Em 2015, a revista Go Outside completa dez anos no Brasil, registrando e divulgando os maiores feitos da vida ao ar livre e dos esportes outdoor aqui e mundo afora – veja os fatos que mais marcaram a aventura ao longo deste tempo
Por Mario Mele e Fernanda Beck
1. EVEREST: glória e lágrimas no topo do mundo
A maior montanha do mundo já viu glórias e tragédias incomparáveis nos últimos dez anos. Do alto dos seus 8.848 metros, o Everest foi palco de grandes expedições e recordes emocionantes, mas também presenciou a banalização do montanhismo comercial e uma longa lista de mortes – muitas delas causadas por falta de conhecimento sobre um dos ambientes mais inóspitos da Terra. Alguns números que marcaram o topo do mundo desde 2005:
19
Mortos na maior tragédia da história do Everest, ocorrida em abril deste ano por uma avalanche provocada pelo violento terremoto que atingiu o Nepal.
16
Sherpas perderam a vida em uma avalanche, em 2014, durante seu perigoso trabalho de instalar cordas fixas na Cascata do Khumbu. O incidente provocou greves e tumultos no campo-base, levando ao fechando da montanha naquela temporada.
US$ 75.000
Média que uma pessoa sem muito conhecimento sobre montanhismo desembolsa para escalar o Everest com uma expedição comercial, na qual sherpas carregam suas bagagens e equipamentos.
US$ 8.000
Valor que um sherpa muito experiente pode receber de agências estrangeiras para realizar trabalhos durante a temporada de três meses na montanha, que incluem perigosas escaladas até o topo – é dez vezes mais do que o salário médio no Nepal. Carregadores menos tarimbados ganham um terço disso.
2011
Ano em que os resgates de helicóptero se tornaram rotina no Everest – voos por lá são extremamente arriscados devido ao ar rarefeito (acima dos oito mil metros, há apenas 30% de oxigênio disponível na atmosfera).
50º
Ângulo de inclinação que a esquiadora norte-americana Kit DesLauriers enfrentou no Everest durante 1,5 km durante sua descida em 2006 (com isso, tornou-se a primeira pessoa a esquiar a partir do topo de todos os Sete Cumes).
5 kg
Peso do equipamento extra que o brasileiro Rodrigo Raineri carregou para tentar voar de parapente do Everest em 2011 – a empreitada não teve sucesso, devido ao mau tempo.
1.100 km
Distância que o inglês Steve Colligan pedalou seu monociclo para chegar ao campo base do Everest, a 5.300 metros de altitude, em 2008.
10 toneladas
Quantidade estimada de lixo que há no Everest atualmente, como resultado das expedições comerciais que têm lotado a montanha nos últimos anos.
13
Idade do norte-americano Jordan Romero em 2010, quando se tornou o escalador mais jovem a pisar no cume do Everest.
80
Idade em que a pessoa mais velha, o japonês Yuichiro Miura, subiu a montanha, em 2013.
30
Quantidade de frascos de dexametasona encontrada na barraca de um escalador amador em 2009. Esse poderoso anti-inflamatório ajuda montanhistas a subirem mais rápido e tem se popularizado bastante por lá por combater o mal da altitude.
Coisas que amamos
Aventuras do bem
Projetos incríveis que têm unido esporte e solidariedade
> Skateistan
Por meio de aulas de skate, a organização resgata a autoestima de crianças e jovens em países como o Afeganistão e o Camboja. skateistan.org
> Vida Corrida
A ONG criada no bairro paulistano do Capão Redondo promove a inclusão social por meio da corrida. vidacorrida.org.br
> Surfaid
Criada por um grupo de surfistas, trabalha para conscientizar a população da Indonésia sobre questões ligadas à natureza e saúde. surfaid.org
> Protect Our Winters
Fundada em 2007, ajuda a alertar as pessoas sobre o impacto que o aquecimento global tem na neve e, consequentemente, nos esportes de inverno. protectourwinters.org
> Save Nepal
Campanha iniciada nas redes sociais após os terremotos que abalaram o Nepal em abril deste ano, com o apoio de montanhistas e escaladores. #SaveNepal
2. ADIÓS, AMIGOS!
Nestes dez anos, alguns atletas e personalidades tornaram o mundo outdoor mais incrível, expandindo os limites não apenas dos esportes de ação, mas do que entendemos como vida ao ar livre. Morreram quase sempre fazendo o que amavam. Ensinaram-nos lições únicas. E deixaram uma saudade tremenda.
Dean Potter
O escalador norte-americano morreu dia 16 de maio, durante um voo de base jump ao lado do amigo Graham Hunt, no Parque Nacional do Yosemite, na Califórnia. De fala tranquila e jeitão desencanado, viveu plenamente o estilo de vida que criou para si: em meio às montanhas, praticando de forma extrema atividades como escalada, base jump, paraquedismo e slackline.
