Influenciadores digitais contam como usam as redes sociais para motivar seus seguidores a viverem mais perto da natureza

Por Thaís Valverde*

Na era do Facebook e Instagram, não basta experimentar – é preciso fotografar, postar, compartilhar. Já que não há mais escapatória (a não ser uma tomada radical pela opção 100% offline), o jeito é olhar pelo lado positivo. As redes sociais têm servido para inspirar milhões de pessoas pelo mundo a também apreciarem aventuras outdoor e o amor pela natureza.

Adriano Plotzki e Aline Sena vivem em um veleiro e contam suas histórias e de outras pessoas que também adotaram o mar como lar – Arquivo Pessoal

Que o diga o casal de publicitários brasileiros Adriano Plotzki e Aline Sena, que há quatro anos vive em um veleiro e conta histórias suas e de outros casos semelhantes no seu canal do YouTube #SAL. “Nós queremos que as pessoas vejam como a vida pode ser diferente, que reflitam sobre sua jornada neste planeta”, diz Adriano. Uma pesquisa de público do #SAL mostrou que 75% não possuem um barco nem nunca velejaram.

De marina em marina, o casal já encontrou várias pessoas que relatam ter vendido a casa e comprado um barco depois de acompanhar o canal. Para manter o novo estilo de vida, Adriano e Aline fizeram da internet seu novo negócio. “Como não há uma renda fixa, o dinheiro vem dos views do YouTube e de alguns vídeos patrocinados. Também temos um crowdfunding, uma loja online com camisetas do projeto e fazemos passeios pagos com o veleiro.”

Para Adriano, as redes sociais se transformaram em uma importante ferramenta, em que é possível contar outras narrativas. “Antigamente era só a TV que tinha esse alcance, e estar lá era algo inatingível para 99% das pessoas. Agora isso mudou, e tudo se tornou mais acessível”, explica ele, que traz no currículo trabalhos em grandes canais de TV.

Uma pesquisa do site de reservas de hotel Booking.com mostrou que as redes sociais possuem um papel muito importante na escolha de aonde ir na primeira viagem, especialmente entre pessoas entre 18 e 24 anos. Quase metade (44%) dos entrevistados da geração Y afirma que usa as redes sociais para escolher um destino de viagem, e mais da metade (55%), que as redes sociais servem de inspiração para tentar novas experiências.

A repórter de viagens Flávia Vitorino tem plena consciência disso. “As pessoas salvam meus posts e me procuram para ajudar a montar o mesmo roteiro que fiz”, diz. Todo mês Flávia está em um destino diferente, sempre compartilhado com os mais de 77 mil seguidores no Instagram. Um dos seus principais objetivos é inspirar as pessoas a saírem da rotina, para que façam mais atividades outdoor e se conectem com a natureza. “Faz bem para a mente e nos ajuda a reorganizar os reais valores das coisas.”

 

Visualizar esta foto no Instagram.

 

Uma publicação compartilhada por Flavia Vitorino (@fllavitt) em

Flávia lembra a história de um amigo “superurbano” que foi impactado por seus relatos de viagem. “Ele dizia que odiava andar no meio da natureza, mas que resolveu ir para o Deserto do Atacama, no Chile, quando viu um post meu. Ele se apaixonou pela experiência e hoje só programa viagens assim”, conta.

O norte-americano Chris Burkard, um dos fotógrafos de aventura mais renomados da atualidade, conta com 3 milhões de seguidores no Instagram. Seus posts ultrapassam as 100 mil curtidas e centenas de comentários. Em entrevista para a Outside USA, o fotógrafo diz ser grato ao Instagram por ter servido como um megafone para sua carreira. “Quero fazer fotos para que as pessoas abandonem suas mesas de trabalho e entrem em ação de alguma forma para ver ao vivo o que o mundo tem a oferecer”, fala.

Com sua popularidade crescendo a cada dia, Chris faz trabalhos para grandes marcas e também oferece workshops que mesclam teoria, técnica e dicas em mídias sociais. “Eu não sei como conseguir milhões de seguidores”, afirma. “Mas uma coisa que notei foi que as pessoas gostam quando sou sincero, aberto e compartilho meus sentimentos nos meus comentários.” O fotógrafo também tenta ser consistente nas postagens, uma ou duas vezes por dia, e estimula os alunos a definirem um compromisso, uma missão com o conteúdo que se propõem a fazer.

*Parte da reportagem “Sonho Meu” da Revista Go Outside, nº 154, agosto/setembro de 2018