai cruzar com o brasileiro tetra campeão mundial de sandboard Digiácomo Dias. O cara considera Ica o “Havaí do sandboard” e de tanto bater ponto por lá, recebeu do país o título de Embaixador do Sandboard.
Muito além de Machu Picchu
Se o Peru vai além de Machu Picchu, Machu Picchu (a “montanha velha”) vai muito além daquela imagem clássica da cidade em ruínas, comum nos cartões-postais. Todo o santuário histórico tem mais de 32 mil hectares e durante a trilha até às ruínas (o famoso Caminho Inca, com 42 quilômetros), os trekkeiros passam por 16 outros pontos de prédios arqueológicos.
Os mais preguiçosos chegam a Machu Picchu de trem, mas a trilha vale o suor, como atesta Maurício Lino de Almeida, 45 anos, autoproclamado “o brasileiro que mais viajou ao Peru”, diz. A primeira vez que o geógrafo pisou em solo inca foi em 1987, como turista. A 52a vez foi quase vinte anos depois, já como proprietário da Pisa Trekking, agência que já levou mais de três mil brasileiros para Machu Picchu. Maurício dá a dica de como aproveitar ao máximo o Caminho Inca: “Desista de chegar a Cusco pelo Trem da Morte, que vem da Bolívia”. Ele explica que depois de seis dias sacolejando sem parar, o corpo fica detonado para ainda aguentar a trilha com prazer. E se no trem você matou uma limonada para se refrescar, xi… possivelmente conhecerás todos os banheiros do caminho! A opção menos cansativa é seguir num vôo doméstico de Lima direto a Cusco.
Mauricio também aconselha gastar cinco dias para completar a caminhada e não quatro, como tradicionalmente. A ideia é não dormir no último acampamento antes de Machu Picchu (Winay Wayna) e sim num outro anterior (Phuypatamarca). Perde-se a infra-estrutura básica e a balada noturna regada à cerveja, mas ganha-se uma exuberante vista do Salkantay, o pico mais alto da reserva, com 6.271 metros, visão que você não teria no acampamento seguinte. E de quebra, você não sairá de madrugada com o povaréu que dormiu em Phuypatamarca (todos de ressaca e mau humor) para ver o amanhecer em Machu Picchu. Esse deleite você terá no dia seguinte e antes de todo mundo, afinal, você já estará lá desde a tarde anterior.
Por falar em multidão, o excesso de visitas às ruínas é eterno motivo de dor de cabeça para o INC, o Instituto Nacional de Cultura do Peru, que administra o patrimônio cultural do país. Em 2004, quase 350 mil gringos botaram os pés na Trilha Inca, além dos 115 mil peruanos. Esse apinhado de gente resultou em duas medidas drásticas, implantadas em 2005: só entram 500 pessoas por dia na trilha, em grupos de 40, já incluídos um guia obrigatório, carregador e cozinheiro. Isso significa que visitar Machu Picchu virou um passeio concorridíssimo e que se você desistir da viagem, seu nome vai para no fim de uma longa fila de espera. E não adianta nem a sua agência tentar mexer os pauzinhos, pois cerca de 50 mil brasileiros visitam o Peru anualmente para fazer turismo. Se você for ao Peru com uma agência, esta deve garantir o seu visto de entrada ao caminho inca. Se for sozinho, em Cusco há várias operadoras que oferecem o serviço. Uma confiável custa entre 300 e 400 dólares, já incluídos a entrada para o santuário, guia, carregadores, equipamentos para camping e alimentação.
Cultura Inca
Para entender a riqueza do Império Inca, que tinha o Sol (Inti) como Deus supremo, devemos olhar o passado, mais ou menos na época do descobrimento do Brasil. No ano de 1532, em Cusco, no Peru, dois irmãos guerreavam pelo trono de um império digno da palavra: cerca de 15 milhões de súditos viviam em tribos super organizadas, numa região que se estendia desde a Colômbia até a Argentina, passando pelo Chile e Bolívia. Contam os estudiosos que o Império Inca tinha tanto ouro, tanto ouro, que as paredes dos templos eram revestidas com o precioso metal dourado, e até hoje haveria mais riquezas escondidas do que as que os espanhóis saquearam. Aliás, aí está a pedra nas sandálias dos incas. Embora Atahualpa tenha vencido o irmão Huascar, a alegria da vitória durou somente até a chegada dos hispânicos, também em 1532. E se os incas acreditavam no diabo, ele tinha um nome: Francisco Pizarro. Com uma mísera tropa inicial de 180 homens, o capitão ibérico iniciou um processo que dizimou um reinado que nascera há quatro séculos. Em agosto de 1533 Atahualpa foi executado, ato que representou a pontinha de um novelo de lã macabro.