De fala mansa e jeito de filósofo, criou modalidades aéreas que revolucionaram a maneira como a comunidade outdoor encara esportes de ação. Em 2008, por exemplo, inventou o free base, que mescla escalada freesolo (sem nenhum tipo de equipamento de segurança) e base jump – dessa maneira arriscada, o atleta escala até um determinado ponto e, de lá, salta com seu paraquedas de base.
Dean tinha autocontrole de ninja, mantendo o foco absoluto em tudo o que fazia. Conseguia transformar feitos absurdos em verdadeiras obras de arte, como quando inovou ao atravessar o Lost Arrow Spire, o famoso pico de highline do Yosemite, sem usar corda de segurança. “Tento sempre ser o mais livre possível”, costumada dizer.
Nos últimos anos, dividia seu tempo entre o Yosemite e as montanhas da Europa, sempre na companhia de sua cadela Whisper. Com ela, voava de base jump e fazia escaladas por onde passava. Juntos protagonizaram o documentário When Dogs Fly, no qual expõe sua filosofia de vida e seu amor pela natureza e pelos animais. A seguir, alguns trechos da última entrevista dada por ele à Outside dos EUA.
Sentir medo
“Muitas pessoas acham que não sinto medo, mas sinto. O medo é um sentimento válido, me coloca em um estado de consciência no qual percebo melhor as coisas ao meu redor. O medo me deixa mais desperto e calmo, e me torna capaz de fazer coisas apavorantes.”
Segurança
Em 2013, mais de 25 pessoas morreram voando de wingsuit na mesma região dos Alpes onde eu estava. É um número muito grande, uns 5% do total mundial de atletas da modalidade. Aquilo me fez parar para refletir: se sobrevivi às mil vezes em que saltei, foi porque é um esporte seguro ou porque tive sorte? Se você se amedronta a ponto de se traumatizar, pode ficar parado por anos. Eu lembro de ter ficado com muito medo no fim dos anos 90, quando vários amigos morreram e eu quase morri. Estava realmente testando meus limites. Mas testar muito seus limites é andar para trás. Forçar a barra é uma péssima ideia.”
À beira do precipício
“Enquanto estou andando até a beirada do precipício, me preparo, respiro e permaneço calmo. Visualizo o momento e trabalho o salto na minha mente. Algumas vezes chego a desenhar o salto ou escrever cada passo. Sou uma pessoa muito visual. Eu costumava ter dificuldades com altura. Lembro de entrar em colapso e chorar – era muito para mim. Especialmente quando se trata de base jump, em que a queda significa morte. Atualmente consigo ficar confortável enquanto voo. Consigo estar presente no momento. Você nunca faz o seu melhor se está nervoso. Controlar o nervosismo e a tensão é uma necessidade. A arte está em permanecer calmo.”
Administrar o medo
“Gosto da cultura japonesa. Leio muito sobre Miyamoto Musashi, um samurai e budista zen que viveu nos anos de 1.600. Durante uma batalha, ele conseguia ler os pensamentos de seus oponentes. Quando lutava com alguém, não conseguia ganhar a não ser que estivesse em um estado mental completamente desprovido de pensamentos. Quando escalo, não penso: “Agora vou segurar nesta agarra aqui”; apenas ajo. Para chegar ao “não-pensamento”, é preciso um regime estrito de treinamento. Consistência é essencial.”
Meditação
“Minha mãe era professora de yoga e praticou a vida toda. Desde bem pequeno eu a observava fazendo yoga e meditação. Eu conseguia ouvir a diferença na respiração dela. Quando estou tendo dificuldades, concentro-me em minha respiração, para deixá-la relaxada. Não sou bom em sentar no chão e meditar, tenho pouca paciência. Consigo usar essa ferramenta melhor quando estou em movimento. No final da década de 90, comecei a escalar com Jose Pereyra [escalador venezuelano que morreu em uma queda durante uma escalada em Potrero Chico, no México, em 2003]. Jose foi o primeiro a me mostrar que a meditação era um objetivo de vida. Mesmo tendo morrido em 2003, sua influência em mim foi muito forte.”
Envelhecer
“O medo não é algo linear como a idade. Passo por ciclos em que me sinto mais aventureiro, e outros mais conservadores. Como agora sou um pouco mais velho, já percebi que só porque consigo fazer algo não significa que eu deva fazê-lo. Antes de agir, penso: isto está de acordo com o que quero fazer, com o jeito que quero usar minha única chance de viver?”
Vitor Negrete
Em maio de 2006, ele chegou ao topo do Everest sem oxigênio suplementar, porém morreu durante a descida devido a complicações causadas pela altitude. Nenhum brasileiro até então havia tentado a façanha. Com um longo currículo nos esportes outdoor, Vitor já escalara o Aconcágua por diversas vias e fizera o cume do Everest com auxílio de oxigênio no ano anterior à sua morte.
Roberta Nunes
A paranaense – que em 2003, aos 32 anos, conquistou a mais longa via de escalada já aberta por uma mulher (1.610 metros), na Groenlândia – perdeu a vida em um acidente de carro no Yosemite, enquanto aprendia a dirigir, em julho de 2006.
