Preparado


DUPLA JORNADA: Fabrizio se divide entre o trabalho e o esporte. "Não me canso. Faço o que gosto".

Por Erika Sallum
Foto por Alexandre Cappi

Imagine ficar dez horas sem comer durante um trekking de 30 horas. Junte a isso três dias sem dormir. Descanse por menos de quinze dias e depois calce as sapatilhas para pedalar por mais de 20 horas no percurso de 800 quilômetros do Extra Distance e não só chegar na frente de todos os quartetos, como estabelecer o novo recorde da prova. Cansou? Pois assim foi a rotina do empresário Fabrizio Giovannini entre novembro e dezembro de 2005.

Aos 41 anos, esse triatleta nascido na Itália participou do Campeonato Mundial de Corrida de Aventura, na Nova Zelândia, com a equipe QuasarLontra, e, duas semanas depois, enfrentou a dureza do Extra Distance, a mais longa prova de ciclismo do Brasil. O quarteto masculino do qual fazia parte, o Butenas Assessoria, não só venceu a competição, como estabeleceu o melhor tempo da história do Extra, completando o circuito em 21h38m. Mais uma ótima marca para quem começou nos esportes aos 12 anos, participou de dois Ironman e encarou corridas de aventuras dificílimas como o Elf e o Eco-Challenge. Confira a seguir um bate papo com o atleta.

Qual foi a estratégia de vocês?

Revezávamos cada 20 quilômetros, o que dava cerca de meia hora de pedal para cada um e 1h30 de descanso. Não mudamos nossa estratégia nem durante a noite, como havíamos cogitado, pois o revezamento estava dando certo e já havíamos aberto bastante em relação à segunda equipe.

Vocês tinham pensado em bater o recorde da prova? Foi uma coisa planejada?

Fizemos o que podíamos, sem pensar em recorde. Lógico que ficamos contentíssimos com o resultado, mas não batalhamos visando apenas isso.

Qual foi sua melhor média durante a prova?

Nossa equipe de apoio anotava todas as médias de cada um. A minha mais alta bateu nos 49 km/h. A média da equipe ficou em 37,87 km/h.

E as magrelas, quais foram as suas “escolhidas” para a prova?

Levei duas bikes. Uma Trek Madone para as subidas e uma Cervelo P3 Carbon para os trechos planos. Aproveitar a geometria das bikes ajuda muito, mas eu não estava tão acostumado com a posição mais aerodinâmica da Cervelo e penei um pouco.

No que você pensava enquanto estava pedalando?

O Extra é uma prova rápida demais, nem dá para ficar pensando muito. Só dava para pensar na pedalada mesmo, em fazer força.


Que tipo de assessoria vocês tiveram durante a competição?

Cada equipe conta com dois carros e com o pessoal do apoio. Eu também tive a companhia do meu filho, que ficava o todo o tempo no laptop, acompanhando online os boletins da prova. Um dos nossos carros era um ônibus enorme, com massagista e cama. E a mãe do Eduardo Akira, um dos nossos ciclistas, ainda fez uns nhoques deliciosos para a gente comer [risos].

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de janeiro de 2006)







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