Por Stuart Stevens*
Foto por Gregg Segal
“Como você quer ficar?”, disse o médico ao entrarmos no consultório. Mostrei-me confuso e ele se explicou: “Maior? Mais magro? Mais rápido em distâncias longas ou curtas? Quer mais resistência? Quer enxergar melhor?”. “Enxergar melhor?”, perguntei, incrédulo. “O hormônio do crescimento humano melhora os músculos dos olhos. Afinal, o que você deseja?”. Freud escreveu que anatomia é destino, e aqui estava um médico me dando a chance, nos meus quarenta e tantos anos, de mudar meu corpo. Era estranho, mas tentador.
Demorou um tempo até eu chegar ao consultório do “Dr. Jones” – vamos chamá-lo assim, pois concordei em não divulgar sua identidade. Meu objetivo era experimentar, sob supervisão médica, algumas drogas que aumentam a performance e são freqüentemente utilizadas em alguns dos esportes que pratico, como o ciclismo e o esqui cross-country. Apesar de saber que arriscaria minha saúde, decidi que só havia um jeito de descobrir se essas drogas fazem você ficar 1% ou 10% mais rápido e forte: experimentar e ver no que dava. O cardápio que eu tinha em mente incluía hormônio do crescimento humano (HGH), testosterona, alguns esteróides anabolizantes e a poderosa eritropoietina, mais conhecida como EPO, um hormônio que estimula a medula óssea a produzir mais glóbulos vermelhos, aumentando os níveis de oxigênio no sangue.
Vendidas com receita médica e usadas em casos legítimos (o HGH, por exemplo, é usado no tratamento da síndrome Prader-Willi, uma doença rara que retarda o crescimento de crianças), essas substâncias são proibidas em competições profissionais e levam à desclassificação e suspensão, apesar das penalidades e testes variarem muito. Este é um dos principais problemas que a Agência Mundial Antidoping (World Anti-Doping Agency, WADA) – um grupo independente de controle de doping sediado em Montreal, no Canadá – vem enfrentando. A WADA tenta padronizar as substâncias banidas, os testes e os posteriores apelos, na esperança de que essas regras e procedimentos sejam adotados pelas federações esportivas de todo o mundo.
TURBINADO
Dr. Jones é um especialista no novíssimo campo da medicina anti-envelhecimento, que usa uma combinação de nutrição e drogas para ajudar pessoas (muito ricas, já que acabei gastando US$ 7.500 em drogas durante meu programa de oito meses) a adiar os efeitos do tempo. Um médico que conheço me contou que ele também usa esse tipo de droga para “trabalhar com atletas”. O procurei e ele concordou em me ajudar a adquirir as drogas de maneira segura – suprir drogas com o propósito de melhorar a performance não é ilegal nos Estados Unidos, mas certamente seria visto com maus olhos por seus colegas. Isso não o incomoda. Dr. Jones toma drogas anti-envelhecimento e diz não estar no ramo das “doenças”, como descreve o trabalho dos médicos normais, mas no da “melhora”. Foi assim que ele me perguntou como eu queria ficar. “Mais magro, mais forte, mais resistente. Não quero mais massa muscular”, respondi. E, depois de pensar um momento, “Enxergar melhor também não é uma má idéia”. Ele levantou os olhos das suas anotações e assentiu com a cabeça. “Posso te ajudar”.
Eu treinaria como sempre (entre 15 e 20 horas por semana) e tomaria vários suplementos sob a supervisão do Dr. Jones. Em oito meses, eu pretendia participar dos 1.225 quilômetros da prova de ciclismo Paris-Brest-Pari (P-B-P), um festival de sofrimento que acontece a cada quatro anos e é popular entre os ultraciclistas amadores. Antes, teria que me classificar competindo em provas de 200, 300, 400 e 600 quilômetros dentro de certos limites de tempo. A P-B-P é um evento doido, mais um passeio que uma corrida, sem prêmios, sem ranking, sem controle de doping. Se as drogas me ajudassem, eu não estaria roubando a classificação de ninguém. E, já que eu teria que completar esse “passeio” em menos de 84 horas, seria um teste de verdade para meu novo e turbinado ser.