Vitaly Gorelik
Líder de uma expedição inédita, que tentava realizar uma ascensão invernal ao temido K2, no Paquistão, o experiente montanhista russo morreu no acampamento-base dessa montanha por não suportar as condições extremas. “Escalar o K2 é apenas uma das tarefas; outra, bem diferente, é sair vivo de lá”, nos disse Nikolai Totmianin, integrante da mesma expedição, em entrevista publicada um mês antes.
Ramón Rojas
Três meses depois de se tornar o primeiro latino-americano a combinar esqui e base jump em um mesmo salto, o chileno morreu num acidente de wingsuit na Suíça, em setembro de 2014.
Ricardo “Rato” Baltazar
Mais conhecido como Rato, o talentosíssimo montanhista gaúcho escalara lugares como o Fitz Roy, na Argentina, e o Tocllaraju, no Peru. Depois de dado como desaparecido, seu corpo foi encontrado nos cânions da Serra Gaúcha, onde trabalhava como guia.
Fernando Motta
Em abril de 2013, o escalador e base jumper, pioneiro do free base no Brasil, morreu durante um voo de wingsuit em Notch Peak, Utah (EUA).
Hendrik Coetzee
O canoísta sul-africano era conhecido por seu espírito aventureiro extremo. Em dezembro de 2010, numa expedição de caiaque no Congo, ele foi morto por um crocodilo enorme enquanto remava. Tinha 35 anos, e seu corpo nunca foi encontrado.
Bernardo Collares
Em janeiro de 2011, o brasileiro entrou para o rol dos escaladores que não retornaram da montanha depois de se acidentar numa escalada no Fitz Roy, na Argentina.
Andy Irons
O havaiano tricampeão mundial de surf foi encontrado morto em um hotel em Dallas (EUA), em julho de 2010, logo depois de disputar uma etapa do circuito mundial em Portugal.
Ricardo dos Santos
O surfista catarinense foi morto com três tiros em frente a sua casa na Guarda do Embaú (SC), em janeiro de 2015. Ele tinha 24 anos e já havia conquistado vários títulos internacionais, entre eles o Wave of the Winter 2013.
3. TECNOLOGIA a serviço da aventura
Mountain bikes que cresceram em tamanho, câmeras de ação muito mais poderosas e tecnologias que nos permitem monitorar viagens a lugares remotos em tempo real: nesta última década, testemunhamos mudanças significativas na maneira como fazemos e registramos esportes e expedições.
Bikes aro 29
Há seis anos produzindo o Guia de Bikes Go Outside, testemunhamos a tomada de poder das mountain bikes aro 29. Tudo aconteceu num piscar de olhos: se em 2011 as bicicletas de trilhas aro 26 eram a maioria, no último guia, publicado em março de 2015, as 29 dominaram – sobrou apenas um pequeno espaço para as de roda 27,5. As três polegadas acrescentadas ao diâmetro do aro das mountain bikes aumentaram significativamente o rendimento do pedal e caíram no gosto de prós e amadores. Hoje nenhuma mountain bike aro 26 seria capaz de ser mais veloz na trilha do que a Specialized Stumpjumper Elite Carbon, uma hardtail 29 que pesa menos de 10 quilos e ainda é extremamente ágil (R$ 20.000; specializaed.com.br). As 29 são um caminho sem volta.
Câmera inteligente
A Lily é um sonho que virou realidade. Se os drones chegaram causando alvoroço, a Lily foi além: pense num drone à prova d’água e com câmera acoplada que filma em HD, tira fotos e, o melhor, não precisa de piloto. Para que funcione, basta colocar um pequeno dispositivo no bolso, jogar o equipo para cima e em seguida mandar ver no seu esporte, sem se preocupar com mais nada. A Lily estará sempre ali, sobrevoando sua cabeça e registrando seus momentos de heroísmo (US$ 500; lily.camera).
Sites de crowdfunding
Vinte anos atrás, produtos inovadores ganhavam forma em porões e garagens, bem longe da vista do público. Hoje eles nascem na internet, em sites de financiamento coletivo (os chamados crowdfundings) como o Kickstarter, o Indiegogo e o brasileiro Catarse. Só pelo Kickstarter, desde sua criação, em 2009, já passaram mais de 50 mil campanhas de financiamento. Foi assim que redes de náilon superleves, calças jeans com forros de camurça e botas de trekking em estilo urbano saíram do papel.
Óculos do futuro
O Recon Instruments Jet é a prova de que o futuro já chegou. Esses óculos para ciclismo permitem a sincronização com o smartphone via bluetooth e, dessa forma, diversos aplicativos podem ser projetados na parte de baixo de seu campo de visão, monitorando o treino e dando informações sobre o percurso (US$ 700; reconinstruments.com)
Ecopranchas de surf
Se o surf é um dos esportes de maior interação com a natureza, seus equipamentos também passaram a ser mais “verdes”. E a prancha Agave Hunter é a evolução suprema desse conceito: feita a partir de matéria-prima natural e biodegradável, é uma alternativa aos tradicionais e tóxicos blocos de poliuretano ou epoxy. Nas ondas, é solta e rápida (a partir de R$ 1.200; agavehunter.com.br).
