Por Endrigo Chiri Braz MAURÍCIO FRANCO, 44 ANOS, MUITO MAIS CONHECIDO COMO TIJOLO, sequer imaginava onde a surf-bike poderia levá-lo quando, ao lado do amigo Éder, inventou a brincadeira em Santos, em 1979. Também não pensava que, apesar do grande interesse de todos os boardriders que tiveram a chance de ver a surf-bike em ação, sua invenção não prosperaria como um produto. Mas isso parece não ser problema para Tijolo. A surf-bike já lhe rendeu muitas oportunidades.
A saga do surf sobre rodas, como outros esportes de prancha, nasceu graças à escassez de swell. “A bike era a condução e o esporte da galera nos dias sem ondas. Fazíamos várias peripécias como empinar longas distâncias, pular o Canal 3 e, por fim, ficar em pé no quadro da bicicleta”, lembra Tijolo. “Com o tempo e muito dinheiro gasto com solda, aperfeiçoamos a bike com uma tábua sobre o quadro e outras peças secretas”. Assim nasceu a surf-bike. Depois de um tempo circulando por Maresias, litoral norte de São Paulo, a invenção foi levada para o Havaí na bagagem de Tijolo, que mora no arquipélago há quase 30 anos, onde trabalha como garçom.
Mas foi graças a outro inventor de esportes de prancha, o respeitado Laird Hamilton, que a surf-bike ganhou projeção internacional. “Vim pela primeira vez para o Havaí em 1987, o Laird me viu andando e convidou para fazer umas imagens para o filme North Shore, que de vez em quando ainda passa na Sessão da Tarde”, orgulha-se o surfbiker. Além de Laird, muitos outros surfistas, skatistas, bikers e até pilotos de moto e Fórmula 1 gostaram da traquinagem. “O que mais se jogou numa surf-bike até hoje foi o surfista brasileiro Peterson Rosa. O ‘animal’ pôs pra baixo no maior ladeirão em Biarritz, na França, e completou a descida”, elogia o mestre. Mas e o Kelly Slater, como se saiu? “Amarelou legal. Só ficava gritando enquanto os outros andavam”, conta Tijolo, sem fazer média com o hexa-campeão mundial de surf.
As possibilidades de manobra com a surf-bike são limitadas. O rolê se assemelha com o do skate longboard, recheado de curvas e estilo. Dito isso, o indispensável para andar numa surf-bike com pertinência é coragem, jogo de cintura e, o mais importante, velocidade: “Se cismar em andar com pouca velocidade vai beijar o chão”, avisa o inventor.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de julho de 2005)
Foto por Arquivo Pessoal