E por que as pessoas estão tão loucas pelo CrossFit?

Se bem aplicado, sim. Eis um método que tem se mostrado eficiente no estímulo de diversas capacidades físicas. Mas ainda vive um período relevante de “teste”, com um mix de elogios e críticas vindos de pesquisadores e de profissionais de outras áreas do esporte e da saúde. Entretanto, vale ressaltar que as raízes e os exercícios do CrossFit. Ele não é um esporte em si, mas uma marca registrada norte-americana que já se espalhou por mais de 120 países. Além de vir de modalidades antigas, com destaque para o levantamento de peso, a ginástica e o atletismo.

O que é o CrossFit

A prática engloba esses universos dando uma roupagem moderna para treinos de alta intensidade. Ele ainda agrega alguns toques de calistenia e demais atividades como correr e remar. Tudo é baseado em um sistema de treinamento criado durante a década de 1990 pelo californiano Greg Glassman, ex-ginasta e entusiasta do mundo fitness.

Certamente sua criação é o maior fenômeno do mercado de treinamento nas últimas décadas. E o coquetel tem estimulado muita gente a se mexer, de sedentários a atletas de elite, passando por entusiastas de esportes e pessoas cansadas de academias tradicionais. Não custa lembrar que o Brasil já se tornou o segundo país no mundo em número de boxes, nome dado aos locais de treino, ultrapassando a marca de mil afiliados da CrossFit Inc., ficando atrás apenas dos EUA, que somam mais de 7.000 unidades.

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Em linhas gerais, o CrossFit promete a evolução geral nas nossas principais capacidades físicas. “Tudo no meu corpo hoje tem um propósito”, diz a canadense Camille Leblanc-Bazinet, referência há anos na elite crossfiteira e campeã do CrossFit Games, principal evento mundial da modalidade, em 2014. “Acho que o segredo para esse processo dar certo está em mudar o foco da aparência para a funcionalidade”, afirma Camille.

Para chegar lá, a aposta do CrossFit segue um caminho via combinações e variações de exercícios com intensidade. Mas sempre de olho na boa técnica, o grande lance. Nos boxes e nos campeonatos, os atletas se desafiam em sequências de treinos (os WODs, ou workouts of the day) que mesclam força, potência, resistência aeróbica e anaeróbica. Alguns WODs “clássicos” são tão duros que recebem nomes de mulheres (como os tornados).

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Quando conheceu a modalidade, o ex-atleta de elite de levantamento de peso Joel Fridman torceu o nariz. “Tudo parecia muito aleatório e simplesmente não entrava na minha cabeça”, conta Joel, que acabou revendo conceitos a ponto de abrir, no fim de 2009, o CrossFit Brasil, primeiro box do país, ativo em São Paulo. “Quando mergulhei nesse mundo mais empírico, tudo mudou: não só meu corpo como minha mente também”, relata Joel. Essa quebra de paradigmas tem dado o que falar, criando um verdadeiro cabo de guerra. Mas, aos poucos, os discursos vêm encontrando pontos em comum.

Um deles é a certeza de que os ganhos biomecânicos frutos de treinos como o do CrossFit conseguem de fato ser transferidos para esportes específicos. Isso porque o CrossFit, assim como o treinamento funcional, deixa efetivamente o corpo mais preparado para encarar a grande maioria dos desafios físicos. O problema, na verdade, não está aí, mas, sim, na empolgação exagerada de alguns alunos e/ou instrutores.

Competições

Apesar de a competição estar na essência do CrossFit – tabelas de pontuações e medições individuais ganham destaque no método –, as provas foram uma invenção que só começou a ganhar mais evidência a partir de 2007, com o início do CrossFit Games. Entender a diferença evidente do alto rendimento para a rotina dos praticantes amadores tem causado certa confusão.

“A essência deve ser preservada: promover atividade física com o intuito de reabilitar e melhorar a vida das pessoas”, defende Joel, que adora competir e organizar eventos como o Torneio CrossFit Brasil (TCB), tradicional no país. Mesmo assim, o pioneiro no assunto por aqui relembra que há uma diferença fundamental entre buscar resultados em performance de alto rendimento e estimular a superação de limites pessoais para qualquer nível de praticante, aparentemente o grande trunfo real do CrossFit.