Estudos mostram que suas emoções se espalham mais do que você imagina

Por Brad Stulberg*

Um dos meus tópicos favoritos de pesquisas são as que mostram o quão interconectados nós humanos somos, principalmente pelas emoções. Estudos revelam que, se você testemunha alguém experimentando dor – seja um amigo arrancando o dedo do pé, um desconhecido que está passando por uma situação ruim no meio da rua ou um rosto sombrio na sala de espera de um hospital – é provável que você experimente um grau dessa dor em você mesmo. A Associação de Ciência Psicológica (APS) do Estados Unidos chama esse efeito de “Sinto sua dor”, e a maioria das pessoas experimentam isso de tempos em tempos.

“Quando testemunhamos o que acontece com os outros, não ativamos apenas o córtex visual como pensávamos décadas atrás”, disse o neurocientista holandês Christian Keysers à APS. “Nós também ativamos nossas próprias ações como se estivéssemos agindo de maneira similar. Ativamos nossas próprias emoções e sensações como se sentíssemos o mesmo.”

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A dor não é a única emoção contagiante. Pesquisadores da Universidade de Yale monitoraram de perto pouco menos de 5 mil pessoas que vivem na pequena cidade de Framingham, em Massachusetts, por mais de três décadas. Eles descobriram que quando alguém fica feliz ou triste, essa emoção ondula por toda a cidade. Outro estudo, publicado na revista Motivation and Emotion, mostrou que mesmo as emoções menos visíveis, como a motivação, são contagiosas.

Se alguém está trabalhando na mesma sala com pessoas que são motivadoras, sua atitude também melhora. Se, no entanto, alguém estiver trabalhando na mesma sala com aqueles que não estão muito empolgados, sua motivação diminui. Um estudo de 2017 da Northwestern University descobriu que sentar-se até um raio de sete metros de distância de alguém com um alto desempenho no trabalho melhorou a performance de outro funcionário em 15%. Mas sentar-se em um raio da mesma distância de alguém desmotivado e com um baixo rendimento prejudicou outro colega de trabalho em 30%. Isso é um efeito enorme!

As emoções até se espalham virtualmente. Outro estudo, apropriadamente intitulado I’m Sad, You’re Sad” (tradução livre: estou triste, você é triste), descobriu que, se você estiver de mau humor ao enviar uma mensagem de texto ao seu parceiro, é provável que ele perceba e sinta um estado de humor mais baixo. O mesmo acontece com as postagens no Facebook, de acordo com pesquisa publicada no Proceedings of National Academy of Sciences. Emoções como felicidade, tristeza e raiva se espalharam como fogo na plataforma. (Não que você precisasse de um estudo para provar isso.)

O reflexo das emoções

Essa ciência aponta para a mesma verdade básica: somos espelhos refletindo um no outro. As pessoas que nos cercam nos moldam e moldamos as pessoas ao nosso redor também. As implicações dessa verdade são importantes e acionáveis. Seria sensato associar-se a pessoas que você admira e aspira a ser.

Além disso, é preciso estar ciente de quão facilmente as emoções se espalham e permitem que você mude a si mesmo e ao seu redor. Por exemplo, se você receber uma mensagem de texto que, de repente, deixa você triste, ou se você ler uma postagem de rede social que o deixa irritado, em vez de reagir imediatamente, você pode pausar por um momento e responder em pensamento.

Em vez de reagir a tristeza com tristeza, você pode enfrentá-la com compaixão e apoio. Em vez de enfrentar a raiva com raiva, você pode tentar enfrentá-la com compreensão (ou simplesmente ignorá-la por completo). O outro lado também é verdadeiro. Quando você está se sentindo bem, você está propenso a espalhar essa energia. Embora meu palpite é que isso aconteça naturalmente, sem tentar.

Nada disso é novo, claro. Mais de uma década atrás, a beira dos Himalaias, perguntei a um sherpa nepalês chamado Indra sobre as bandeiras de oração que estavam por toda parte. “É simples”, ele me disse. “Quando você está sentindo uma forte emoção, você levanta uma bandeira. Desde o começo dos tempos, minha cultura acredita que o vento espalhará essa energia e o universo a receberá.”

*Texto publicado originalmente na Outside USA.