Por Cassio Waki
Foto por Cristiano Quintino
Imagine uma subida de 12,5 quilômetros. Acrescente aquela inclinação superíngreme, típica da região histórica de Minas Gerais, mais terra batida, sol forte e uma média de desnível de 1.500 metros. Cansou? Os 1.130 atletas que largaram da cidade de Mariana para o segundo e último dia de Ironbiker encontraram essa “pedreira” logo no começo dos 59 quilômetros reservados para aquela etapa.
Para muitos, foi a mais cascas das 13 edições do Ironbiker. “Esta prova está entre as mais duras das 12 em que participei”, conta Abraão Azevedo (Sundown/Centauro), 36 anos, campeão da edição desse ano (no primeiro dia ele completou o percurso em 3 horas e 15 minutos e no segundo em 2 horas e 36 minutos). “Nunca vi uma subida tão longa e íngreme”. Além da pirambeira, a organização da prova ainda dobrou a distância dos trechos de single trek em relação ao ano passado, exigindo muita técnica dos competidores.
O primeiro dia de prova teve início em Ouro Preto, na Praça Tiradentes, numa pedalada de 76 quilômetros até chegar a Mariana. “A região é sempre a mesma, porém o percurso nunca é igual”, diz Abraão. “A grande dificuldade é que os atletas estão se preparando cada vez mais, o que deixa a prova mais competitiva. A cada ano ela fica mais rápida”.
Além de contar com a elite do mountain bike brasileiro e de disponibilizar diversas categorias de competição, como equipes, por exemplo, a prova também tem uma categoria de bikes Tandem – uma magrela para duas pessoas. “É um desafio e tanto, porque se uma bike normal pesa cerca de 12 quilos, a Tandem não pesa menos de 25”, diz Charles Póvoa e Silva, 36, campeão da categoria (no primeiro dia ele e seu companheiro, Carlos Lemes, 36, completaram o percurso em 5 horas e 16 minutos e no segundo em 2 horas e 59 minutos). Além da sincronia, a estratégia da dupla é fundamental. “Enquanto o ciclista da frente dá a direção, é o de trás que funciona como motor. Em subidas ou descidas muito acentuadas, é ele quem desce da bike e empurra”, completa.
Acostumada com corridas de aventura, Ana Paula Beltrão, 31, se uniu a duas amigas e formaram uma equipe, a Hora do Blush, e juntas completaram o percurso da categoria feminina (60% menor do que o da masculina) em 6 horas e 36 minutos. “Ao contrário da corrida de aventura, o percurso no Ironbiker é todo demarcado, o que facilita muito. Mas por outro lado o ritmo é muito mais intenso”, diz. Formar um time pode ser uma boa opção para quem quer percorrer os 135 quilômetros da prova pela primeira vez. “Um incentiva o outro, divide o peso dos equipamentos e resolve os problemas mais rapidamente como um pneu furado, por exemplo”.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de novembro de 2005)