Superpernas-mecânicas
Em 2012, a Olimpíada de Londres foi um marco para as próteses esportivas de última geração. O corredor brasileiro biamputado Alan Fonteles (foto abaixo), por exemplo, venceu a final paraolímpica dos 200 metros rasos com o tempo de 21s45 e reacendeu o debate: será que daqui a uns anos as tecnológicas pernas mecânicas vão evoluir de tal forma que esses corredores ficarão com poderes super-humanos?
Monitoramento de expedições em tempo real
Em 2011, uma equipe de cientistas italianos instalou uma webcam movida a energia solar no monte Kala Patthar, no Nepal, com o objetivo de monitorar o derretimento das geleiras da região. A câmera, que fica apontada para o Everest, opera entre as 6 e 18 horas e pode ser acessada pelo site evk2cnr.org. E o que dizer de GPS e telefones satelitais, que no longínquo ano de 2009 já permitiam ao inglês Ed Stafford informar sua localização no Twitter, enquanto ele se embrenhava, a pé e a remo, pela floresta amazônica.
4. A FARSA DO DOPING
Em 2013, o ciclista norte-americano Lance Armstrong protagonizou o maior escândalo da história do esporte envolvendo substâncias ilegais para melhorar a performance. Perdeu seus sete títulos de campeão do Tour de France e tornou-se símbolo de uma era em que o doping não é mais tão escancaradamente aceito como antes. Hoje, através de um sistema de armazenamento de dados, o passaporte biológico criado pela Agência Mundial Antidoping (WADA) monitora mais de 100 mil atletas no mundo inteiro na tentativa de minimizar a prática. Aqui alguns casos famoso de esportistas dopados na última década:
Daiane dos Santos
Expoente da ginástica artística brasileira, a gaúcha foi pega em um teste antidoping em 2009, tendo que cumprir cinco meses de afastamento.
Cesar Cielo (foto)
Um dos maiores nomes da natação brasileira foi flagrado durante o torneio Maria Lenk, em 2011. Teve pena branda: levou uma advertência e seus resultados no evento foram anulados.
Jan Ullrich
Em 2012, o ciclista alemão, maior rival de Lance Armstrong, também acabou pego. Sua pena foi dois anos de afastamento e todos os resultados desde 2005 tiverem de ser anulados.
5. EXPEDIÇÕES que redefiniram fronteiras
Novos equipamentos e tecnologias possibilitaram que alguns exploradores se lançassem em expedições singulares por lugares inóspitos e mares nunca antes navegados, redefinindo as fronteiras da aventura e nos fazendo enxergar novas possibilidades. Graças às redes sociais, pudemos acompanhar praticamente em tempo real essas viagens históricas pelo desconhecido. Aqui algumas que merecem destaque:
Em 2005, aos 27 anos, a francesa Maud Fontenoy demorou 73 dias para cruzar o Pacífico em um barco a remo, entre o Peru e a ilha polinésia de Hiva Oa.
Cinco anos depois de navegar pelo Pacífico, entre o Chile e a Austrália, o brasileiro Beto Pandiani (foto abaixo) cruzou o Atlântico a bordo de um catamarã sem cabine, em 2013. Foi uma viagem sem paradas de 37 dias, em que Beto esteve acompanhado de um velho parceiro de expedições, o francês Igor Bely.
O escalador norte-americano Conrad Anker liderou, em 2008, uma aventura insana pelo Shark’s Fin (ou Barbatana de Tubarão), na Índia – uma rota de 1.981 metros de altura que é quase duas vezes mais longa do que qualquer outra no El Capitan, no Yosemite. Conrad já havia sido derrotado por aquela rocha anos antes e, na nova tentativa, não chegou ao cume, mas foi mais alto do que qualquer outra expedição que se arriscou por lá.
Os brasileiros Eliseu Frechou, Marcio Bruno de Oliveira e Fernando Leal viraram notícia na escalada mundial em 2010, ao abrirem uma rota inédita de big wall no Monte Roraima (pelo lado da Guiana). O trio trabalhou pesado durante 12 dias num paredão de mais de meio quilômetro de extensão, ora vertical, ora negativo, para realizar um sonho antigo.
Uma grande aventura não necessita de muito: com um caiaque emprestado, o sueco Christian Bodegren remou, sozinho, da Venezuela à Argentina pelos rios mais míticos da América do Sul – uma aventura que lhe tomou 280 dias, entre os anos de 2011 e 2012.