QUERO MAIS
“Iniciaremos com o HGH, o hormônio do crescimento humano”, anunciou Dr. Jones naquele primeiro dia no consultório. O HGH é produzido naturalmente pela glândula pituitária e está relacionado à força e crescimento, funções sexuais, resistência dos ossos, níveis de energia, formação de proteínas e recuperação dos tecidos. “Dos 20 aos 30 anos, nosso hormônio do crescimento está em seu pico de produção e, de repente, cai”, explicou Dr. Jones, advertindo sobre os efeitos negativos dos baixos níveis de HGH no corpo. “O colesterol bom cai e o mau aumenta, o tônus e a força muscular diminuem, a gordura corporal cresce, a performance no exercício e as funções mentais declinam”. Existem vários testes para detectar o doping por esteróides, mas nenhum para o HGH.
Dr. Jones pegou leve comigo, começando com apenas 0,1 unidades internacionais por dia, cinco dias por semana (a unidade internacional ou UI é um padrão mundial que calibra as doses para hormônios e vitaminas). Eu disse que queria mais do que apenas HGH. “Um de cada vez”, disse ele com firmeza. “É a única forma de monitorar qual é o efeito de cada uma delas”. Perguntei o que deveria esperar. “Não posso dizer nada a respeito do hormônio do crescimento, além de que custa um monte de dinheiro”. Meu HGH custou mais ou menos US$ 750 por mês.
Após algumas semanas comecei a notar mudanças sutis. Umas manchas de sol que eu tinha nos braços começaram a desaparecer e, certa manhã, acordei e vi que uma cicatriz que tinha na testa – fruto de um tombo de mountain bike dois anos antes – tinha meio que sumido. Mesmo treinando como um louco, eu me sentia mais descansado, mais jovem e bem disposto. Comecei a notar que minha visão estava mesmo melhorando. Abandonei os óculos que usava para dirigir à noite.
PILHADO
Depois do HGH, Dr. Jones receitou testosterona em injeções de 200 miligramas e um frasco de Testocream, uma pomada que eu espalhava nas laterais da barriga. Para a maioria dos homens (e mulheres) a produção de testosterona tem seu pico por volta dos 20 anos de idade e vai decrescendo. A testosterona estimula as células musculares a criarem mais proteínas e, conseqüentemente, mais músculos. Mas o hormônio causa efeitos colaterais que vão da acne até o aumento da pressão sangüínea.
Mas só duas semanas depois, quando adicionei eritropoietina (EPO) à minha dieta, comecei a notar diferenças sérias. Em três semanas, meu nível de hematócritos (células vermelhas responsáveis pelo transporte de oxigênio no sangue) tinha subido de 43% para 48% – bem abaixo do nível da desqualificação, que é 50%. Ao mesmo tempo, meus níveis de testosterona tinham disparado de 280 para 900 nanogramas por decalitro. Apesar desses números, permaneci cético em relação às drogas até o dia em que competi num evento de 600km na Califórnia, o Solvang Double Century, num ritmo rápido e duro, terminando em onze horas e meia. Por volta da décima hora, me dei conta de que alguma coisa estava realmente acontecendo. Os ciclistas ao meu redor pareciam tão desgastados quanto era de se esperar após dez horas sobre o selim. Eu estava cansado, mas me sentia curiosamente forte, irritantemente falante, louco para engolir os últimos 60 quilômetros.
Na última vez que pedalei 300 quilômetros, no dia seguinte me senti como se tivesse sido atropelado por um caminhão. Depois de Solvang, mal senti dores musculares. Eu havia adentrado uma nova realidade: o reino da recuperação instantânea, um mundinho tranqüilizador que me fez entender o porquê de algumas pessoas quererem permanecer nele. Quando entrei no consultório com as novidades, Dr. Jones não ficou surpreso. “Com níveis de hematócrito tão altos, você não produz tanto ácido lático, por isso consegue pedalar mais forte e por mais tempo. O hormônio do crescimento e a testosterona ajudam seu corpo a se recuperar mais rápido”, comentou ele. Tudo começou a fazer sentido.
