Ideias, tecnologia e design que marcaram para sempre o mundo outdoor
1930 1943 1935 1957
1957 1958 1965 1986 1990 1990 1992 2009 (Reportagem publicada originalmente na Go Outside de maio de 2011)
O neoprene é manufaturado pela primeira vez, fruto do trabalho do norte-americano Wallace Carothers e seu parceiro Arnold Collins, dois pesquisadores da fábrica da DuPont. Foi o primeiro produto composto de borracha sintética comercializado em massa. Sem o neoprene, não haveria roupas para muitos esportes aquáticos – e jamais seria possível, por exemplo, surfar em águas geladas.
Os franceses Jacques Cousteau e Émile Gagnam criam o primeiro equipamento de mergulho autônomo. Um aparelho de respiração autônoma já havia sido patenteado nessa época, mas faltava uma válvula de alta pressão para equilibrar as pressões existentes no fundo do mar. Eis, então, que Cousteau (foto) e Gagnam inventam a válvula reguladora. A ideia de conjugar um cilindro de ar com uma válvula respiradora deu origem ao mergulho autônomo e permitiu que o ser humano permanecesse debaixo da água por mais tempo e conhecesse as profundezas dos oceanos.
Seis escaladores morrem de frio em Punta Raisca, nos Alpes Ocidentais, após a expedição ser atingida por uma nevasca. Os calçados que usavam para enfrentar as paredes eram simples botas com cordas. Seus calçados com pregos, utilizados para enfrentar terrenos mais íngremes na neve, haviam sido deixados no campo base, e foram sepultados pela neve e gelo, deixando a expedição inesperadamente sem proteção. O alpinista Vitale Bramani, um respeitado guia da época, compreendeu ali que o uso de equipamentos inadequados eram a causa de muitos acidentes. Decidiu então desenvolver um novo tipo de sola que permitisse fazer uma bota mais especial para escalada. Junto com Leopoldo Pirelli, criou as solas Vibram, que revolucionou o mercado dos calçados técnicos.
O jovem norte-americano Yvon Chouinard (foto), de 18 anos, comprou uma bigorna e um martelo e começou a fabricar pítons de aço endurecido e vender para escaladores para custear seu próprio hobby de subir paredes e montanhas. Até então os pítons eram muito maleáveis e não podiam ser utilizados mais de duas vezes. Com o equipamento criado por Yvon, os escaladores ficaram mais confiantes e, em 1958, Warren Harding completou a primeira ascensão do El Capitan, no Yosemite, considerado um dos paredões mais difíceis do mundo.
Cientistas inventam a fibra de carbono utilizando algodão e fibra de celulose. O material iria revolucionar as competições de ciclismo quase 20 anos depois, graças a sua durabilidade e maleabilidade. Em 1975 foi produzido o primeiro quadro de bicicleta com tubos de carbono, feito pela lendária Exxon Graftek. Em 1992, com uma bicicleta desse material projetada pela Lotus, a mítica montadora de carros esportivos, o ciclista inglês Christopher Boardman venceu a prova de perseguição individual nos Jogos de Barcelona. O modelo era mais leve e tinha uma aerodinâmica que reduzia em 15% a resistência do ar.
Ed Scott, um engenheiro de Idaho, nos EUA, desenvolve o primeiro bastão de esqui em alumínio, aposentando em tempo recorde os antigos feitos em bambu e ferro. A invenção se revelou um sucesso imediato e deu o pontapé inicial na empresa Scott, que décadas depois ganharia fama como umas maiores fabricantes de bikes do mundo.
O treinador do time de futebol americano da Universidade da Flórida, Ray Graves, procurava uma solução para a queda de rendimento físico do time durante os treinos e jogos. Em 1960, ele pediu ajuda a Robert Cade, que fazia parte de uma equipe de cientistas. Cinco anos depois, foi apresentada ao mundo uma bebida que proporcionava a reposição rápida de líquidos, carboidratos e sais minerais. Nascia o isotônico.
1969
O engenheiro norte-americano Robert W. “Bob” Gore e sua equipe descobrem o politetrafluoretileno expandido, popularizado com a marca Gore-TEX. Mas foi somente em 1980 que ele conseguiu a patente do material como “lâmina impermeável”. Os tecidos Gore-TEX ganharam notoriedade por sua ótima impermeabilidade e respirabilidade. Quando o produto ainda estava em fase de testes, dois estudantes americanos, intrigados com o novo tecido, passaram sete dias dentro de uma câmara frigorífica comparando o rendimento do novo produto com os convencionais. Eles gostaram do que viram e sentiram e, na sequência, o Gore-Tex foi conquistando cada vez mais fama e admiradores.