Experiência é um fator relevante para grandes expedições: em 2013, aos 48 anos, o alemão Stefan Glowacz conquistou as Seven Giants (sete curiosas rochas cravadas no platô Man-Pupu-Ner, um místico legado geológico dos montes Urais, entre a Ásia e a Europa). Stefan fez tudo da forma mais natural e humana possível, bem diferente de quando tinha 20 e poucos anos e era um dos escaladores mais bem ranqueados do mundo.
O mineiro Aladir Murta, de 78 anos, é um navegador solitário que já remou mais 60 mil quilômetros por rios brasileiros. Para Aladir, no entanto, mais importante do que assinar recordes mundiais é curtir cada aventura e conscientizar populações ribeirinhas sobre a importância da conservação. Aladir também dá palestras sem cobrar um centavo por isso.
O britânico Dave Cornthwaite, 35 anos, tem a aventura no sangue. Em seu projeto Expedition 1000, ele pretende realizar 25 expedições, cada uma utilizando um tipo diferente de transporte não motorizado e necessariamente cobrindo mais de mil milhas (1.609 km). Dave já concluiu 11 dessas jornadas, entre elas uma remada de caiaque pelo rio Murray, na Austrália, outra de stand-up paddle pelo rio Mississippi, nos EUA, e um pedal a bordo de um triciclo no Deserto do Atacama, no Chile. davecornthwaite.com
Em agosto de 2010, prestes a completar 35 anos, o britânico Ed Stafford entrou para o Guinness, o livro dos recordes, por se tornar a primeira pessoa a percorrer a pé toda a extensão do rio Amazonas. Ao todo, ele andou 6.400 km, saindo dos Andes peruanos e chegando à foz do rio, já no Oceano Atlântico. Durante aproximadamente dois anos e meio, Ed se chafurdou em territórios lamacentos, passou fome e colecionou bolhas nos pés. Tudo para alertar as pessoas sobre o desmatamento acelerado. edstafford.org
Coisas que amamos
Brasil em cena
O país ganha experiência e desponta nos esportes outdoor
O Brasil vive um momento importante na cena outdoor, com nomes de peso dominando pódios em eventos internacionais e realizando feitos expressivos no universo da aventura. Gabriel Medina (foto abaixo), por exemplo, saiu de Maresias (SP) para se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial de surf. No caiaque extremo, Pedro Oliva esbanja talento em expedições por águas brancas tretíssimas na África, Ásia, Europa e Américas. Já o capixaba Caio Afeto tem aberto novos highlines (slackline montado em locais de grandes altitudes) em quase todos os estados brasileiros. Na última década também vimos a paulista Nicole Pacelli sagrar-se a primeira campeã mundial de stand-up paddle. E o escalador Felipe Camargo se consolidar como o maior nome da escalada esportiva do país, abocanhando títulos internacionais e superando feras do boulder como o norte-americano Daniel Woods.
6. O boom da CORRIDA EM TRILHA
Nos últimos dez anos, acompanhamos de perto a popularização e o crescimento da corrida de montanha (mundialmente conhecida como trail running). É que quem experimenta correr cercado pela natureza tende a se encantar pelos novos ares e dificilmente volta a ficar somente no asfalto. Para completar a fórmula de sucesso, os percursos da corrida off-road são tão variados quanto desafiadores: é possível encontrar lama, areia, galhos, pedras soltas, pirambas e inúmeros outros imprevistos pelo caminho.
A treinadora brasileira Cris Carvalho, pentacampeã da famosa corrida Cruce de Los Andes, é uma das maiores incentivadoras da modalidade no país, criando uma assessoria esportiva inteiramente dedicada a esse esporte (a Núcleo Aventura, de São Paulo). Poucos por aqui conhecem tão bem os segredos de se correr no mato. “Nas trilhas, o olhar deve estar sempre lá na frente, bem distante, traçando seu caminho de forma solta, onde uma passada conserta a outra. Por exemplo, em uma pisada torta em uma erosão, você tem de buscar o equilíbrio com a próxima passada e usar o desequilíbrio em favor da propulsão do movimento”, diz.
Hoje o trail running já conta com grandes ídolos, como o norte-americano Max King, o catalão Kilian Jornet (foto abaixo) e a brasileira Fernanda Maciel. A boa notícia é que não é preciso ter as montanhas do Colorado ou dos Pirineus no quintal de casa. “Se eu morasse em São Paulo, por exemplo, tentaria buscar subidas íngremes na rua mesmo, durante a semana e, no fim de semana, me mandaria para Atibaia, Campos do Jordão, Ilhabela ou algum outro lugar no mato”, sugere Fernanda.
Como essas provas costumam ser mais longas e isoladas do que as de rua, é importante se preparar direito e administrar a alimentação e a hidratação para concluir o percurso inteiro. “Para começar, basta acreditar”, incentiva Cris Carvalho, que costuma indicar aos alunos e amigos provas com visual recompensador.
Coisas que amamos
Rocky Man: duelo de gigantes
Nossa paixão pelo mundo outdoor se transformou na maior competição multiesportes do Brasil.
