De Paraty a Santos em um surfski

O fisioterapeuta paulista Ricardo Padovan, de 37 anos, vinha planejando ter um filho havia anos. Sua mulher, no entanto, sofre de hipotireoidismo, condição que torna uma gravidez bem difícil. A notícia de que um filho estava a caminho levou Ricardo a fazer uma promessa ambiciosa: se o bebê nascesse com boa saúde, ele remaria sozinho de Paraty (RJ) a Santos (SP). Arthur chegou ao mundo saudável e Ricardo pagou a promessa. No começo do mês, remou 289 km, sem apoio marítimo nem terrestre, em uma jornada que durou cinco dias. A embarcação escolhida foi um surfski, um caiaque ágil para quem curte remar em águas abertas.


FELIZ: Ricardo durante sua travessia, em homenagem ao filho, Arthur (Fotos: Gilmar Domingos de Oliveira)

A PREPARAÇÃO
"Pratico canoagem há mais de dez anos, estou sempre em contato com a natureza, gosto de desafios longos, de estudar rotas e montar estratégias. Estudei a fundo o mar, as ondas, o vento e as condições climáticas. Preparei-me para a expedição por cinco meses, direcionando os treinos totalmente para o longo desafio que estava por vir. Além de surfski, treinei em stand-up paddle e fiz musculação e mountain bike."

O DESAFIO
"Muitos remadores e velejadores falaram que seria loucura, mas na minha cabeça era uma questão de me preparar muito bem fisicamente, psicologicamente e estudar muito. Eu sabia que, para a maioria, o inverno seria a pior época para fazer a travessia, entretanto para mim pareceu uma excelente oportunidade de usar os fortes ventos e ondulações a meu favor. O segredo seria esperar a janela climática favorável."


À BORDO: Detalhe do surfski de Ricardo durante o trajeto

AS DIFICULDADES
Uma remada de 289 km requer cuidado redobrado. Minhas maiores dificuldades foram a entrada de ventos fortes, enfrentar um mar muito mexido, me sentir enjoado. Também sofri com o sol forte, remadas noturnas e solidão.

A SEGURANÇA
"Optei por utilizar um localizador por satélite chamado SPOT, que possibilitou o acompanhamento da minha travessia em tempo real por meio um sinal emitido pelo localizador a cada dez minutos. O aparelho conta ainda com um botão SOS, que pode dar minha localização em caso de risco de morte. Colete salva-vidas, protetor solar, óculos de sol e leash me unindo ao surfski foram itens obrigatórios."

A ALIMENTAÇÃO
"Minha alimentação precisava me fornecer toda a energia necessária para a travessia, mas ao mesmo tempo tinha que ser a mais leve possível. Levei proteína em pó, sódio, polivitamínico, ômega 3, carboidrato em gel, castanhas, pães, sardinha, comida a vácuo, frutas desidratadas e dois litros de água por dia.







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