Futuro gigante

Aos 14 anos, Pedrinho Caldas já consegue girar 540 graus no ar de cabeça para baixo com uma prancha nos pés. Conheça essa promessa do wakeboard brasileiro

Por Mariana Mesquita


DA HORA: Pedro manobra sua prancha no Red Bull Wake Premiere, em Jaguariúna (SP);
abaixo, faz cara de concentrado durante a prova


(FOTOS: Marcelo Maragni)


NÃO TINHA COMO O GAROTO ESCAPAR. Filho do empresário goiano Pedro Paulo Caldas, proprietário do Naga Cable Park, um parque turístico com equipamentos de wakeboard em Jaguariúna (SP), Pedro começou a brincar de deslizar sobre as águas aos 5 anos. Em 2010, aos 9, ele chamou a atenção da nata brasileira do wakeboard na categoria mirim do campeonato paulista. Sem saber, Pedrinho começava ali sua promissora carreira no esporte.

Sempre se divertindo, Pedro já competiu e fez bonito em lugares como Estados Unidos, Filipinas e Emirados Árabes. Dono de títulos paulistas, ele terminou o ano passado como líder do ranking profissional brasileiro de cable park (modalidade na qual o atleta é puxado por cabos), desbancando Marcelo “Marreco” Giardi, 32 anos e sete títulos nacionais nas costas. Em março de 2014, uma semana após completar 14 anos de idade, Pedro, venceu o astro sueco Mattias Hoppe, 23, um dos principais nomes do wakeboard europeu e inventor de mais de 10 manobras, ficando com o título do Red Bull Wake Premiere, que aconteceu no quintal da sua casa, em Jaguariúna.

Nascido em Goiânia e criado solto na cidade paulista de Campinas, Pedrinho é um figura, daqueles que responde “sou lindo” quando questionado sobre suas qualidades. Mas não se intimida com competições e rivalidades, e sabe bem o que quer: ser bom no wakeboard. A seguir, um pouco mais sobre o jovem campeão.


Escola

“Estou no ensino fundamental de uma escola em Campinas, onde vivo. Tento levar uma vida normal e estudar é condição fundamental para eu continuar viajando. Minha mãe me cobra sempre ter boas notas. Quando preciso faltar por causa do wake, busco repor a matéria. A escola sempre ajuda.”


Rotina

“Costumo levantar cedo e ir para a aula. Depois da escola, vou para o Naga Cable Park, onde treino com o meu pai. Às vezes, treino também com o Marreco na escola dele, a Marreco Wake School, em Bragança Paulista (SP). Pelo menos duas vezes por semana vou para a academia. À noite, brinco com meus amigos, jogo videogame ou faço o dever de casa.”


Wake pelo mundão (e no Brasil)


“Já tive a oportunidade de viajar para vários lugares com estrutura para o wakeboard, como Dubai, Orlando e Filipinas. Mas sei que o Brasil tem bons lugares para praticar o esporte, como os lagos grandes de Bragança Paulista (SP). Nosso problema é mesmo a falta de atletas, porque o wake é um esporte ainda pequeno e pouco estimulado no país.”


Um ídolo

“Daniel Grant.” [O atleta britânico tem 16 anos de idade, mora na Tailândia e ocupa o terceiro lugar no ranking do Wake Park World Series Pro Men, o Circuito Mundial da modalidade]


Concentração

“Em dias de competição, busco simplesmente me divertir, como deve ser. Não deixo de fazer nada por causa do campeonato, o que pra mim já é um modo de aliviar a tensão.”


Se não praticasse wakeboard

“Ah, acho que iria encher o saco do meu pai até nos mudarmos para praia, porque lá eu poderia surfar todos os dias pelo menos”


O sonho


“Quero me tornar um dos melhores atletas mundiais e ser consagrado no meu esporte. Quero ser bom nisso.”


Pedro pelos outros

“Ele é um filho muito especial, carinhoso e parceiro. É uma criança como todas as outras, que gosta de se divertir e brincar. O mais legal é que para o Pedro não existe a diferença em ser criança, esportista e filho. Ele vive um conjunto de tudo isso”, diz a mãe, Cristiana Machado.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de junho de 2014)