Todos nós queremos ter uma relação sadia e duradoura com as nossas metas atléticas, e para isso cuidamos de nossos corpos através de treinos adequados, sono de qualidade e nutrição balanceada.
E, enquanto isso é importante – até vital – poucos de nós prestam atenção a como cuidamos de nossas mentes com relação a esse objetivo.
Por exemplo, como manter a paixão pelo esporte a vida toda? Como manter uma perspectiva saudável em relação às competições? Como nos reerguer quando não conseguimos atingir nossos objetivos, e, ao mesmo tempo, não nos tornar viciados em resultados e sucessos?
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De acordo com psicólogos, a chave é saber a diferença entre duas mentalidades: a paixão harmoniosa e a paixão obsessiva. Na paixão harmoniosa, você se “vicia” em uma atividade – música, arte, escrita, esporte – por causa do jeito que se sente quando a pratica; sua vontade vem do seu interior, e você quer melhorar para crescer como pessoa e se sentir realizado.
Na paixão obsessiva, são fatores externos, como resultados, prêmios e reconhecimento que são mais importantes. De acordo com um estudo publicado no periódico Psychology of Well Being: Theory, Research and Practice, pessoas que exibem comportamentos da paixão harmoniosa costumam ser mais felizes, mais saudáveis, ter melhores performances e serem menos propensas à exaustão. As que demonstram paixão obsessiva têm ligações mais fortes com depressão, ansiedade e insatisfação geral com a vida.
Mas os dois tipos de paixão não são mutuamente excludentes. Para a maioria dos atletas, é importante usar as duas, pois os objetivos que nos damos facilitam o progresso. O importante é garantir que a maior parte da sua motivação venha da paixão harmoniosa. Ricky Soos, ex-atleta olímpico e técnico de corrida no Arizona (EUA), diz: “Pode parecer clichê, mas é muito mais importante focar na melhora atlética e nos resultados a longo prazo, do que em resultados imediatos”.
Todos podem se beneficiar do cultivo de uma paixão harmoniosa por seu esporte. Apesar de cada pessoa encarar esta missão de uma maneira diferente, Ricky dá algumas dicas de práticas que podem ajudar:
O foco é no processo, e não no resultado
Não dá para controlar contra quem você vai competir. Mas dá para controlar a sua preparação e treino. A maratonista olímpica Des Linden mantém sua paixão harmoniosa criando um elo entre seus resultados e seu desenvolvimento como pessoa. “Pergunto a mim mesma: O que foi que eu ganhei nos últimos quatro meses, enquanto me preparava para esta prova? Cresci como pessoa?”
Mantenha vivo aquilo que te atraiu ao esporte em primeiro lugar
Poucas pessoas começam a praticar um esporte tendo a intenção única de vencer. Na verdade, as pessoas praticam esportes por causa do jeito que se sentem, para ter uma dose saudável de competição em suas vidas, e ser parte de uma comunidade. Reflita regularmente sobre as suas razões originais para ser um atleta, especialmente após grandes vitórias ou derrotas. Des diz que ela constantemente se lembre de que é apenas um esporte. “Estamos correndo do ponto A ao ponto B, não descobrindo a cura para o câncer”. Depois das Olimpíadas de Londres em 2012, quando sofreu uma fratura femural por estresse, Des se afastou do esporte e percebeu que “corre porque gosta de correr”.
Procure apoio social
Cerque-se de outros atletas que tenham uma relação de paixão harmoniosa com seus esportes. Pesquisas mostram que a motivação é contagiosa.
De tempos em tempos, liberte-se do feedback objetivo
Faça alguns treinos onde você não preste atenção alguma a seu pace, a seu peso, ou a qualquer outra medição. Treinar assim te deixa curtir a liberdade de apenas amar seu esporte.
Determine um objetivo de desenvolvimento pessoal
Você aprende e cresce tanto com derrotas quanto com vitórias. Se o seu objetivo é se tornar uma pessoa melhor, todo resultado atlético é capaz de te ajudar.