Desafio. Foi com essa palavra em mente que disparamos exloradores para vários cantos do Brasil atrás de roteiros de remo, trekking e mountain biking que pudessem ser feitos nas férias, feriados e até fins de semana. O resultado foram 11 aventuras casca-grossa – com graus de dificuldade variados – em picos de tirar o fôlego, não só fisicamente, mas visualmente também, o que era nossa principal intenção. Todos os destinos são explicados minuciosamente, dia-a-dia. Mas o ideal é que antes de encarar essa aventuras, você retire a carta topográfica do locoal no site do IBGE para não se perder. Quem não tiver com disposição para enfrentar os perrengues normais para esse tipo de ação, pode recorrer ao nosso plano B, com operadoras e guias que te levarão do começo ao fim de cada jornada.
TREKKING NA ILHA GRANDE (RJ)
Nível: ****
Duração: 6 a 8 dias
Por Alexandre Cappi
Em minha opinião, a Ilha Grande representa com astúcia um dos melhores trekkings do Brasil. São mais de 130 quilômetros de trilhas que contornam boa parte de sua área protegida – algumas são cicatrizes abertas pelos presidiários que escapavam da Colônia Penal que existiu ali. Toda a ilha está contida na Área de Proteção Ambiental dos Tamoios (APA) e é subdividida em três áreas específicas: Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG), Parque Estadual Marinho do Aventureiro (PEMA) e Reserva Biológica da Praia do Sul (RBPS), totalizando 8.000 hectares, praticamente metade da Ilha.
Não adianta somente apetite para desafiar esse percurso longo e fantástico. O relevo montanhoso da Ilha Grande exige boa preparação física para suportar uma mochila pesada. A saga dos tombos ao longo das caminhadas é quase inevitável, ainda mais no período das chuvas. Essa estatística diminui na companhia de um cajado ou bastão, além de aliviar a sobrecarga nos joelhos. A maioria das trilhas não possui placas de sinalização, tornando obrigatório o uso de um mapa com as trilhas demarcadas, além de uma bússola para evitar contra-tempos. A mais preciosa de todas as dicas é a lábia. Sempre que passar por algum vilarejo compre dois litros d’água e peça informações precisas sobre as condições do trajeto e a exata localização das trilhas.
1° dia
Saindo do cais principal de Angra dos Reis procure um barco que faça a travessia de duas horas até a praia do Aventureiro. A jornada começa com uma ladeira brutal de 5 quilômetros, sentido praia de Provetá. Depois, a inclinação fica mais “light” passando pelas praias Vermelha e do Gaúcho, até chegar ao pernoite na praia de Araçatiba, um dos melhores locais para mergulho da ilha. (Total: 16 km em 6 horas)
2° dia
Partindo de Araçatiba, são 12 quilômetros de percurso moderado até a praia de Sítio Forte, passando pelas praias Longa e Ubatuba. De lá, são mais três horas até a praia de Bananal, deixando para trás as belas praias de Manguaraquissaba e Matariz. Nesta parte da Ilha, concentram-se uma série de pequenos vilarejos caiçaras. Vale à pena refazer as energias com uma boa refeição caseira. (Total: 21 km em 7 horas)
3° dia
Distante 5 quilômetros da praia do Bananal encontra-se a Lagoa Azul, pausa obrigatória para um mergulho paradisíaco. A lagoa fica na região conhecida como Freguesia de Santana, outro antigo povoado pesqueiro da Ilha. De alma lavada, prepare-se para uma pernada longa até o Vilarejo do Abraão, o maior povoado da ilha. O trecho atravessa toda a enseada do Saco do Céu até chegar à Cachoeira da Feiticeira, já bem próxima do pernoite em Abraão. (Total: 23 km em 8 horas)
4° dia
Em Abrãão, procure se instalar em alguma pousada ou camping. A partir deste dia você não precisará mais carregar a pesada mochila, já que as caminhadas passam a ser de ida e volta. Como o dia anterior foi bastante puxado, escolha fazer o percurso moderado até a assombrada praia de Dois Rios, onde se encontram as ruínas do presídio Cândido Mendes (1903-1993). Fica fácil imaginar o lendário traficante Escadinha sendo resgatado por um helicóptero, há mais de 30 anos. (Total: 18 km em 5 horas)
