Bebê outdoor: saiba como adaptar a aventura para os pequenos

Isac com nove meses no Vale dos Deuses, no Parque Estadual dos Três Picos - RJ

Por Thaís Valverde

Quando a dentista e escaladora Fernanda Liz Mansano, de 31 anos, deu à luz a sua primeira filha ela não via a hora de voltar a escalar. “Quando meu médico deu alta, eu já busquei formas de levar a Analiz comigo e o meu marido para os setores de escalada”. Analiz, hoje com três anos, na época tinha apenas três meses quando foi acompanhar os pais nas rochas. Hoje ela tem mais uma companhia, a irmã Liana de quatro meses.

Para Fernanda, acampar com as pequenas ou passar o dia no setor de escalada com elas é uma logística enorme. “A gente leva muito mais coisa. Não é só pegar as coisas, sair e se divertir ao máximo. É preciso respeitar o tempo do bebê durante as atividades e ter uma atenção redobrada”, explica.

Pai e filha durante um dia de escalada – Foto: Arquivo Pessoal

Quando ela e o marido, o também dentista Adolfo Henrique Mansano, 40, vão escalar com as filhas, eles procuram vias com base boa, sem muito mato e bichos por perto, e que não há risco de queda de pedras. “A Analiz fica brincando na terra, que ela adora. Se uma delas pede a nossa atenção, descemos, ou, quem está escalando ancora na rocha enquanto o outro vai atender. E quem está segurando em baixo também fica sempre atento as meninas.”

Uma das primeiras palavras que Analiz falou foi cabra. Um dos diversos animais que ela encontra nos passeios com os pais. Fernanda também notou outro desenvolvimento da pequena fora do ambiente de concreto. “O chão das trilhas perto da escalada não é reto. Quando ela começou a andar, percebi que esse desafio melhorou sua coordenação motora”, comenta.

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a prática de atividades físicas, brincadeiras ao ar livre e contato com a natureza como medidas de prevenção de doenças, como obesidade, diabetes, hipertensão. “O contato com a natureza também melhora da cognição, autoestima e socialização das crianças”, explica a neuropediatra Fabiana Lustosa. Porém antes de começar qualquer atividade, a médica ressalta que é importante que os pequenos passem por consultas com seus pediatras para que saibam quais são seus limites e as recomendações necessárias, de acordo com as características físicas de cada criança.

Além disso, antes dos seis meses, o bebê não deve ser exposto diretamente ao sol. A partir dessa idade, a exposição é recomendada apenas antes das 10h e depois das 16h. O uso de repelente de insetos também só é indicado a partir dos seis meses. Devem ser usadas barreiras mecânicas também como forma de proteção. Uso de chapéus, bonés e roupas de mangas compridas são orientados.

O Isac, um bebê de um ano, fez o maior sucesso no Instagram da Go Outside quando foi compartilhado a foto dele com os pais no Parque Estadual dos Três Picos – RJ. O fotógrafo e instrutor de rapel Anderson Pasinatto, 29, e a contadora Geisa Simão, 36, até criaram um Instagram para compartilhar as aventuras do filho, o @poraicomisac. “A Geisa continuou fazendo trilhas aqui no Rio de Janeiro até os oito meses. Quando o Isac nasceu, apenas continuamos os nossos passeios. Com seis meses o “bacuri” fez o seu primeiro acampamento”, disse Anderson.

Em uma recente viagem com o Isac para o Jalapão, em Tocantins, no momento de fazer alguns orçamentos para os passeios, o casal encontrou apenas guias que aceitavam a companhia de crianças a partir dos cinco anos. “Foi com um contato de um casal que conhecemos em outra viagem que conseguimos um guia. A viagem foi super tranquila, sem problema nenhum. O bebê aproveitou todos os passeios”, disse o pai.

Para Anderson, o segredo da viagem com o bebê é o planejamento. Até hoje sem nenhum imprevisto com o Isac durante as aventuras, o casal está organizando o próximo grande desafio, fazer a Travessia Petrópolis x Teresópolis com o bebê. “Lá a gente já está pesando nos prós e contras, buscando muitas informações do local para nos prevenir de qualquer situação”, explica.

Se o Isac ainda vai gostar de atividades outdoor daqui alguns anos é um mistério. Mas os pais reconhecem que hoje, em meio a natureza, é onde ele fica mais feliz. “Moramos em apartamento. Quando a gente acampa sentimos que ele fica mais a vontade, alegre, do que quando estamos em casa. Ele sente a liberdade que ele não tem do dia a dia.”

Dicas dos pais

Mosquitos e sol
A hora do “tetê” da Analiz é na barraquinha – Foto: Arquivo Pessoal

ANDERSON: “Focamos em comprar roupas leves, com manga comprida para proteger dos mosquistos e também com proteção UV.”

FERNANDA: “Com a Analiz usamos muito aquelas barraquinhas de crianças junto com um mosquiteiro para a hora da soneca quando não estamos próximos ao camping. Com a Liana estamos também usando uma berço portátil que já vem com tela de proteção.”

 

 

 

Banho e higienização

ANDERSON: “Compramos uma piscina inflável que chega a caber no bolso. Quando viajamos e precisamos parar em algum posto de gasolina, lanchonete, enchemos e damos banho nele. No camping é a mesma coisa.”

FERNANDA: “Costumamos escalar perto de uma local que tem um pequeno riacho. Para higienizar as mamadeiras, costumo ferver água e utilizo sabão de coco.”

Mochila carregador

Fernanda conseguiu uma mochila emprestada e Anderson comprou a mochila para carregar os bebês de segunda mão, por meio de grupos no Facebook. No mercado, as marcas mais conhecidas que oferecem o produto são a Osprey e Deuter. O preço varia de R$ 800,00 a R$ 1.700,00.

Isac curtindo o Jalapão nas costas do pai – Foto: Arquivo Pessoal
Alimentação

ANDERSON: Com o nosso fogareiro, cozinhamos legumes com algum carboidrato leve para o Isac, sem fugir muito da alimentação habitual dele. Quando estamos em um local que não o dá para cozinhar no momento, levamos sempre as papinhas que não precisa de geladeira.”

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