Descanso forçado

Mais um dos muitos obstinados a alcançar os Sete Cumes do planeta, o engenheiro e administrador paulistano Cid Ferrari está de volta de sua expedição frustrada ao Everest. A empreitada representaria sua sexta montanha na corrida pelos Seven Summits.

Fascinado pelo alpinismo, Cid já tem na bagagem as conquistas dos montes Kilimanjaro (África), Elbrus (Europa), McKinley (América do Norte), Vinson (Antártica) e Aconcágua (América do Sul). E o Everest tinha tudo para ser o próximo da lista do engenheiro, não fosse por uma trombose diagnosticada na maior montanha do planeta durante seu ataque ao cume no final do mês de maio.


PELO MUNDO: Cid Ferrari já rodou o planeta atrás dos
maiores cumes de cada continente

Apesar da decepção, Cid garante continuar focado em seu objetivo de superar os sete cumes. Em um bate-papo com a equipe da Go Outside online, ele revelou alguns detalhes, planos e curiosidades de sua carreira como desbravador de grandes montanhas.

Go Outside – Dentre os cinco cumes escalados, qual foi o que mais te marcou? Por quê?
Cid Ferrari –
Todas as montanhas me marcaram. Cada uma de uma maneira diferente. Uma que posso destacar é a McKinley, no Alasca, uma montanha muito dura e fria. Consegui chegar ao cume, mas peguei uma tempestade na volta e, por isso, a escalada durou 21 horas, quando deveria ter levado cerca de 10 ou 12 horas. Em determinado momento, meus óculos começaram a embaçar e fiquei sem eles por algumas horas. No dia seguinte, enxergava tudo com uma névoa. Já no Elbrus, na Rússia, comprei um sleeping bag para 40 graus negativos e nem precisei usar porque havia aquecimento elétrico no lugar onde dormimos. Dava para ficar de bermuda e camiseta. Também fiquei impressionado com a hospitalidade e simpatia do povo, apesar de estar numa região próxima à Chechênia, onde havia operações militares.

Go Outside – Tem planos de tentar o cume do Everest mais uma vez?
Cid –
Sim. Com certeza. Agora estou no processo de recuperação do meu pé, o que deve me deixar parado por mais de um ano, por isso vou deixar o Everest para um futuro mais distante. Por enquanto, me dedicarei à escalada do Carstenz, uma pirâmide de cerca de 4.000 metros de altitude localizada na Oceania.

Go Outside – Quais as suas dicas para os aventureiros brasileiros que decidirem escalar o Everest?
Cid –
O Everest é uma conseqüência de outras montanhas. Você deve começar por montanhas mais baixas, ganhar experiência em situações extremas, como frio e fortes tempestades, além de problemas físicos diversos. O Everest é uma montanha de extremos, e outras montanhas te credenciarão para ela. Quanto aos cuidados, o que te mata na montanha é o desespero. É fundamental refletir e manter uma calma extrema. Parar, respirar e se situar para, só assim, tomar as decisões adequadas.

Go Outside – Além da trombose, algo mais dificultou a subida ao cume da montanha?
Cid –
Nada além disso. Estava superbem fisicamente, mas contamos com um clima adverso, o que exigiu muita paciência. Meu pulmão estava bom, eu tinha uma boa velocidade de escalada. Enfim, agora é esperar minha próxima chance…







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