Cada um por si

Foto por Theo Ribeiro

Por aqui é novidade, mas lá fora as corridas de aventura “solo” – em que o atleta pedala, corre, rema, navega e encara tudo o mais que aparecer pela frente sozinho, sem uma equipe – já são mania. Além de facilitar a vida de quem ainda não encontrou parceiros ideais de lama, essas provas são uma ótima chance dos corredores testarem sua força e habilidade individuais, conhecerem seus pontos fortes e fracos e aprimorarem técnicas que, muitas vezes, numa prova em trio ou quarteto, ficam a cargo de outra pessoa, como a navegação e as decisões estratégicas. A idéia é, com isso, formar atletas mais completos.
Quem trouxe a brincadeira para o Brasil foi André Iervolino, corredor de aventura da equipe Clight Salomon Atenah que já participou das principais competições da modalidade, aqui e no mundo. Batizada de Reebok Gaia Solo Races, a primeira edição da prova rolou dia 4 de setembro por 60km de trilhas, rios e mares de Ilhabela, no litoral norte paulista.
“Foi uma corrida num formato diferente. Na véspera, ninguém sabia muito bem qual seria o ritmo da prova, nem que estratégias de alimentação e hidratação fazer”, conta Julio de Melo, 31 anos, corredor de aventura desde 2001 e 2o colocado no Gaya. “A prova foi surpreendentemente dura, tanto física quanto tecnicamente. Havia pistas de orientação, PCs submersos e etapas de arvorismo. O ritmo? Alucinado!”, conta. Julio chegou poucos minutos depois de Alcides de Souza, o Juninho, “local” de Ilhabela e campeão brasileiro de downhill, que fechou a prova em 6 horas e 42 minutos. O próprio Juninho, porém, admitiu: “Só ganhei porque conheço a ilha como a palma da mão e consegui passar o pessoal que se perdeu na navegação”. Entre as mulheres, venceu Tessa Roorda, com Eleonora Audrá em segundo lugar. “Foi uma prova dura. Acho que o André resolveu nos mostrar todos os mirantes de Ilhabela”, brincou Tessa.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de outubro de 2005)