Espírito de equipe


BELEZA NATURAL: Remadores passam por trás do Pão de Açúcar

Por Endrigo Chiri Braz
Fotos por Divulgação

O nome oficial do esporte no mundo todo é Va’a, mas por aqui as pessoas chamam de canoa havaiana. Porém, Nicolas Bourlon, 40 anos, francês radicado no Rio de Janeiro, presidente do primeiro clube do Brasil e representante sul-americano na Confederação Internacional, garante que o certo é canoa polinésia. Como o esporte está em plena ascensão no Brasil, ainda dá tempo de corrigir. O Va’a surgiu na Polinésia Francesa e depois migrou para o Havaí, onde se popularizou. Tanto que no Taiti, Meca do esporte e capital da Polinésia, ela faz parte do cotidiano das pessoas, tem valor funcional na vida do povo local e não tem sequer um cidadão que nunca tenha remado numa. “É a embarcação que colonizou todo o Oceano Pacífico”, acrescenta Nicolas, que, apesar do profundo envolvimento, não é o responsável pela colonização da nossa costa.

Quem trouxe para cá a primeira canoa do estilo foi o brasileiro Ronald Willians, filho de brasileira com canadense, em 1999. No mesmo ano ele criou o primeiro clube de canoa polinésia, no Rio de Janeiro, hoje batizado de Rio Va’a Clube e sob o comando de Nicolas, que também se encarrega da organização do Rio Va’a (www.riovaa.com), competição que faz parte do Circuito Mundial como etapa Sul-americana. A quarta edição da prova, que acontece de 9 a 11 de dezembro no Rio, inclui trechos de curta distância (4 quilômetros) em V1, a canoa individual, e V12, para doze remadores, e de longa distância (28 quilômetros) em V6, para seis atletas, todas elas no masculino e no feminino. Assim como no ano passado, a Rio Va’a 2005 terá, como parte do projeto social “Canoa Rio”, provas para crianças e adolescentes em V1 e V6, além da estréia da prova especial para portadores de deficiência visual.


AMÉM: Participantes da Rio Va’a abençoam as canoas novas. Saravá

Atualmente, existem clubes de canoagem polinésia em Santos, Bertioga, Florianópolis, Salvador e Rio de Janeiro, que conta hoje com quatro clubes, totalizando 16 embarcações. “A Canoa Polinésia traz uma carga de energia positiva muito forte, um lance de união, trabalho de equipe, é uma forma de abrir novos horizontes”, justifica Nicolas. “Quando tem alguém mal na equipe, todo o resto sofre. Por isso que nem sempre uma equipe boa é a vencedora. Às vezes uma equipe mais fraca, mas que trabalha bem junta, em boa sintonia, acaba obtendo melhor resultado”.

Os bons remadores costumam ser ex-nadadores de longas distâncias, migrantes do remo, surfistas e corredores de aventura. Vale lembrar que todos têm de ter conhecimento de mar, em especial o capitão de cada embarcação, que fica responsável pelo leme. “O melhor caminho nunca é a linha reta. É preciso aproveitar as correntezas. É uma mágica conseguir juntar um time com todos esses elementos”, finaliza Nicolas, que é o capitão da única equipe de canoa polinésia que representa o Brasil internacionalmente.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de dezembro de 2005)