Skate dá futuro


TOME NOTA: Lições de equilíbrio

Por Bruno Romano, da revista Go Outside

Fotos e vídeos: Octávio Scholz

“TODOS EM CIMA DO SKATE. Agora dobrem os joelhos e acertem a base. Muito bom, é isso aí!”

Assim começa mais uma aula de skate para crianças e adolescentes entre seis e 14 anos ministrada numa praça pública do Jardim Monte Kemel, bairro da zona oeste de São Paulo (SP). O professor que puxa o aquecimento é Luis Ribeiro, o Hiena, skatista de coração e educador físico de profissão. Ele sabe que o skate é novidade para a maioria daquelas crianças, que estão ali graças ao Projeto QqUINTaL.

Faz cinco anos que esta iniciativa promove atividades lúdicas e educativas fora do horário escolar. Nesta semana, a Go Outside foi conferir de perto essas aulas outdoor.

Fora o skate, a molecada da região tem aulas de jardinagem, marcenaria e artes plásticas, sempre sob a mira de um supervisor que entende muito do assunto. Tudo começou graças ao gestor ambiental Felipe DeLucca, que para dividir novos conhecimentos com a nova geração tem contado com a colaboração de amigos. Hoje, as atividades também estão integradas ao espaço da ONG Cáritas, que já atua na região há 16 anos promovendo atividades esportivas e educacionais fora do horário letivo.

Fornecer skates e kits completos de segurança para a criançada é uma conquista recente do QqUINTaL. Há sete meses, esse esporte entrou oficialmente no projeto via Lei Paulista de Incentivo ao Esporte, um processo articulado pela Associação de Skate Universitário (A.S.U.) e pela Sumatra Marketing. “A ideia surgiu depois de organizarmos um dia de skate para as crianças do projeto”, lembra Marcos Camazano, skatista profissional e atual coordenador do QqUINTaL Skate. “Deu certo e todo mundo gostou, por isso fomos atrás de apoio para incluirmos definitivamente o skate entre as atividades.”

CARLOS EDUARDO, DE 11 ANOS, acertou seu primeiro ollie no dia da nossa visita. “Quero andar igual ao meu irmão”, diz determinado. Dois anos mais velho, o irmão é outra “cria” do QqUINTaL.

O primeiro ollie a gente nunca esquece

Atualmente, Carlos é um dos alunos mais dedicados e atentos de uma das turmas de 15 crianças, entre meninos e meninas. Por semana, mais jovens se encontram ao longo de oito atividades oferecidas, que acontecem sempre de manhã e à tarde, de quarta a sexta-feira. Em clima descontraído, também rolam divertidas “sessões de bagunça”.

“Eles melhoraram muito”, conta o professor Hiena. “É impressionante: nos ouvem e nos respeitam cada vez mais. É nítido o aprendizado diário.” Para o educador, há momentos em que é preciso agir com firmeza, mas também é preciso deixar os alunos experimentarem alguns movimentos sozinhos. “Não quero limitar a imaginação deles. Pelo contrário, quero que abram a cabeça para a vida. E o skate ajuda muito nisso”.


GANGUE: Coordenadores e alunos do QqUINTaL Skate

Graças à iniciativa, meninos como Lucas Silva, de 10 anos, descobriram uma divertida alternativa ao futebol, até então uma das únicas atividades esportivas que aquelas crianças tinham acesso.

“QUE SKATE ‘ZICA’ HEIN, PROFESSOR”, diz Lucas, elogiando o modelo Diet Pro Model do coordenador Marcos Camazano. Lucas é ligeiro, já domina as manobras básicas e não tem medo de se arriscar em novas. Em determinado momento da aula, ele e os outros meninos são finalmente liberados para dar um rolê no skate pró de Marcos. E, inevitavelmente, todos se divertem.

“Isso é que é vida ‘lek’”, grita Lucas. Ele está feliz e sorri porque está exatamente onde gostaria de estar: em cima do seu skate, aprendendo.







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