Mas, viver sob a dominação inca também não era nada fácil, se compararmos ao padrão atual de sociedade. Num império que comandava a ferro e fogo várias etnias, o Estado controlava desde o local onde cada um morava até o que eles comiam. A administração era baseada na matemática, que eles dominavam super bem. Não conheciam a escrita, a roda ou a moeda, mas sabiam do valor do ouro.
Hoje, se questiona onde estaria escondida toda essa fortuna. Alguns estudiosos acreditam que no fundo do Titicaca, um lago com 8.380 km2 de extensão, que fica no sul do Peru, divisa com a Bolívia. Já rolaram algumas expedições de caça ao tesouro, como a de 1967, comandada pelo famoso oceanógrafo Jacques Cousteau, ou a do médico e mergulhador brasileiro Eduardo Vinhaes, em 2001. Eduardo – que foi médico da primeira expedição brasileira ao Everest, em 1991 – acompanhou um grupo de italianos, espanhóis e bolivianos na Expedição Altahualpa. Claro que para os desbravadores do mundo contemporâneo qualquer peça arqueológica dos incas ou dos povos anteriores é tida como tesouro. Mas quem sabe um dia eles não dão de cara com alguns quilinhos de ouro?
Para isso, os arqueológicos precisam cair nas águas do Titicaca, uma tarefa nada fácil. Primeiro porque, mesmo com o apoio do governo, a população precisa autorizar as submersões. “Éramos obrigados a sempre levar um local no barco”, conta Edu. O segundo empecilho é a altitude. O Titicaca é o lago mais alto do mundo – ele está a 3.812 metros – o que potencializa e dificulta o trabalho de descompressão após o mergulho. E não é fácil repetir a aventura extrema. Segundo Eduardo, por causa dessas particularidades não há pacotes turísticos para mergulhar no Titicaca, o que só pode ser feito com a pré-autorização do governo e em caráter de expedição.
Para recompensar as dificuldades, os “Indianas Jones” da Expedição Altahualpa encontraram diversas peças incas, como vasos de cerâmica, antigas âncoras de pedra e outros. Mas, o tesouro mais fascinante para Eduardo (aliás, descoberto por ele!) continua lá no fundo: uma antiga estrada e alguns muros construídos por moradores, que fermentam ainda mais uma pergunta sem resposta definitiva: como, quando e por que surgiu o Titicaca?
DIVERTIDO É POUCO
O território peruano subdivide-se em três partes distintas, que fazem do país muito mais do que um quintalzinho divertido para os aventureiros:
A costa (12% do território): 3.100 quilômetros de litoral, com predominância de clima e vegetação desérticos;
A serra andina (28%): nove cadeias de montanhas nevadas, com 50 cumes acima dos seis mil metros;
A selva amazônica (60%). floresta tropical com características bem conhecidas dos brasileiros.
OS PRINCIPAIS PARQUES E RESERVAS DO PERU
Parque Nacional do Manu
Entre as províncias de Cusco e Madre de Dios (sudeste do país), o Manu abrange um pedacinho dos Andes (o ponto mais alto está a 4.300 metros), mas a maior parte está na floresta amazônica. Por causa disso, guarda rica diversidade de animais e plantas no seu território hiper-chuvoso. Tem infra-estrutura turística básica.
Reserva Nacional de Paracas
Geografia e clima típicos do deserto litorâneo do Peru (sol de dia e frio à noite), a região de Paracas fica próxima à cidade de Ica (sul). Riquíssima em espécies animais marinhas e costeiras, inclusive endêmicas (só existem por lá!) e em extinção. Um passeio imperdível é visitar a ilha Ballestra, um zoológico natural de espécies marinhas, como os lobos, os pingüins Humbolt e os flamengos.
Santuário Histórico de Machu Picchu
As ruínas da cidade construída pelos incas no século XV são o ponto turístico mais famoso do Peru. Ao todo, o santuário tem 32 mil hectares e o Caminho Inca é o mais utilizado pelos aventureiros para se chegar às ruínas. São 42 quilômetros em quatro dias, num sobre-e-desce que passa por diversas outras ruínas e paisagens de encher os olhos. Quem não se arrisca no mato (a maior parte dos turistas) faz de trem o trajeto Cusco-Águas Calientes, pelo vale do rio Urubamba (ou vale sagrado dos incas). A pequena cidade de águas quentes termais, com boa infra-estrutura, é a porta de entrada para Machu Picchu, que ficou escondida até 1911, quando o norte-americano Hiram Bingham a apresentou ao mundo contemporâneo.
Reserva Nacional do Lago Titicaca
Com mais de 36 mil hectares, a reserva está localizada no sul do país, no departamento de Puno. O lago que batiza a reserva tem 8.380 km2, mas um pouco menos da metade dessa superfície está do lado boliviano. Por isso, muitos dos turistas que visitam o Titicaca passam antes pelas terras de Evo Morales. Mesmo assim, o Titicaca é maior lago dos 12 mil existentes no Peru. Também é o mais alto navegável do mundo: está a 3.812 metros de altitude. A região tem boa infra-estrutura turística.