5° dia
Novamente saindo de Abraão, siga por cerca de duas horas até a praia de Palmas. De lá, são apenas 2 quilômetros até a primorosa praia de Lopez Mendes, considerada uma das mais lindas do planeta, com altas ondas para o surf. Outra dica bacana é esticar mais meia hora até a pequena praia de Santo Antônio, um refúgio intocado e deserto. Com sorte, é possível escutar a algazarra dos macacos Bugios, verdadeiros senhores da região que disputam seus territórios no grito. (Total 20 km em 6 horas)
6° dia
Finalmente, depois de cinco dias perambulando pelas trilhas da região, eis o dia mais fascinante de todos: a subida ao Pico do Papagaio. São 11 quilômetros de uma escalada com 982 metros de altitude. Mesmo com o corpo reclamando, a mente agradece a grandeza do feito à alma. No topo de uma ilha mitológica é possível ter uma visão de 360° da maioria do trajeto percorrido. E assim, o fato de não ter que programar a próxima caminhada soa como algo estranho. Basta descer duas horinhas, embarcar na balsa e ir pra casa. Simples demais… (Total 22 km em 5 horas)
Dica: leve suprimentos para cinco dias, barraca, isolante, saco de dormir, protetor solar, roupas leves, capa de chuva, seis pares de meias, canivete, sacos de lixo, boné legionário, lanterna, tensores para joelhos e muita água.
Vai nessa: Saindo do Rio de Janeiro, siga pela BR-101 (Rio-Santos) até os portos das cidades de Mangaratiba ou Angra dos Reis. Saindo de São Paulo, a melhor opção é seguir pela via Dutra durante a madrugada para chegar cedo em Angra. Siga até a entrada de Barra Mansa (saída 272) e pegue a rodovia Saturnino Braga. A antiga estrada passa por túneis escavados na rocha até chegar à BR-101. Siga em direção ao Rio de Janeiro até o km 443 (entrada de Angra). Chegando ao cais principal, pergunte pelo estacionamento Dois Irmãos, localizado bem na entrada do Porto. Aí, é só procurar por um barco com destino à praia do Aventureiro. Também existe a possibilidade de fazer o roteiro acima ao contrário saindo de Abraão. A balsa que sai para a capital da Ilha fica a 500 metros do cais principal.
Plano B: Caso não haja barco pra Aventureiro, siga para Provetá e inicie sua caminhada de lá. A Sudoeste SW (www.sudoestesw.com.br) pode providenciar o barco, reservar pousadas e disponibilizar guia para sua caminhada.
PEDALANDO NA CANASTRA (MG)
Nível: ****
Duração: 3 dias
Por Luís Morales
A Serra da Canastra é um lugar que oferece tudo para uma grande aventura: pouca estrutura, belas paisagens, celular sem sinal, lugares inóspitos e fartura de cultura local. Os vales imensos separam serras com subidas intermináveis, cachoeiras, chapadas, tudo preservado dentro de um parque nacional, onde nasce um dos mais importantes rios do Brasil, o São Francisco. Aliando isso às vantagens de se viajar de bicicleta, este roteiro de 250 quilômetros torna-se uma grande pedida para a sociedade dos amantes de programas de índio.
1° dia
Saindo de Delfinópolis, siga no sentido de Sacramento por uma estrada principal de terra que vai margeando a represa do Peixoto, até o início da subida da serra das Sete Voltas. São 7 quilômetros de piramba até o vilarejo (último ponto de reabastecimento do dia). Continue na via principal passando pelo triste reflorestamento da Votorantim até chegar a um entroncamento em T, onde é preciso virar à direita (siga a placa “Fazenda Portal da Canastra”). Nessa estradinha, pedale por mais 20 quilômetros até a portaria 3 do parque (não esqueça de levar algum documento + R$ 3 por pessoa para a entrada). Cruze por dentro do parque por mais 35 quilômetros até a portaria 2 por um trecho plano. Chegando a São João Batista da Serra da Canastra, procure o Ricardo na Pousada da Serra, um grande ciclista conhecedor da região que irá recebê-lo tão bem quanto o Sr. Vicente, conhecido por todos no lugar, por oferecer um jantar de comida caseira no fogão à lenha, a R$ 8 por pessoa.
