Dançando no escuro

Por Renata Leão

Saiba como o mineiro Grupo Corpo se tornou uma das companhias de dança mais aplaudidas do planeta e conheça as internas do mais recente espetáculo da trupe, Onqotô, em turnê pelo Brasil.

30 anos de existência do Grupo Corpo são comemorados com Onqotô, que teve os ingressos esgotados em São Paulo uma semana depois de terem sido colocados à venda.

3 das maiores indagações da humanidade norteiam o espetáculo: Onqotô (Onde que eu estou?), Pronqovô (Para onde que eu vou?) e Qemqosô (Quem eu sou), tudo em mineirês clássico. Depois da turnê por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, a trupe sobe no mais importante palco das artes cênicas atualmente, o BAM (Brooklin Academy os Music), em Nova York.

6 irmãos de sobrenome Pederneiras começaram tudo. Todos faziam dança e, em 1975, convenceram os pais a sair da casa onde moravam, em Belo Horizonte, para transformá-la em escola. Lá, na avenida Bandeirantes, onde estão até hoje, criaram o Grupo Corpo, sob o comando do coreógrafo Rodrigo. Pederneiras, claro.

7 dos 32 espetáculos montados até hoje são mantidos em repertório, tornando a companhia, que se apresenta com freqüência em palcos como o do Théâtre dês Champs-Elysées, em Paris, uma das mais requisitadas do planeta

7 é o número de milhões que a companhia recebe por ano, graças ao patrocínio exclusivo da Petrobrás

700 jovens da periferia de Belo Horizonte têm aulas de arte e cursos pré-profissionalizantes com a ONG da companhia, Corpo Cidadão.

28 balés foram criados por Rodrigo Pederneiras desde 1978. Desses, Onqotô é o que contabiliza a maior incidência de movimentos de chão.

20 corpos, dos 20 bailarinos do espetáculo, parecem constantemente tragados pelo chão, ou pela força da gravidade, em Onqotô.

37 dos 42 minutos de duração do espetáculo são dominados por uma massa humana no palco, formada pelos bailarinos que se fundem e se confundem com o espaço cênico, dando uma sensação muito real de tridimensionalidade.

9 metros de altura e 12 centímetros de largura tem o cenário do espetáculo de Paulo Pederneiras, composto por tiras de borracha que, dispostas lado a lado, sugerem, dependendo da incidência da luz, tanto um recorte do globo terrestre, como um imenso buraco negro de onde os bailarinos são hora cuspidos, hora tragados.

800 ou mais foram as vezes que a trupe apresentou Maria Maria, o primeiro espetáculo da companhia. Durante seis anos, eles dançaram nos palcos de mais de 14 países embalados pela trilha sonora de Milton Nascimento.


(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de setembro de 2005)