Garrafas plásticas vazias, tubos de oxigênio usados, tendas maltrapilhas, cordas e equipamentos velhos. O que parece uma lista de objetos pertencentes a um depósito de lixo nada mais é que uma pequena demonstração do que pode ser encontrado ao longo do monte Everest todos os anos depois de uma movimentada temporada. Ciente dos prejuízos naturais causados pela passagem de milhares de escaladores pela montanha mais alta da Terra (8.848m), o sherpa nepalês Apa (conhecido apenas por seu primeiro nome, como segue a tradição) fundou há quatro anos a Eco Everest, uma expedição que tem como objetivo principal recolher a maior quantidade possível de dejetos espalhados pela montanha no trajeto até seu cume.
Recordista absoluto de ascenções ao “topo do mundo”, Apa, que agora vive com a família nos EUA, sabe da importância da preservação natural da montanha para o povo nepalense: “Se minha subida servir para promover a causa e ajudar a proteger a montanha, então sempre estarei pronto para subi-la”. E ainda acrescenta, em entrevista ao site about.com: “Os Himalaias são nossos deuses e devem ser mantidos limpos”.
Formada por uma equipe culturalmente heterogênia de quase 60 escaladores, a Eco Everest conta com integrantes dos quatro cantos do planeta, incluindo três brasileiros. Estima ter recolhido da montanha, em seus quatro anos de existência (a partir de 2008), cerca de 13 toneladas de lixo, 660 quilos de lixo humano e quatro corpos de escaladores para o enterro adequado.
Mais do que “dar o peixe”, a iniciativa de Apa quer “ensinar a pescar”. Durante sua subida ao Everest neste ano, ele demonstrará aos alpinistas que é possível escalar o monte de maneira limpa e preocupada com a natureza. O grupo recorrerá a fontes alternativas de enegria e iluminação como fogões solares e matarão sua sede com água esterelizada em vez de fervida, o que reduzirá bastante o número de bugingangas abandonadas durante a subida. Mais do que uma lição de cidadania, esperamos que o esforço desse montanhista sirva de exemplo para toda a comunidade de escaladores pelo mundo.
PRESERVAÇÃO: Apa sabe da importância da preservação do pico mais alto do planeta