A ideia parecia loucura à primeira vista: e se convidássemos os maiores atletas dos esportes outdoor para se reunirem em equipes em um evento extraordinário, que mesclasse diversas modalidades, em pleno Rio de Janeiro? Pois foi exatamente isso que decidimos fazer a partir de 2012, com o a primeira edição do Rocky Man, organizada pela editora Rocky Mountain. A prova multiesportes é composta por etapas como trail running, mountain bike, surf, stand-up paddle e canoa polinésia, além de uma etapa nova a cada ano, como parapente, escalada e skate. Os duelos se dão em cartões-postais da Cidade Maravilhosa, entre eles Ipanema, a lagoa Rodrigo de Freitas e a Floresta da Tijuca. Ao longo destes três anos, o Rocky Man já recebeu grandes feras, como a corredora de montanha norte-americana Stevie Kremer, os mountain bikers brasileiros Abraão Azevedo e Ricardo Pscheidt e o remador neozelandês John “Armie” Armstrong.
7. A espetacularização da ESCALADA
A escalada é um esporte que celebra a natureza, a técnica e a superação de limites, sintetizando o verdade espírito outdoor. E um dos maiores nomes da modalidade nesta década certamente é o norte-americano Alex Honnold (foto abaixo). Seu currículo é recheado de ascensões insanas nos maiores paredões big wall. No Yosemite, que é praticamente o seu quintal, Honnold estabeleceu em 2012 o atual recorde de subida ao El Capitan pela via Nose (2h23min51s), uma conquista realizada com o amigo Hans Florine. Honnold virou astro das escaladas freesolo (sem o uso de qualquer equipamento de segurança), levando a modalidade a um novo patamar. No ano passado, por exemplo, ele inovou ainda mais: sem corda alguma, Alex demorou menos de três horas para mandar a via El Sendero Luminoso, no México, graduada em 9a. Em 2015, prestes a completar 30 anos, Honnold se tornou o primeiro escalador puramente de rocha a receber um Piolet d’Or, o reconhecimento máximo do montanhismo mundial. Grandes marcas de artigos outdoor passaram a cortejá-lo, seu Facebook é popular como o de celebridades da TV e seu nome tornou-se conhecido até em rodas de quem não manja nada de escalada, contribuindo para a espetacularização de um esporte de absurda estética visual.
Outro a render ótimas fotos e vídeos tem sido o norte-americano Chris Sharma, de 34 anos, fera na arte de conquistar vias que nenhum ser humano consegue. Um de seus feitos recentes foi completar a via La Dura Dura (12C), em Oliana, Espanha, tida como a escalada esportiva mais difícil do mundo. Na mesma linha de escaladores-estrelas, o fenômeno tcheco Adam Ondra escalou, no mesmo dia, as duas vias mais difíceis de Red River Gorge, o famoso setor de escalada de Kentucky (EUA).
Vertente da escalada em rocha, só que realizada em blocos menores e por isso mesmo mais acessível aos “reles mortais”, o boulder também ajudou a popularizar esse esporte. Um de seus maiores expoentes, o norte-americano Daniel Woods venceu em 2010 a sequência de longos movimentos, em agarras pequeníssimas, do projeto The Game, sugerindo a inédita graduação máxima V16. Em 2012, o norte-americano Paul Robinson teve enorme sucesso nos boulderes mais difíceis de Portugal e da África do Sul.
Algumas mulheres também aproveitaram para mostrar seu enorme talento na rocha, esbanjando técnica, coragem e graça nos paredões mais duros do planeta. A norte-americana Sasha DiGiulian arrebata fãs por ser competente e bela. Com apenas XX, a norte-americana Ashima Shiraishi coleciona admiradores com suas conquistas e pouca idade.
Coisas que amamos
Novos talentos que vingaram
Eles apareceram bem jovenzinhos em nossas páginas e hoje brilham em suas modalidades
Samuel Pupo, 14 anos, surfista
Em 2015, venceu o Grom Search, o campeonato mundial sub-16 disputado em Maresias.
Bruna Kajiya, 28 anos, kitesurfista
Campeã mundial na categoria freestyle, em 2009.
Chloé Calmon, 21 anos, longboarder
Atual top 3 do ranking mundial de Longboard (WSL).
Reno Romeu, 24 anos, kitesurfista
Bicampeão brasileiro de kite, nos últimos seis anos tem se mantido entre os top 20 na categoria freestyle. É atual top 10 no big air.
John John Florence, 22 anos, surfista
Em 2014, venceu a etapa do mundial na França derrotando o australiano tricampeão mundial Mick Fanning com uma nota 10.
Gabriel Vitorino, 21 anos, longboarder
Campeão brasileiro júnior em 2010 e 13º colocado no ISA Games 2011.
8. LUZ, CÂMERA e inspiração
O mundo da aventura sempre rende histórias intrigantes. Em 2006, publicamos em português um trecho do livro Between a Rock and a Hard Place, de Aron Ralston (foto abaixo), que três anos depois virou o filme 127 Horas e lotou as salas de cinema do mundo inteiro. Foi um caminho parecido ao do longa-metragem Na Natureza Selvagem, que ganhou as grandes telas em 2007, uma década depois de o livro homônimo de Jon Krakauer ter sido lançado. Detalhe: o escritor já havia assinado uma reportagem sobre a odisseia de Christopher McCandless na revista Outside norte-americana de janeiro de 1993.
Histórias épicas em locações deslumbrantes nunca foram tão bem registradas como agora. Vivemos uma era de hollywoodização dos filmes outdoor, que estão mais bem feitos, empolgantes e espetaculares – do surf na Irlanda (Dark Side of the Lens) à escalada no México (El Sendero Luminoso), passando pelo skate acrobático nas ruas dos Estados Unidos (Altered Route).
Os drones também vieram para somar, dando novas oportunidades a cineastas criativos. O aumento do enxame desses veículos aéreos não tripulados é justificado por uma nova oportunidade: capturar imagens de lugares e ângulos anteriormente inatingíveis – ou sem precisar gastar uma fortuna para alugar um helicóptero. Some a isso câmeras de boa qualidade a preços acessíveis e programas de edição de vídeos praticamente intuitivos e teremos histórias sobre todas as categorias do mundo outdoor atualizadas quase que diariamente. Faça uma busca rápida no Youtube com a frase “Best drone vídeos of… (surfing, climbing, mountain biking)” para entender um pouco sobre o que estamos falando.
Coisas que amamos
Na telona
Para celebrar a vida outdoor, a Go Outside cria o maior festival de filmes outdoor do Brasil
Em 2010, a equipe da Rocky Mountain foi ao Colorado (EUA) assistir ao Mountainfilm in Telluride, um dos mais importantes festivais de filmes de montanha do planeta. Voltaram de lá com uma certeza: era preciso organizar no Brasil um evento parecido, espalhando por aqui a paixão pelos documentários que retratam o que de mais interessante acontece no universo ao ar livre. Nascia assim em 2011 o Festival de Filmes Outdoor Rocky Spirit, em um frio final de semana de setembro no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Ao longo destas quatro edições, a mostra levou sua telona para São Paulo e Rio de Janeiro, exibindo filmes que nos fazem refletir sobre nosso próprio papel no planeta, como Two Wheels Good, cuja mensagem é a de que “a bicicleta é um ótimo lugar para se sonhar”, ou The Questions We Ask, uma meditação poética sobre a natureza da aventura. Neste ano, o Rocky Spirit acontece dias 15 e 16 de agosto na capital paulista, e dias 5 e 6 de setembro no Rio. rockyspirit.com.br
9. MAIS ALTO, mais rápido, mais forte
Parece que não existe limite para o ser humano superar as fronteiras de sua própria espécie: nunca fomos tão longe, tão rápido, tão alto, tão insanamente. Não importa se o desafio é surfar uma onda de mais de 25 metros de altura, dropar uma cachoeira de 40 metros a bordo de um caiaque ou concluir um projeto de escalada depois de várias temporadas de trabalho. Apesar de a competição ainda existir, é o antigo duelo entre a mente e o corpo que está em jogo aqui.
> No começo de 2015, o corredor suíço Karl Egloff subiu e desceu o Aconcágua, na Argentina, em 11h52min. Foi um novo recorde, que superou em uma hora a marca do catalão Kilian Jornet, estabelecida apenas dois meses antes. A disputa de velocidade na alta montanha é uma corrida que promete grandes histórias.
> Quase dez anos depois de visualizarem pela primeira vez uma dificílima linha de escalada no Dawn Wall, um paredão de granito de 914 metros localizado no Yosemite (EUA), os norte-americanos Tommy Caldwell e Kevin Jorgeson finalmente a conquistaram, em janeiro deste ano. Foi uma escalada em rocha extremamente técnica e em estilo puríssimo (sem utilizar apoios artificiais para ascender), considerada uma das mais difíceis da história.
> O havaiano Garrett McNamara já era renomado no mundo do surf quando desceu, em janeiro de 2013, a maior onda já surfada na história: 24 metros. Foi durante um mega swell que atingiu a costa de Nazaré, em Portugal.
> O montanhista Ueli Steck, também conhecido como Swiss Machine (Máquina Suíla), ficou famoso graças às suas escaladas velozes e técnicas na alta montanha. Em 2009, ele subiu e desceu o Matterhorn (4.478 metros), nos Alpes suíços, em apenas 1h56min (normalmente uma escalada por lá costuma levar entre 9 e 12 horas). Ueli também é dono de marcas impressionantes de velocidade no Eiger, Suíça, e em várias montanhas do Himalaia.
> Em 2009, o canoísta Pedro Oliva colocou o caiaque extremo na grande mídia ao dropar uma cachoeira de 38,7 metros de altura, no Mato Grosso. Foram quase três segundos de queda livre, atingindo uma velocidade de 115 km/h. O feito foi um recorde mundial, batido um mês depois pelo norte-americano Tyler Bradt em uma cachoeira de 57 metros em seu país.
> Em 2012, os belgas Dixie Dansercoer e Sam Deltour (foto abaixo) velejaram com esquis nos pés e usando uma pipa de kitesurf uma distância de 4.824 quilômetros pela Antártica. Numa expedição que durou mais de 70 dias, eles bateram um recorde mundial: o de maior distância percorrida no continente gelado, sem veículo motorizado e sem apoio externo.
> O esloveno Martin Strel demorou 66 dias para nadar os 5.268 km do rio Amazonas. Segundo ele, foi um ato pela preservação daquela floresta, pela medicina via satélite e pela cura do mal de Alzheimer. “Tem que estar um pouco bêbado para nadar por ali”, afirmou.
Coisas que amamos
Elas no comando
As mulheres mais treta da aventura
A presença feminina em nossas páginas é frequente: no surf, Maya Gabeira foi capa três vezes e já apareceu em diversas outras reportagens. Acompanhamos de perto a evolução desta carioca de 28 anos que, com um empurrãozinho do mentor Carlos Burle, virou referência no surf de ondas grandes, explorando praticamente todos os picos do planeta e se tornando pentacampeã do XXL Global Big Waves Awards, o Oscar de sua modalidade.
As também surfistas Carissa Moore (havaiana) e Stephanie Gilmore (australiana) são outras figuras conhecidas por nós. Em 2011, aos 18 anos, Carissa foi a primeira mulher da história a disputar a Tríplice Coroa Havaiana do Surf contra os homens. Stephanie dispensa maiores apresentações. É hexacampeã mundial, mandando manobras como aéreos, que eram até então restritas aos homens. Steph superou um incidente terrível: em 2010, foi atacada por um homem com uma barra de ferro, passando meses para se recuperar psicologicamente.
Na escalada, a norte-americana Libby Sauter e a neozelandesa Maya Smith-Gobat passaram dos limites ao escalar a via Nose, o clássico big wall do Vale do Yosemite, em apenas 4h43min – duas horas a mais do que os homens recordistas Alex Honnold e Hans Florine, mas quatro dias a menos do que escaladores preparados.
Em matéria de expedição, a alemã Freya Hoffmeister surpreendeu o mundo ao circundar a Austrália com seu caiaque, em 2009. Foram 13.790 km numa viagem que durou 322 dias. Incansável, três anos depois ela estava remando pela América do Sul, numa viagem em que contornou o temido Cabo Horn no braço. “Você só tem que confiar na sua habilidade, potência, resistência e força”, disse Freya, nos fazendo definitivamente a abdicar da expressão “sexo frágil” em nossas páginas.
10. As BICICLETAS vão dominar o mundo
Não faltam motivos para amarmos as bicicletas e incentivarmos seu uso cada vez mais. Está mais do que provado: as magrelas estão entre os meios de transporte mais eficientes para deslocamentos urbanos. Sem contar que não liberam gases tóxicos na atmosfera. É também o veículo mais propício para se conhecer um parque nacional ou salvar uma nação arrasada por um conflito.
> Entre 1997 e 2007, o número de viagens de bicicleta na cidade de São Paulo cresceu 176%, segundo pesquisa feita pelo site CicloCidade.org.br. Este número ainda tende a aumentar, já que prefeitos de 20 capitais querem, até 2016, ampliar as ciclovias em 1.400 km.
> Uma pesquisa feita por um aluno de doutorado da Universidade de Portland (EUA), e divulgada em 2013, revelou que pessoas que usam a bicicleta como meio de locomoção são mais felizes do que as que utilizam qualquer outro transporte.
> Nunca duvidamos que a bicicleta opera milagres: na edição de fevereiro de 2009, nossa reportagem mostrou como Ruanda, o pequeno país africano sem saída para o mar, se reergueu social e economicamente 15 anos depois do genocídio que dizimou aproximadamente 800 mil pessoas. Graças ao trabalho do empresário e ciclista Tom Ritchey e do ex-ciclista profissional Jock Boyer, (foto abaixo, com a equipe) o país teve até um representante olímpico (Adrien Niyonshuti) no mountain bike em Londres, em 2012.
> Não existem obstáculos para quem decide conhecer o mundo pedalando. Em 2013, publicamos a história do casal Fin Fagan e Zoa Lumsden, que girou mais de 15 países da Europa, Ásia, Oceania e América com seus dois cachorros na bagagem.
> Bicicleta é também eterna inspiração: em 2012, apresentamos em nossas páginas o escocês Graeme Obree, que depois de chegar ao auge da carreira de atleta e ter quebrado recordes mundiais, conseguiu superar graves crises pessoais graças à bicicleta: aos 46 anos de idade, Graeme projetava uma bicicleta inovadora para tentar bater um recorde de velocidade.