1978
O norte-americano Jeff Grell constrói a primeira fixação para pranchas de snowboard. Quando as primeiras pranchas foram criadas, eram de madeiras e de dimensões bem menores às atuais. E tinham uma corda em uma de suas extremidades para o praticante segurar e assim manter o equilíbrio. Seu design evoluiu rapidamente, e o aficionado por esqui Dimitrije Milovich começou a modificá-la usando poliéster, além de madeira laminada. Depois elas foram redesenhadas com a utilização da fibra de vidro. Mas, se Jeff não tivesse construído a primeira fixação para pranchas, as provas de snowboard não teriam ganhado tanta velocidade.
1982
Enquanto esquiava, o professor Seppo Säynäjäkangas encontrou um amigo que reclamou da falta de um instrumento capaz de medir com exatidão o ritmo cardíaco dos atletas. Com essa ideia na cabeça, Seppo criou a empresa Polar, na Finlândia, e em 1982 lançou o primeiro monitor de ritmo cardíaco sem fio, revolucionando de uma vez por todas a maneira como as pessoas treinam.
Até então, o rafting ainda era considerado um esporte perigoso, com vários incidentes contabilizados mundo afora. Em 1869, John Wesley Powel fez o primeiro rafting nos EUA, no rio Colorado. Ao longo das décadas, a modalidade foi ganhando popularidade, mas ninguém sabia exatamente como torná-la mais segura. Finalmente, em 1986, o norte-americano Nataniel Galloway resolveu aposentar um hábito que, hoje, parece até bizarro: remar de costas para as corredeiras. Naquele ano, ele mudou os assentos do bote, virando os participantes para frente, o que possibilitou maior reconhecimento do percurso e assim um melhor desempenho nas manobras.
Surge a primeira prancha de wakeboard, criada pelo surfista havaiano Erick Perez. Para isso ele utilizou a tecnologia disponível na indústria do esqui aquático, como a fibra moldada à compressão, de flutuabilidade quase neutra, que permitia aos atletas afundá-las para sair mais facilmente de dentro da água. Essa fibra prensada gerou maior resistência aos impactos, e assim vieram as manobras mais altas e fortes. A inovação alavancou o boom do wakeboard nos anos seguintes.
Um GPS é utilizado pela primeira vez, na Guerra do Golfo. Alguns anos depois o aparelho foi liberado para o uso de civis. Foi um marco para alguns esportes outdoor. Antes da invenção do aparelho, tudo o que se tinha eram os bons e velhos mapa e bússola – e, mesmo assim, era grande o número de aventureiros que não chegavam a seu destino final. Apesar de revolucionário, há quem afirme que o uso do GPS diminuiu bastante o clima de aventura das expedições
É lançada a Stumpjumper FS, a primeira bicicleta com suspensão dianteira fabricada pela norte-americana Specialized. Depois vieram as bikes da marca com suspensão total – FSR –. Mas a fabricante, uma das maiores do mundo, jamais deixou de evoluir e, na década de 2000, colocou no mercado um amortecedor inteligente, que interpretava automaticamente o terreno.
2002
Até essa data, as pranchas de snowboard e sandboard se pareciam demais, o que não era nada bom para o esporte praticado na areia, com exigências específicas e diferentes do esporte na neve. O brasileiro Ronaldo Glufke, então um recém-formado design industrial, decidiu investir na área e criou uma prancha toda pensada para o sandboard: em vez de retas, as curvas laterais foram invertidas para cima. No snow, a tal característica é importante para quebrar o gelo, mas na areia a história muda de figura. Conclusão: com isso, Ronaldo desenvolveu uma prancha bem mais solta nas dunas.
Antes alguns surfistas já tinham mostrado ao mundo pranchas feitas de forma mais sustentável. Mas foi somente no ano retrasado que veteranos da indústria do surf na Califórnia quebraram um antigo paradigma do mercado de pranchas e tornaram realidade a sustentabilidade na cadeia produtiva do principal produto para a prática do esporte. Foi criada uma plataforma para a fabricação de pranchas a base de poliuretano reciclado. Dessa maneira, os rejeitos tóxicos de pranchas velhas agora retornam à cadeia produtiva do surf.