Por Cassio Waki Parecia um fim de semana comum para os curitibanos em seu belo Parque Barigui, com aquele aroma de pipoca doce, famílias caminhando pela grama, os cisnes-pedalinhos no lago e a pequena roda gigante rodando no parquinho de diversões. Mas foi só o primeiro pára-quedas abrir no céu para os pescoços se entortarem para cima, as crianças apontarem os dedinhos para o alto e o contorno do lago ficar completamente tomado pelo público, que aplaudia cada manobra dos pára-quedistas.
E dá-lhe adrenalina. O Swoop usa pára-quedas menores que os convencionais, mais difíceis de controlar, e exige mais precisão e técnica dos praticantes. Há três categorias de disputa: velocidade (quem chegar mais rápido ao chão vence), precisão (os atletas têm de raspar os pés na água do lado e pousar o mais próximo possível de um alvo) e freestyle (onde o limite das manobras é a criatividade dos praticantes).
A modalidade chegou ao Brasil quatro anos atrás. Como requer manobras muito precisas e um bom controle para suportar velocidades acima dos 100 km/h, envolve apenas atletas experientes. “Nos EUA, o esporte já existe há nove anos, o que torna a diferença técnica muito grande. Mas os brasileiros estão cada vez melhores e mais profissionais”, diz Luigi Cani, 30 anos, que atingiu 119 km/h e levou o troféu na categoria Velocidade.
Respeitável público
Se as pessoas se juntavam curiosas para ver as manobras dos atletas, os atletas também se surpreendiam com tanta audiência. “Nunca saltei com um público tão grande e animado. Nem no exterior, onde esporte é muito mais popular”, revela Fábio Brandt, 27 anos, que disputou mundiais nos EUA e foi o campeão na categoria Precisão.
O clima festivo também se refletia entre os atletas. “Nós estamos nos ajudando muito. Eu tento passar as coisas que aprendo lá fora”, revela Marat Leiras, 32, campeão na categoria Freestyle, há cinco anos instalado nos EUA. “O clima entre nós é o melhor possível. Além de competir, nos divertimos muito”, completa Carlos Kalay, 23 anos, o mais jovem do torneio.
Ao final do campeonato, quem comemorava bastante era a única mulher brasileira no Swoop, Juliana Sé, 5ª colocada na categoria Precisão. “Estou a 12 anos no pára-quedismo e esse resultado, além de me surpreender muito, é um reconhecimento de todo o meu amor pelo esporte. Esse campeonato foi um marco para que o Swoop cresça cada vez mais no Brasil”, disse entre um abraço e outro de seus colegas. “Sou a única mulher no Swoop, mas na hora de saltar é todo mundo igual. E tem outro lado muito bom, pois todos cuidam muito bem de mim”, entrega.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de junho de 2005)
Fotos por Rick Neves