Vida na bike


PEDALA, FÁBIO: O autor, que percorreu sozinho e de bike o Trópico de Capricórnio

Por Camila Junqueira

Se no War, o tradicional jogo de tabuleiro, a missão acima já é difícil, imagina na vida real, sozinho e montado em cima de uma bicicleta. Pois foi exatamente esse o número de países que o paulistano Fábio Zander já percorreu desde que começou a pedalar, há mais de 15 anos.

Nesse livro, Ciclotrópico Capricórnio, que combina relato e fotografias, mergulhamos em sua mais recente aventura, que perseguiu o Trópico de Capricórnio do Oceano Pacífico até o Atlântico. Fábio cruzou todo o continente sul-americano: atravessou a Cordilheira dos Andes, a selva de Las Yungas, o Gran Chaco, as lavouras de soja e milho do Paraná e, por fim, desbravou a Mata Atlântica que compõe a Serra do Mar. A seguir, ele nos conta mais detalhes a respeito de sua odisséia sobre duas rodas.


Go Outside: O que o motivou a fazer essa viagem?

Fábio Zander: Conhecer meus limites, além de visitar lugares, pessoas e culturas diferentes com a bicicleta. Acredito que viajar transforma e melhora as pessoas. Outro motivo é o “medo” de ficar preso a uma rotina. É engraçado: quando estou em casa tenho vontade de viajar e, quando estou em uma longa viagem, tenho vontade de voltar para casa. Difícil de explicar essa vontade de ir e vir.

Por que escolheu seguir o Trópico de Capricórnio?

Queria fazer uma nova travessia de oeste a leste do continente sul-americano. Estudando um mapa, acabei “esbarrando” nessa linha imaginária que atravessa regiões de grandes contrastes, saindo do deserto mais árido do planeta, o Atacama, e terminado às margens da úmida mata Atlântica. A pedalada começou em Antofagasta, no norte do Chile, e terminou em Ubatuba, no litoral norte paulista. Eu quis registrar todas essas regiões contrastantes na forma de fotos e textos em meu diário de viagem. Dele surgiu o livro.


Qual foi o maior desafio que você encontrou ao longo da viagem?

Pedalar no deserto do Atacama, pois até então não tinha experiência com travessias de desertos nem com pedaladas em grandes altitudes. Carregava muito peso na bicicleta, pois não havia muitos pontos de abastecimento de água e comida. Alguns dias carregava até 20 litros de água! Outra região isolada e dura de se pedalar, também por causa do calor, foi o Gran Chaco, no norte da Argentina.


Qual foi o lugar que mais o marcou?

O deserto do Atacama, pelo isolamento e por ser uma região que há anos sonhava conhecer.



“Ciclotrópico Capricórnio – A travessia do continente sul-americano”
, de Fábio Zander
(R$ 37; 52 páginas;
zanderbiketours.com)