O escalador paulista Raphael Nishimura, de 34 anos, é o maior nome da paraescalada do Brasil. Destaque do 9º Prêmio Outsiders há três anos, ele já fez história ao se tornar vice-campeão mundial em um evento disputado na França em 2012, competindo contra os melhores atletas do mundo em condições semelhantes a sua – a medalha é um daqueles feitos heroicos e inéditos ao Brasil.
Portador de distonia muscular desde os 8 anos de idade, Raphael segue firme nos treinos até hoje. Atualmente, ele se esforça para estar no próximo Campeonato Mundial de Escalada, que acontece em setembro deste ano, na França. E seu empenho vai além dos treinos nas paredes.
“A procura por patrocínios para viabilizar minha participação já começou”, diz Raphael, que atualmente é o atleta mais bem ranqueado em sua categoria pela Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE).
A última participação dele em mundiais foi em 2014, na Espanha. Ficou em quarto lugar naquela ocasião. “Também me dedico a promover cada vez mais a paraescalada no Brasil: em 2014, cinco atletas competiram na modalidade ‘dificuldade’. E, no ano passado, rolou a participação da primeira mulher”, relata.
Como atleta, Raphael tem o apoio das marcas Five Ten Brasil e Deuter Brasil, além do ginásio de escalada 90 Graus. Recentemente, também passou a representar a marca de equipamentos Trango no país. “Claro que são boas ajudas, mas patrocínio mesmo em dinheiro eu não tenho nenhum, o que significa que dependo exclusivamente do meu trabalho para arcar com as despesas do meu esporte”, diz.
Outra prova de que a categoria está em fase de crescimento é a confirmação do próximo campeonato mundial que vai rolar daqui a uns meses, na França, e que ele quer estar presente. Raphael sente-se honrado em fazer parte desta história toda. “Em minhas duas participações em mundiais, fiz amizades com outros escaladores que têm alguma deficiência física e com os quais mantenho contato até hoje. Coleciono histórias que me emocionam e me motivam”, segue. “No último mundial, por exemplo, um atleta do Irã me disse que seu técnico pedira para ele movimentar as pernas da mesma forma como eu fazia, e para isso assistia a meus vídeos de escalada.”
Sentimento maior do que esse, talvez só a oportunidade de representar o próprio país em um evento internacional. É por isso continuamos na torcida por ele.
VAMOS: Raphael escalando um boulder em Paraisópolis (MG) Foto: Cláudio Brisighello