No topo do mundo


VITÓRIA: Mineiro quebra tudo no Rio

Não consigo pensar em outro assunto nesta manhã de segunda-feira a não ser a incrível vitória de Mineiro. Eu sei, já faz dias que ele ergueu a taça no Rio, mas o nome “Adriano de Souza” continua cravado no topo do ranking da elite mundial. Diga-se de passagem, um feito inédito para o Brasil. Pela primeira vez na história temos um conterrâneo liderando o Dream Tour desde sua criação, há quase três décadas – maravilhoso, não?

Um assunto, porém, esquentou os fóruns e as redes sociais no final de semana. O tema? A bateria entre Mineiro e Owen Wrigth nas quartas. Os gringos alegam que o aussie esguio deveria ter vencido, e que a nota do Mineiro foi valorizada. O mestre em análise de surf-competição Julio Adler foi certeiro na descrição. Tomo a liberdade de re-publicar um trecho escrito por ele (logo abaixo). Mas antes dizemos em caixa alta: DÁ-LHE MINEIRO!

"Quando a ASP ainda nem existia e o IPS regulava um emergente esporte de jovens cabeludos nos anos 70, disputas eram vencidas no grito, por intimidação ou mesmo em troca de pequenos favores.

O surfe evoluiu, profissionalizou-se, chegamos nos anos 80 e o grito, a intimidação e os pequenos favores também se profissionalizaram.Os métodos e critérios de julgamento foram mudando, ano a ano. Ficava cada vez mais difícil para um juiz maquiar um resultado.

Entra Steve Fookes, anos 90, faixa preta de caratê, juiz chefe, nunca levou desaforo pra casa. O julgamento finalmente se moderniza e ai de quem disser o contrário. Só assim Potter pode ser campeão mundial.Sua principal arma? Floaters. O ano é 1989.

Corta pra 2011, bateria do Mineiro contra Owen Wright. A praia emudece esperando pela última nota do australiano. Os dois surfistas já estão fora d’água e a tensão é tão presente quanto o sol queimando nas costas. Owen precisa de 6.74 e tira 6.6. A praia vai a loucura. Owen e Mineiro vão a loucura, cada um do seu jeito. Owen arremessa sua prancha ao chão. Mineiro levanta sua prancha como um espada ao fim da batalha, mostrando sangue adversário escorrendo pela lâmina.

Na entrevista após a bateria, o sempre simpático Owen Wright sente o gosto amargo e destila algum veneno. “Eu não sabia que estava no Tour pra dar floaters”, diz ele. Mineiro venceu a disputa com a mesma manobra que alavancou a carreira de grandes surfistas dos anos 80 e 90, Richie Collins, Nicky Wood e Peterson Rosa.
Um floater numa onda quadrada lhe rendeu a vitória mais contestada do evento. O juiz francês chegou a dar uma nota 9 ao floater do Mineiro.Não podem acusar um francês de patriotismo aqui no Brasil, podem?

Então vejamos, o palanque fica localizado entre a praia e a calçada da Barra da Tijuca, cercado de torcedores fervorosos por todos lados. Num momento tenso como esse, quem tem c*, tem medo. Ou vocês acham que um juiz marcaria um pênalti contra o Brasil no Maraca nas quartas-de-final duma copa do mundo?

Foram muitos anos de resultados estranhos sempre pendendo mais pro outro lado e agora chegou a hora dos australianos e americanos sentirem o desconforto que é ganhar e não levar. Dane-se se Owen ganhou, o que nos interessa é que Mineiro levou. E não se fala mais nisso."

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