Fazia 10ºC graus na última manhã de domingo quando eu tentava, desesperadamente, atravessar São Paulo para chegar até a USP às 6 horas da manhã e preparar em tempo as estações para o Desafio do Hipopótamo. O que aconteceu é que entre minha casa e o ponto de encontro com a nossa equipe do Núcleo Aventura havia duas outras corridas de rua acontecendo simultaneamente e, com isso, o trajeto que eu deveria fazer em 10 minutos durou quase meia hora.
Acho que foram os minutos mais duros e lentos daquele dia: minha cabeça turbinava inseguranças por conta do frio, daquelas tantas corridas concorrentes que bloqueavam o acesso para nosso evento e, principalmente, pela expectativa diante de uma proposta simples, porém inovadora, que realizaríamos dali a poucos minutos.
Foi dada a largada e rapidamente as equipes se dispersaram em busca dos pontos que deveriam passar. Cada dupla deveria escolher seu caminho. Cada idade tinha um número de ponto para cumprir e, em cada ponto, havia tarefas como slack line, corrida do ovo, disc golf e outras atividades para dar graça e astral a nossa corrida. As duplas de adultos poderiam apenas caminhar e tinham um objetivo diferente para cumprir. As duplas velozes corriam enlouquecidamente atrás de 14 prismas. Todos deveriam ter um mapa para se guiar, mas lógico que houve duplas perdidas com mapa e duplas que esqueceram de levar seu próprio mapa. Algumas duplas iam de bicicleta, outras de patinetes, outras de skate, muitas corriam, e todas aquelas pessoas tinham um ponto em comum: sorriam!
Nossas boas e antigas brincadeiras de rua, além de darem vida para uma rota de esculturas que existe no campus da USP, resgataram o lado infantil que existe dentro de cada um de nós. Ainda fecho os olhos e só vejo crianças brincando, porque dessa vez entramos sem perceber no mundo mágico de nossos filhos e daquela criançada que vibrava com orgulho diante da oportunidade de nos receber no seu mundo encantado.
Todo mundo deveria ser mais criança porque isso resgata o conceito de ingenuidade, humor e energia que simplifica qualquer atitude em nossa vida.
O Desafio do Hipopótamo aconteceu no dia 5 de junho na USP. Recebeu 504 participantes, 200 crianças e arrecadou até agora R$ 34.560 para a Associação Drinho que cuida dos dentes de crianças carentes em tratamento de câncer. O evento foi idealizado pela equipe do Núcleo Aventura que tenho orgulho de fazer parte.
Cristina Carvalho é atleta e co-fundadora da assessoria esportiva Projeto Mulher (www.projetomulher.com.br) e do Núcleo Aventura (www.nucleoaventura.com.br).