COMO O VIAGRA
Um mês depois, quando acrescentei um esteróide anabolizante ao coquetel, me senti como se tivesse agarrado um carro a 100 km/h. O efeito era poderoso, rápido e difícil de regular. “Esteróide” é um termo amplo para várias substâncias sintéticas relacionadas aos hormônios do sexo masculino. Apesar de cada um ter um efeito distinto, normalmente os esteróides ajudam o corpo a produzir músculos. Eles são usados na medicina para tratar de tudo, desde anemia e leucemia até AIDS, ajudando os pacientes a se fortalecer.
Perguntei sobre os efeitos colaterais. Dr. Jones suspirou. “Se você passar muito tempo consumindo, seu cabelo pode começar a cair e seus testículos a encolher. A maioria dos esteróides pode destruir seu fígado, mudar seu humor e te tirar a vontade de fazer sexo. Daí, quando você para de usar, seu corpo começa a voltar a ser o que era antes. A depressão pode chegar. A maioria das pessoas se esquece que tudo aquilo são as drogas e não elas mesmas. É como tomar Viagra e achar que vai ter sempre aquele desempenho. Não, não e não”.
Ainda assim eu quis experimentar. “Posso receitar 200 miligramas de Deca por um tempo, mas você terá que fazer visitas semanais ao meu consultório”. O Deca tem a vantagem adicional de diminuir a dor nas articulações, pois retém água. Em duas semanas, uma dor que eu sentia no joelho esquerdo depois de pedalar 150 quilômetros – distância que agora era apenas um treininho leve – sumiu, voltando apenas nas ladeiras mais violentas. Mas, uma manhã, ao subir na balança, fiquei chocado: 94 quilos! Nunca havia pesado tanto. Na minha primeira consulta, eu pesava 88, o que já era muito para mim.
“Qual é o problema?”, perguntou Dr. Jones quando tive um chilique por causa do peso. Ele mediu minha massa corporal e gordura e meu peso era de 97 quilos, mas minha porcentagem de gordura havia caído de 10% para 6,5%. “Você perdeu três quilos de gordura e ganhou seis de músculos. E como eu já disse, o Deca supersatura as células musculares com fluido. Esse é um dos motivos pelos quais suas articulações estão melhores”. Neste ponto, minha pequena aventura começou a ficar assustadora, como se algo dentro do meu corpo estivesse tomando o controle. O que, de certo modo, era verdade. Tinha milhares de dólares em drogas correndo nas veias. O que eu tinha feito? Comecei a ansiar pela hora em que tudo aquilo acabasse.
FREAK SHOW
A P-B-P começou às 5 horas de uma manhã fresca, perfeita para pedalar. Eu estava numa bicicleta tandem – aquela para duas pessoas – com meu amigo Bob Breedlove, uma lenda do ultraciclismo. Ao longo da prova, me sentia absurdamente forte. Cinco meses antes eu nunca imaginaria pedalar tanto e sentir-me tão bem. Terminamos o percurso de 1.225 quilômetros em pouco menos de 76 horas, parando para dormir apenas duas vezes por umas poucas horas. Na manhã seguinte, se não fosse pelos machucados causados pelo selim – uma desgraça típica do ciclismo –, teria feito tudo de novo. Sem dúvida, o programa do Dr. Jones tinha funcionado.
Quando voltei da França, parei com tudo. Era fantástico estar livre de uma rotina que começara com uma sensação proibida e interessante, mas se tornara apenas uma tarefa diária irritante, como tomar vitaminas. Não verifiquei mais meus níveis de hematócrito, gordura corporal, HGH ou testosterona, mas minha vista já está voltando a falhar. Tenho certeza de que meu tempo de recuperação aumentou. Fico imaginando se continuaria a tomar essas drogas se tivesse dinheiro para bancá-las.
Para mim, teria que ser uma questão de qualidade de vida, não de performance. Se o HGH não fosse tão caro, provavelmente eu continuaria a tomar, pelo menos até ter uma boa razão para parar. No mínimo ele melhorava minha vista e me dava mais energia. Quanto à testosterona, tenho lido alguns estudos relacionando a queda dos níveis desse hormônio com sinais precoces de osteoporose. Vou continuar monitorando meus níveis e, se baixarem muito, vou pensar em estimular a produção com o creme.
