Mulheres de areia


TÂMILA DALILA: 19 anos, slopestyle, campeã brasileira em 2004 e vice-campeã mundial 2005

Por Endrigo Chiri Braz

Fotos por Cristiano Wilke

A 3º etapa do Circuito Cearense de Sandboard, o Maresia Sand Classic, que aconteceu em setembro nas dunas de Sabiaguaba, em Fortaleza, comprovou o que os amantes do esporte já desconfiavam: a evolução no desempenho feminino, assim como o aumento no número de meninas competindo. “Aqui no Ceará o sandboard está crescendo muito, sendo bastante divulgado, grandes marcas estão se interessando em patrocinar e com isso o número de atletas vem aumentando e, conseqüentemente, o de meninas também”, acredita Géssica Veras, 20 anos, que faturou a etapa na categoria feminina, que contou com oito meninas – o maior número de inscritas da história do circuito cearense. Géssica e sua companheira de treino e amiga inseparável Tâmela Dalila, 19, disputam o circuito nordestino e o campeonato brasileiro com os homens da categoria amadora (e muitas vezes ganham deles).

Essas duas cearenses cheias de gás têm uma parcela de responsabilidade sobre o interesse feminino. Géssica e Tâmela viraram referência para as meninas mais novas desde que foram as primeiras brasileiras a disputar a etapa mundial mais importante, que acontece no meio do ano em Monte Kaolino, na Alemanha. Géssica ficou com o título mundial na modalidade Slopestyle ou Big Air, dedicada aos saltos, seguida da companheira Tâmela.


GÉSSICA VERAS: 20 anos, slopestyle, vice-campeã brasileira em 2004 e campeã mundial 2005

O Brasil hoje é a primeira potencia do mundo na modalida slopestyle. As européias e americanas se garantem melhor no boardercross (corrida) e no slalom, modalidades mais rápidas que favorecem quem está acostumado com a alta velocidade do snowboard. “Só não temos mais campeões mundiais porque muitos atletas não têm condições de competir fora. O nível dos nossos sandboarders é muito alto e, pelo que vi na Alemanha, temos condições de ganhar”, acrescenta Géssica.

Para suprir a deficiência nas outras modalidades, a Federação Cearense planeja incluir o bordercross nas três etapas que ainda vão rolar esse ano. No mais, Géssica e Tâmela continuam treinando pesado para tentar competir, além da etapa alemã, nos mundiais do Peru, África do Sul e Estados Unidos, no ano que vem. “E nosso objetivo também é começar a praticar o snowboard, já que os dois são bem parecidos e a versão na neve traz mais retorno financeiro”, finaliza Géssica, que acaba de aprender o Superman, uma das manobras mais cascas do slopestyle. “Depois que eu acertei tem gente chamando essa manobra de Supergirl”, diverte-se ela.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de novembro de 2005)