Parque Nacional de Huascaran
A montanha mais alta do país nomeia um parque de 340 mil hectares, em plena Cordilheira Branca. Esta é a maior cadeia de montanhas do país, com 20 picos acima dos seis mil metros. Ao todo, os Andes peruanos reúnem nove cordilheiras e 50 montanhas acima dos seis mil.
Reserva Nacional de Pacaya-Samiria
No coração da Amazônia, a reserva tropical fica próxima à cidade de Nauta. São dois milhões de hectares da floresta mais rica do mundo. O lance aqui é fazer trips pelos caudalosos rios, como o Maranhão e o Ucayali, que juntos dão à luz o majestoso Amazonas. Só tome cuidado se cruzar com uma anaconda ou com um boto cor de rosa, que vive doidinho para desvirginar uma donzela.
Vale de Colca e Cotahuasi: um inacreditável parquinho de diversão para caminhar, pedalar, remar ou andar. Os vales irmãos ficam no sul do país e abrigam o cânion mais profundo do mundo, com 3.535 metros (Cotahuasi). O Colca tem 3 400 metros e nele é possível observar os andenes, que são terraços construídos pelos povos antigos nos morros para a agricultura.
Não volte para casa sem:
– Experimentar a Inca Kola, a original versão peruana (e amarelada) do famoso refrigerante de cola.
– Se quiser tomar um pileque, experimente a Chica, uma aguardente de milho, que parece vindo de Itu: o grão tem o tamanho da ponta do dedão da mão.
– Não vire estatística do clube da diarréia: evite qualquer tipo de alimento cru, inclusive salada, não beba outro suco exceto o de laranja e nunca, (mas nunca mesmo!) beba água que não seja mineral de uma fonte confiável.
– Fique atento! O famoso quilômetro 88 (Qoriwayrachina), que ainda marca a entrada do Caminho Inca em muitos guias, não é hoje o mais usual; depois da lei que obriga a contratação de um guia, a entrada mudou para o quilômetro 82.
– Abra o olho! Alguns donos de hotéis, taxistas ou guias não-oficiais simplesmente “esquecem” do que prometeram na hora da negociação, como um café da manhã incluído ou o valor da corrida. Anote num papel o acertado e peça para eles assinarem, como uma forma de “lembrete”.
– As cidades mais caras no Peru são Lima e Cusco. Em outros lugares, dá para encontrar de hospedagens entre 5 e 10 dólares (quartos econômicos) a hotéis mais luxosos por apenas 15 dólares. Para se alimentar, é possível gastar entre 2 e 10 dólares em restaurantes mais simples.
Roteiro para Indiana Jones
Sabemos que você quer se esbaldar de andar, pedalar, correr, surfar ou remar no Peru. Mas, vai ser impossível não topar com um dos inúmeros sítios arqueológicos existentes no país, que mais de 20 mil anos de presença humana espalharam de norte a sul. Aí vão os principais povos antigos até a chegada dos Incas, estes um marco na história do Peru pré-espanhol:
Os huantares povoaram o Peru cerca de 1000 a.C, na região hoje chamada de Ancash (litoral centro-norte). Eram super-religiosos e deixaram muitas esculturas de deuses com caras de fera.
Os paracas da região de Lima existiram há 700 a.C e ficaram famosos pela excelente habilidade têxtil. Ate hoje os cemitérios a céu aberto no meio do deserto surpreendem e assustam os turistas.
Os moches moraram há 200 a.C na costa norte e eram ótimos desenhistas e militares.
Um dos maiores mistérios do mundo foi obra do povo nasca, que viveu há 300 d.C: centenas de linhas no deserto, que formam gigantescas figuras geométricas e de animais, hoje melhor visualizadas por meio de um passeio de avião. Os mais céticos acreditam que tudo não passa de um mirabolante calendário agrícola.
Já os michus do extremo norte construíram, lá pelo ano de 700 d.C, uma impressionante cidade-labirinto chamada Chan Chan, com muros de barro que alcançam 12 metros de altura. Também eram habilidosos com os metais, como o ouro.
Ótimos plantadores e arquitetos, os chachapoias povoaram as montanhas do norte, já pertinho do lado amazônico, e deixaram para nós a cidade fortificada de Kuelap, construída por volta de 800 d.C.
E finalmente a organizada população inca, que se estendeu por quase toda a América do Sul, da Colômbia a Argentina. Apesar de não conhecerem a escrita, a moeda e a roda, os incas eram extremamente ligado aos números e à matemática, base da administração das centenas de tribos que compunham o império, dizimado com a chegada dos espanhóis no século XVI.
(*Reportagem publicada originalmente na Go Outside de abril de 2007 e atualizada em maio de 2019)