O EPO, mesmo se alguém me desse de presente, eu não arriscaria. Seu uso é uma dor de cabeça e há sempre o risco de resultados desagradáveis. E jamais tocaria em esteróides novamente, a não ser que tivesse necessidade médica específica. São muito fortes e é difícil ler a lista de efeitos colaterais sem ter a sensação de que se está jogando Roleta Russa.
Depois de oito meses vivendo no mundo dos melhorados artificialmente, me convenci de que é muito difícil para uma organização como a WADA ter sucesso. Esse grupo representa a tentativa internacional mais séria de se travar uma batalha contra o doping e é uma resposta ao argumento doido de que se é impossível eliminar a trapaça, então o único remédio é legalizar tudo – assim, nenhum atleta teria vantagens sobre outro, já que todos seriam livres para usar qualquer coisa. Isso transformaria o esporte em um teste de quanto cada atleta está disposto a arriscar-se para melhorar seu desempenho. Os campeonatos esportivos teriam um estranho caráter de vida ou morte. Se não mantivermos as drogas fora desses eventos, eles irão se tornar shows de horror, com atletas fazendo papel de gladiadores e nós, os romanos decadentes, estimulando-os. Com as drogas, o esporte deixa de ser uma disputa entre atletas para ser uma briga entre químicos.
*Stuart Stevens é autor de cinco livros e co-produtor da nova série esportiva da HBO, K Street.
GRANDES MOMENTOS NA HISTÓRIA DO DOPING
1904 Treinadores dão ao exausto corredor americano Thomas Hicks uma mistura de brandy (obtido da destilação do vinho, este fica com um teor alcoólico muito mais elevado do que o vinho puro) e estriquinina para mantê-lo na maratona olímpica. Ele vence, mas entra em colapso logo após cruzar a linha de chegada e escapa da morte por pouco.
1967 O ciclista britânico Tommy Simpson morre perto do cume do monte Ventoux, no Tour de France. Ele supostamente tomou anfetaminas misturadas com brandy.
1968 O Comitê Olímpico Internacional (COI) estabelece a obrigatoriedade dos testes de doping nos jogos olímpicos da Cidade do México.
1972 O doutor Bjorn Ekblöm, do Instituto de Ginástica e Esportes de Estocolmo, inventa o “blood packing”, método que consiste em retirar o sangue de um atleta, centrifugá-lo para aumentar as células vermelhas e injetá-lo novamente no agora dopado esportista.
1987 Surge o EPO. Nos três anos seguintes, 17 ciclistas profissionais holandeses e belgas morrem depois de injetá-lo.
1988 Depois de vencer a competição dos 100 metros rasos diante do imbatível atleta americano Carl Lewis e, de quebra, bater o recorde mundial da competição nas Olimpíadas de Seul, a urina do canadense Ben Johnson revelou a presença de um esteróide anabólico, o estanozolol, substância capaz de aumentar a massa muscular e a capacidade física. A medalha e o recorde de Johnson foram cassados.
1989 A alemã Marita Koch choca o mundo ao revelar que fora dopada desde a infância para se tornar imbatível. Em 1976, em Montreal, ela trouxe nada menos do que quatro medalhas de ouro. Detalhe: ela tinha apenas 17 anos.
1993 Heidi Krieger, arremessadora de peso olímpica da Alemanha Oriental, confessou ter sido dopada por 15 anos com o esteróide Oral-Turinabol. Hoje, aos 39 anos, após ter se submetido a uma cirurgia de mudança de sexo, Heidi mudou seu nome para Andreas, casou-se com uma mulher, faz a barba três vezes por semana e pede indenização ao governo alemão. Em 1998, ela quis devolver juntamente com outras duas atletas suas medalhas, por tê-las conquistadas de modo indevido.
1994 A Fifa praticamente encerrou a carreira de Diego Maradona ao suspendê-lo por 15 meses durante a Copa do Mundo dos Estados Unidos. Aos 33 anos, o jogador argentino foi pego usando efedrina natural e mais quatros derivados sintéticos. Antes de Maradona, apenas dois casos de doping tinham sido acusados em Copas do Mundo: Jean-Joseph, do Haiti, em 1974; e Willie Johnston, da Escócia, em 1978.
