Por Endrigo Chiri Braz
Foto por Alan Van Gysen / Fluir
Em seu trecho batizado de Expresso Número 11, o rio Zambeze, um dos mais agitados do planeta, tem a largura de um campo de futebol. Depois de uma zona mais calma, a vazão acelera e a água despenca em um desnível de dois metros antes de bater numa laje abrupta, que obriga o turbilhão líquido a dar a volta em torno de si mesmo. Nos dias com bom nível de água, esse expresso se transforma numa direita tubular e perfeita que não pára nunca. Um tubo infinito e estático, que pode chegar a ter dois metros de altura.
Apesar da descrição acima e da inacreditável paisagem ao redor, esse surf spot só não é perfeito por dois motivos. Primeiro, os crocodilos que largateiam por ali. Segundo, o fato de que, para dropar a morra do Expresso Número 11, é preciso esquecer todas as sensações oceânicas. O surfista tem que remar contra a corrente que desce o rio para poder sentar na prancha como se estivesse esperando a série num line up marítimo. Lentamente, ele é aspirado pela força da onda e, à medida que se aproxima da zona de impacto, precisa se virar e remar contra a corrente insanamente para desacelerar seu curso e conseguir o drop. Feito isso, ele surfa ali parado o tempo que as pernas agüentarem ou a habilidade permitir. A cada queda, o surfista tem que sobreviver a 200 metros de águas furiosas até alcançar uma das margens, mas não sem antes tomar um caldo de uns 15 segundos – uma eternidade para quem se encontra em situações adversas.
O tubão do Expresso Número 11 só bomba duas vezes por ano – e não mais do que cinco dias seguidos –, quando o nível de água do rio sobe, geralmente no fim de janeiro, ou quando o nível baixa, no começo de julho. A hospedagem pode ser no hotel Zambezi Waterfront [www.safpar.com/waterfront] ou no albergue Faulty Towers [www.adventure-africa.com], na cidade de Livingstone, onde fica o aeroporto mais próximo. Os salva-vidas e os guias experientes são obrigatórios para um surfe seguro. Os melhores guias do Rio Zambeze você encontra no site www.thezambezi.com ou no www.zambiatourism.com. Quem já experimentou garante que a empreitada é válida. Afinal de contas, não é em qualquer lugar do mundo que você encontrará um tubo infinito à sua disposição.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de dezembro de 2005)
PERMANENTE: Surfista se diverte no rio Zambeze