A Go Outside tem acompanhado a recente trajetória do escalador paulista Felipe Ho, que aos 16 anos desponta como um dos nomes mais promissores deste esporte no país. No fim de 2014, Felipe ganhou o Campeonato Brasileiro Juvenil, realizado em São Paulo, na modalidade dificuldade. No mesmo evento, ficou com o segundo lugar na categoria pro, mesmo competindo contra escaladores bem mais velhos (entre 20 e 39 anos).
O ano de 2015 continua sendo de pura dedicação: em janeiro, em São Bento do Sapucaí (SP), ele encadenou o primeiro boulder de graduação v13 de sua carreira – The Power of Minduim, aberto pelo norte-americano Daniel Woods – e, neste ano, Felipe divulgou um vídeo em que aparece mandando o projeto Virada do Ano (V10), na praia de Fortaleza, em Ubatuba (SP) – veja aqui.
Mas no Brasil as coisas não são nada fáceis para a maioria dos escaladores — mesmo os profissionais. É por isso que Yen Ho, mãe e empresária de Felipe, resolveu ajudá-lo nesta empreitada. “No momento, peço ao universo que nos dê uma força”, filosofa Yen, que agora tenta conseguir um apoio para emitir as passagens aéreas e Felipe poder estar no Campeonato Brasileiro de Escalada Esportiva de 2015, que acontecerá no dia 1º de agosto, em Curitiba (PR).
“Acredito estar fazendo um trabalho para o bem da escalada”, segue Yen. “Tenho certeza de que este garoto vai longe.” Nesta semana, ela conseguiu mais um apoio para o filho, desta vez da loja virtual Quero Escalar e, graças a isso, Felipe pôde embarcar a Ouro Preto (MG), onde está treinando para seus próximos desafios – sua missão por lá é mandar um dificílimo boulder de graduação V14.
A seguir, Yen conta um pouco como tem sido sua batalha para ajudar o filho, que no fim de agosto estará em Arco, Itália, representando o Brasil no IFSC World Youth Championship 2015, o Campeonato Mundial Juvenil de escalada, nas modalidades boulder e dificuldade. "Devo dizer também que o pai do Felipe, Carlos Andre Foganholo, também está nessa luta comigo", adianta Yen.
GO OUTSIDE: Em que momento você percebeu que era a hora de tentar ajudar o Felipe em sua missão de tornar escalador profissional? Teve que mudar de vida por conta disso? Quais foram os resultados até agora? Você está otimista? Você costuma acompanhá-lo nessas viagens?
GARRA: Felipe em ação (Foto: Fill Giurati/ via Facebook)
AMOR INCONDICIONAL: Yen e Felipe, há uns anos
Yen Ho: A ficha caiu de verdade há uns dois meses, quando o fisioterapeuta dele me disse que estávamos em frente de um atleta de alta performance. Senti um frio na barriga, pois eu ainda o enxergava como um filho, que apenas praticava muito escalada. Neste dia, embora estivéssemos já recebendo o apoio de algumas marcas, eu não o enxergava nesta dimensão, e comecei então a achar que ele merece mais. Quando me reuni com uma equipe de fotógrafos do esporte, tomei outro susto ao enxergar o lado comercial do meu filho. A partir daí, embora ainda resistindo a tanta exposição, mas atendendo a paixão dele e a minha pela escalada brasileira, minha energia e disposição em ajudá-lo aumentou drasticamente.
Ser empresária do Felipe passou a ser minha prioridade, e tive que deixar meus outros negócios em “stand by”. Comecei a pensar no meu filho como atleta profissional, preparando portfólio e fazendo diversos contatos em áreas do esporte, do jornalismo e com empresas multinacionais onde já trabalhei. Também falei com amigos e familiares, sempre focada em aliviar nosso custo financeiro.
Consegui apoios interessantes, como um da loja Bivak, que forneceu a passagem para o campeonato mundial de escalada, que acontecerá na Itália agora em agosto. A marca nacional Conquista também nos apoia com equipamentos, sessões de fisioterapia e nutricionista. Ontem, fechei com outra loja de produtos, a Quero Escalar, que custeou a passagem aérea do Felipe para BH. Desde o início da carreira, o Felipe tem apoio da academia 90 Graus e, nesta semana, também fechamos com a Casa de Pedra. Acredito que se ele conseguir um patrocínio ainda neste ano, será muito bom para a escalada brasileira, pois há diversos campeonatos pela frente, dentro e fora do país.
Confesso que ainda estou em fase de amadurecimento desta perspectiva. Ainda me vejo como mãe e, portanto, o enxergo muito como o “meu filho”. Mas acho que estamos caminhando bem, dando um passo de cada vez. Conto muito também com apoio da comunidade da escalada, sempre acompanhando de perto o meu filhote em sua trajetória, e sou muito feliz e grata por isso.
Sempre que eu posso. Inclusive gostaria de estar com ele no mundial. Eu também escalo um pouquinho, tenho sapatilha, cadeirinha e todos os equipos. Mas quero me dedicar mais para poder competir também.