1996 Para participar das Olimpíadas de Atlanta depois de acusações de uso de anabolizantes, a judoca brasileira Edinanci da Silva, por exigência do COI, teve de corrigir uma anomalia genética. Ela possuía testículos internos, que lhes forneciam hormônios masculinos e colocavam em xeque sua feminilidade.
1998 Quatro dias antes do Tour de France, Willy Voet, um massagista da equipe Festina, é pego com 400 ampolas de drogas que aumentam a performance. A equipe foi convidada a se retirar da prova.
2003 A saltadora Maurren Maggi foi cortada dos jogos Panamericanos de Santo Domingos por ter usado uma pomada cicatrizante à base do anabólico clostebol após fazer uma sessão de depilação a lazer. O clostebol estimula a produção de células musculares. Suspensa por dois anos das competições, ela era a maior esperança brasileira de ouro no salto em distância e nos 100m com barreiras nas Olimpíadas de Atenas.
2004 Com o espetacular tempo de 9h33min, a alemã Nina Kraft, 36, venceu o Ironman do Havaí. Ela pedalou sem capacete aerodinâmico, com uma bomba de ar pendurada ao lado da bike (inimaginável para atletas de alta performance) e cheia de jóias no pescoço (também impensável para quem compete pelo caneco). E, mesmo contra os ventos de 50 km/h e a temperatura que beirava os 40ºC, pedalou como quem passeava no parque. Nina usou EPO e foi suspensa por dois anos.
2004 Com forte pressão do governo de George W. Bush, o atletismo americano vive crise de credibilidade após a denúncia de que competidores de ponta como Marion Jones, Tim Montgomery, os irmãos Alvin e Calvin Harrison e Michelle Collins – todos com medalhas em Mundiais ou Olimpíadas – teriam usado substâncias proibidas. Seus nomes foram vinculados ao laboratório Balco, empresa que fabricava o esteróide THG.
PAÍS ANABOLIZADO
O Brasil é o campeão de consumo e tráfico de esteróides anabolizantes da América Latina. Em 2004 foram apreendidas 30 mil ampolas no país e, só até abril deste ano, foram confiscadas 70 mil frascos no valor de R$ 1 milhão. Segundo a Comissão Nacional de Combate ao Doping (CCD), as drogas vêm da Europa, entram pelos portos e aeroportos brasileiros via Argentina, Paraguai e Uruguai e são vendidas aqui por médicos, policiais civis e militares, atletas e dirigentes. “A lei do doping no Brasil ainda é branda”, afirma Alexandre Pagnani, presidente da CCD. De acordo com a Lei 9.615, qualquer profissional envolvido em algum caso pega, no máximo, 360 dias de punição.
QUE DOPING É ESSE?
O uso de bebidas alcoólicas, plantas, ervas e macerações à base de cogumelos tóxicos para potencializar o desempenho dos atletas era permitido na Grécia Antiga, berço das Olimpíadas. Desde aquela época, atletas já apelavam para os mais estranhos métodos em busca da tão sonhada vitória. No fim do século 19, era comum entre os ciclistas europeus o uso de uma espécie de coquetel vasodilatador formado por açúcar, éter e nitroglicerina, que aumentava o fluxo de sangue e dava mais fôlego.
Mais tarde, atletas inseriam eletrodos em tendões e davam descargas elétricas de mais de 50 volts para que a musculatura se contraísse, permitindo reações mais rápidas em esportes de explosão. Outra técnica que beirava o absurdo era a inserção de ar, com ou sem bexigas, pelo ânus dos nadadores para que o corpo flutuasse com mais facilidade. Trocar a urina do dopado pela de outro atleta, misturar saliva para diluir a amostra e alterar o pH e até introduzir um cateter pela uretra para colocar um xixi novinho (de outra pessoa) na bexiga foram técnicas usadas para alterar o resultado do exame. Vixe!
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de junho de 2005)
NA VEIA: Stuart em uma de suas aplicações no consultório do dr. Jones