Vestibular bélico


NA MIRA: Rodrigo Petito pronto para a ação

Por Cassio Waki
Foto por André Brandão

Tá aquecido? Alongou? Então respire fundo e encare a seguinte seqüência: um mínimo de 10 barras para começar, seguidas de 60 flexões em menos de um minuto, mais 60 abdominais também abaixo de um minuto. Sem parar para respirar, suba uma corda de 10 metros sem ajuda dos pés, corra 100 metros abaixo de 15 segundos, depois os mesmos 100 metros (só que carregando outra pessoa) em menos de 45 segundos e mais 2.400 metros de corrida em 12 minutos. Calma, falta pouco: mais 200 metros de natação e um muro de 2,90 metros para ser pulado. Se você finalizar tudo isso sem cair duro, parabéns! Você tem chances de passar na seletiva para um dos cursos mais cobiçados no mundo policial, ministrado pela Special Weapons And Tactics, a famosa SWAT, de Miami, EUA. Dos 450 policiais brasileiros inscritos na seletiva realizada em julho em São Paulo, foram selecionados 80 oficiais das polícias civil, militar, federal, do exército, marinha e aeronáutica. A seletiva foi só o começo.

Agora os escolhidos estão encarando o curso em que oito bambambans da SWAT comandam treinos físicos pela manhã e treinos técnicos e táticos no resto do dia. São 18 dias em regime de internato, sem poder sair do lugar do curso, encarando desafios físicos e psicológicos. Qualquer erro – seja uma flexão mal feita ou um tiro longe do alvo – e o candidato a SWAT está fora. A média de aprovação é de 10% a cada curso. Quem chega até o fim costuma estar seis quilos mais magro, mas com experiência e currículo de dar inveja aos outros policiais.

O destaque da seletiva brasileira foi o Grupo Especial de Resgate (GER), da Polícia Civil, que teve 100% de aprovação, colocando seus cinco candidatos entre os Top 10. Julio Leite, Rodrigo Dantas, Luis Alexandre, Alexandre Martins e Rodrigo Petito prepararam-se para a classificatória durante seis meses, em treinos diários de corrida, treinamento funcional e simulação de algumas das provas que encarariam na seletiva. “É um desafio que eu sonho em encarar desde que entrei para o GER. O grupo está muito confiante de que vai chegar inteiro até o fim”, disse Rodrigo Petito, que neste momento, junto de seus companheiros, está suando “só um pouquinho” na mão da SWAT.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de setembro de 2005)