Por Thaís Valverde
Hoje já são 139 mil seguidores na conta @isthisreal no Instagram, mas foi com apenas 10 mil na rede social que o até então psicólogo Brian Baldrati viu que a fotografia era mais do que um hobby. O curitibano de 28 anos fez alguns intercâmbios durante a faculdade, o que lhe despertou o olhar para essa área de viagem.
Em 2012, durante um mochilão de três meses no Sudeste Asiático, Brian se viu motivado todos os dias para acordar cedo e tentar fazer fotos melhores do que nos anteriores. Quando retornou ao Brasil para os últimos dois anos de psicologia, resolveu também estudar fotografia. O seu objetivo era juntar suas duas paixões: viagens e fotos.
Depois de formado, Brian foi ampliando seu portfólio. O perfil no Instagram começou a crescer cada vez mais e, aos poucos, as oportunidades de se firmar na carreira foram surgindo. De 2015 a 2016, o fotógrafo foi convidado para conhecer o Marrocos, alguns destinos do Brasil, Ushuaia (na Argentina), Índia e África do Sul. Em 2017, foi convidado para ser embaixador da Gopro. Recentemente esteve a trabalho na Jordânia, Egito, Croácia, Havaí, Estados Unidos e Grécia.
A experiência com fotografia de viagens e a interação no Instagram evoluiu para novos projetos como o #Isthisrealtrips, que você vai conhecer mais na entrevista que fizemos com ele:
GO OUTSIDE: Quantos países você já visitou e quais você ainda deseja conhecer?
BRIAN BALDRATI: Já foram 57 países. E tem muitos ainda que pretendo conhecer: Mongólia, Islândia, Filipinas, Japão e Etiópia são alguns que estão na lista.
GO OUTSIDE: Vale tudo por uma foto? Qual perrengue você já passou para fazer aquela imagem inesquecível?
BRIAN BALDRATI: Tudo, não. Dá para fazer a adrelina subir sem colocar a vida em risco. Eu estava em uma road trip sozinho pelos EUA e um dos meus destinos foi o Grand Teton National Park (EUA). Antes de chegar lá, pesquisei um pouco sobre o destino e vi um nascer do sol muito lindo de um reflexo da água com as montanhas nevadas ao fundo. Já era noite, tinha jantado na cidadezinha e coloquei no Google maps o nome do lago, dirigi mais ou menos uns 30 minutos pela rodovia e peguei uma estradinha para a entrada do parque. Lá tinha uma cancela informando que a estrada estava fechada. Meu desejo de fazer a foto era maior do que voltar para a cidade e perder o nascer do sol, então decidi abrir a cancela e entrar. Dirigi uns 3 km e, de repente, vejo que a estrada estava coberta por neve. Decidi arriscar e acabei encalhando o carro. Isso devia ser meia-noite e meia. Eu tinha a opção de voltar pra estrada a pé e pedir ajuda para algum carro que passasse na rodovia – mas estava com medo dos ursos, chovia, e eu sabia que poderia ser punido por entrar em um local proibido. A outra opção era tentar desencalhar o carro sozinho. Arranquei a placa do carro e usei como pá para tirar a neve. Depois de 3 horas trabalhando já não sentia mais minhas mãos e pés. Enquanto isso meus seguidores me acompanhavam pelos stories e me davam dicas do que fazer. Claro que fiz um registro depois de desencalhar o carro. Rodei mais uns 10 minutos na estrada e cheguei perto do lago, mas ainda eram 4 horas da manhã. E o perrengue continuou, pois tive que dormir ali mesmo, com a roupa molhada. Deixei a bota do lado de fora do carro para secar, mas, como ela estava molhada, acabou congelando. Quando acordei não pude vesti-la, tive que colocar duas meias e um chinelo. Se valeu a pena? Faria tudo de novo!
GO OUTSIDE: Qual a sua experiência mais marcante como fotógrafo de viagem?
BRIAN BALDRATI: Na Índia, estava caminhando pela rua sozinho e acabei conhecendo algumas crianças que brincavam na rua. Aproveitei e fiz algumas fotos delas. No dia seguinte resolvi revelar as fotos e voltei para o mesmo lugar onde as encontrei pela primeira vez. A maioria delas estava por lá e entreguei as imagens. Era a primeira vez que elas se viam em fotos impressas. Naquele mesmo dia acabei fazendo fotos de toda a família e fui à noite com o pai de uma delas revelar outras imagens. Eu me senti muito grato por ter participado dessa experiência. Nunca antes tinha sentido o poder da fotografia dessa forma.
GO OUTSIDE: Como é o seu novo projeto, o #isthisrealtrips?
BRIAN BALDRATI: Desde que criei o @isthisreal vejo que minha maneira de viajar – de pegar a mochila, escolher o destino e conhecer os lugares como um “local” — encanta muita gente. Há algum tempo meus seguidores comentam e enviam mensagens demonstrando interesse de viajar comigo e vivenciar minhas experiências. Organizei minha primeira expedição para a Chapada dos Veadeiros no reveillon de 2016/2017. A viagem foi um sucesso. Foi um grupo de 25 viajantes do Brasil inteiro para passar uma semana acampando lá. O mais legal disso tudo foi ver que consegui unir pessoas com interesses comuns que dificilmente se encontrariam nessa vida. Eles criaram um vínculo de amizade tão grande que durante o ano organizaram encontros em suas cidades, e o grupo de whatsapp apita todo o dia até hoje!
GO OUTSIDE: Qual dica você dá para quem deseja um dia também se tornar um fotógrafo de viagem?
BRIAN BALDRATI: Hoje a fotografia de viagem não é só via Instagram. Existem formas diferentes de ganhar dinheiro como fotógrafo de viagem. Você pode escrever um projeto para alguma marca e pedir patrocínio, pode produzir conteúdo para banco de imagens, entre outras opções.
Galeria com algumas fotos do Brian Baldrati: