Parque de diversões


DIRT: Atleta voando alto no maior salto duplo do sítio dos Renke

Por Pedro Cury

RECHEADA DE RIOS E CACHOEIRAS, a região de Visconde de Mauá – na serra da Mantiqueira, na divisa dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais e bem próxima a São Paulo – é bastante conhecida por aqueles que gostam de atividades ao ar livre e curtem um clima mais frio. Afinal, a região está num dos pontos mais altos do Rio, com picos a 1.500 metros de altitude.

E com tantas montanhas é óbvio que não faltam opções de mountain biking para todos os gostos. Para melhorar o cenário, alguns moradores como os irmãos Renke e o Paulão, citados a seguir, transformaram suas propriedades em parques para a prática do downhill, do freeride – inclusive, a região já foi palco de grandes competições nacionais e estaduais dessas modalidades de bike – e também do mountainboard, uma espécie de skate off-road.

Abaixo, quatro percursos imperdíveis, todos próximos às vilas de Visconde de Mauá, Maringá e Maromba, que juntas possuem uma boa infra-estrutura para abrigar turistas de todos os estilos (leia quadro). Sugerimos conhecer os locais na ordem a seguir, considerando que você esteja hospedado em Maringá ou Maromba. Reserve dois dias, no mínimo, para aproveitar todos os percursos (em um dia até dá para conhecer tudo, mas sem brincar na mesma trilha muitas vezes).

Parada 1: Downhill na trilha da Igreja

Dificuldade: difícil

A entrada dessa trilha é bem em frente à ponte de madeira em cima do rio Preto, o principal da região, que divide Maringá entre Minas Gerais e Rio de Janeiro. Não tem como não achar: é a única ponte para carros da região. Indo sentido Maringá, depois de passar pela ponte, suba a rua bem em frente (para ter certeza de que você está certo, esta rua vai cruzar a avenida principal do lado mineiro de Maringá na esquina do hotel da Inês). Continue pela estrada de terra até enxergar uma clareira do lado esquerdo, um pouco antes de uma curva para direita, onde é a entrada da trilha. Já a saída dela é do lado da igreja de Maringá, também na avenida principal.

A trilha em si tem 1 quilômetro e é muito técnica, indicada para pilotos mais experientes. Ela é toda em singletrack, com muitos trechos dentro de valas e com várias pedras. Para quem tem pouco curso na suspensão é quase impossível não parar em alguns pontos. De qualquer forma, vale a pena conhecer. Só tome cuidado, no fim da trilha, com alguns canos de água que abastecem as casas da região. Procure não passar muito forte em cima deles.

Parada 2: Downhill na trilha do Marimbondo

Dificuldade: intermediário para praticantes de downhill com bikes full suspension e difícil para inexperientes

É considerada uma das trilhas mais legais da região. Localizada no vale do Pavão, ela é também de fácil acesso, pois começa e termina na mesma estrada de terra principal do vale. Para chegar, indo de Maringá para a vila de Mauá pela estrada principal, entre no caminho do vale do Pavão, que é uma estrada transversal do lado direito, com muitas placas indicativas. Continue subindo por mais ou menos 7 quilômetros em direção à cachoeira do Marimbondo (há placas). É uma estrada de terra, com muitas pedras e com vários sítios e pousadas dos lados. Pare ao lado de uma conhecida cerca de madeira, onde todos estacionam para chegarem a pé até a cachoeira. A partir da cerca, empurre a bike uns 10 minutos morro acima até avistar a entrada da trilha do seu lado direito. Não tem como errar: é a única entrada que existe antes da cachoeira.

A descida tem pouco menos de 1 quilômetro, começa a 1.525 metros de altitude e tem um desnível de 200 metros. É uma trilha bem técnica, com muita pedra solta e um pouco travada no começo, principalmente para quem não tem muito curso na suspensão. Na segunda parte ela fica mais veloz e inclinada. Dica: parte da mesma trilha às vezes é usada para trekking, portanto fique atento às saídas que fogem do percurso.


SAI DA FRENTE: Ronny e Guilherme Reke na trilha do Marimbondo, a mais legal da região

Parada 3: Freeride no sítio dos Renke

Dificuldade: várias opções, de fácil a avançado

Os irmãos Renke – conhecidos competidores do cenário brasileiro de downhill – resolveram transformar o sítio deles num agitado point para a prática do freeride. Lá existem duas linhas principais para a modalidade. Na primeira há quatro ou cinco pequenos dirts (saltos). Já a segunda começa mais no alto, o que significa mais velocidade, e passa por um pequeno road gap (salto através da estrada) para depois alcançar um grande salto de terra, que te joga bem alto e longe. Além dessas duas linhas, existe no sítio uma rampa de madeira com pouco mais de 2 metros de altura e também está sendo construída uma pequena pista de dual slalom (pistas paralelas para competição em duplas).

Como é um lugar particular, para conhecê-lo mande um e-mail para guirenke@hotmail.com e agende a visita. Os irmãos costumam estar lá nos fins de semana.

Parada 4: Mountainboard no sítio do Paulão

Dificuldade: várias opções, de fácil a avançado

A partir da vila de Mauá siga aproximadamente 9 quilômetros em direção a Campo Alegre até avistar às primeiras casas e bares. A porteira do sítio do Paulão fica do lado esquerdo da estrada (sentido Campo Alegre) antes da primeira casa da vila. O Paulão é um mountainboarder que resolveu construir no seu sítio diversos pontos de saltos para a prática da modalidade. Lá tudo é direcionado para o mountainboard, mas o proprietário também libera o local para a bike. É um lugar perfeito para iniciantes e intermediários e tem ficado cada vez melhor para os profissionais, pois há planos para a construção de uma pista de four-cross (4X).

Quem quiser dar um pulo no sítio precisa confirmar antes com o Paulão pelo telefone (24) 9261 8716. O endereço é estrada Mauá-Rio Preto, km 9. Quando ligar, certifique-se do caminho depois da porteira, pois é preciso atravessar a pé um campo aberto e uma ponte. Na dúvida, há um boteco do lado oposto da porteira que também pode dar informações.

Anota aí!

Para chegar à vila de Visconde de Mauá (que pertence à cidade fluminense de Resende), siga pela rodovia Nova Dutra (BR-116) e entre no km 311, para Penedo (tanto de quem vem do Rio de Janeiro, a 185 quilômetros, ou de São Paulo, a 285 quilômetros). Dessa entrada até Mauá são 37 quilômetros.

As três vilas têm infra-estrutura para todos os gostos e bolsos: Maringá tem as pousadas, os restaurantes e o comércio mais chique; Maromba um ar mais hippie; e Mauá é a que tem menos opções. Os três lugares ficam bem movimentados nos feriados. Uma dica é o restaurante e pizzaria Zorba O Buda, do veterano piloto de downhill Devarty. O local fica na estrada da Maromba, sentido Maringá-Maromba.

A região também oferece opções para os praticantes do cross-country e all mountain – basta escolher qualquer caminho que leve para uma das cachoeiras da região, que depois do pedal, um banho gelado te espera.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de março de 2008)