2° dia
Volte para o parque e siga no sentido de São Roque de Minas. Após 8 quilômetros, vire a direita para a Garagem de Pedra, um lugar fantástico, que merece uma caminhada até a beira da montanha, para curtir o visual. Ao lado da casa, tem início o downhill para o Vão dos Cândidos, em um trecho muito difícil onde às vezes é preciso descer da bike. Siga sentido ao Morro do Carvão, onde no topo fica o bar do Edmar (único ponto de reabastecimento). Lá é possível escolher entre seguir direto para a Babilônia ou descer para o outro lado, em uma piramba que leva para a primeira queda do velho Chico, a cachoeira da Casca d’anta. Altamente recomendado! A vista é linda, mas na volta paga-se o preço com 6 quilômetros de montanha pra subir. De volta ao mirante desça para o vale e depois suba para o Chapadão da Babilônia e aproveite o alucinante downhill da Serra Branca para chegar no Vale da Babilônia. Ali, procure a “Pousada da Vanda” para passar a noite, em uma fazendinha mineira, com direito a comida feita no fogão a lenha e o melhor doce de leite do mundo.
3° dia
Saindo do sítio da Vanda, pergunte o caminho até a Casa de Oração, um ponto de referência para os locais. Siga por 5 quilômetros e na bifurcação pegue a esquerda. Daí para frente, curta a belíssima paisagem e prepare-se para a temida “Caminho do Céu”, nome melhor impossível para essa subida. No topo, você vai entender que o paraíso está bem perto, mas é preciso pagar todos seus pecados pra chegar lá. Após a escalada começa um interminável tobogã pela crista da serra, entre os vales da Bateinha e do Gurita, que leva até o vilarejo de Olhos D’água (um ótimo lugar para reabastecimento). O último trecho são 22 quilômetros de estrada de terra até o ponto de partida, Delfinópolis.
Dica: Neste roteiro, peso é vida. Como os trechos têm muita subida, quanto menos carga, melhor. Leve somente o necessário mesmo. Uma roupa para o pedal e uma pra dormir, anorak, kit conserto bike e iluminação (nos dois primeiros dias pedala-se à noite). O reabastecimento de comida durante os deslocamentos é quase inexistente, portanto leve tudo o que for consumir e aproveite bem os jantares e cafés-da-manhã. Como toda viagem de bike faça uma revisão completa na magrela.
Vai nessa: a partir de São Paulo, deve-se seguir até Campinas e de lá pegar a SP-340 até Casa Branca e de lá seguir até Mococa. Passar por Arceburgo e dali seguir em direção a São Sebastião do Paraíso e depois Passos. Entre S.S. do Paraíso e Itaú de Minas, seguir sentido Cassia e dali pegar a balsa até Delfinópolis.
Plano B: Para ter todo suporte necessário pro seu pedal ligue para o Ricardo na Pousada da Serra, tel.: (34) 3662 4516. Ele disponibiliza carro de apoio com rádio comunicador, guias experientes, logistica de alimentação e hospedagem, e traslados.
TREKKING NOS LENÇÓIS MARANHENSES (MA)
Nível: ***
Duração: 4 dias
Por Christian Fuchs
Vi umas fotos das dunas dos Lençóis Maranhenses, com lagos transparentes, mangues e uma paisagem do outro mundo – onde mais no mundo se encontra um deserto com lagoas entre as dunas? – e pensei: por que não atravessar esse deserto a pé? Foram três meses de planejamento, indo atrás de mapas, informações, equipamentos e lá fui eu com uns amigos para o Maranhão. Os Lençóis Maranhenses estão num parque nacional de mesmo nome e são aproximadamente 70 quilômetros de dunas de até 40 metros de altura, ao longo da praia, por 30 quilômetros de largura, sendo que entre quase todas as dunas existe uma lagoa, variando entre as cores azul, verde e transparente.
O melhor período de visitação é de junho a setembro, quando acaba o “inverno maranhense” (ou estação das chuvas) e começa o “verão” (estação seca). Antes disso, você corre o risco de pegar chuva todos os dias e depois de setembro, as lagoas secam, perdendo parte do encanto local. Como o lugar está praticamente sobre a linha do Equador, as temperaturas não saem muito dos 25 ºC a 35 °C (mesmo à noite), sempre com muito vento, o que torna a caminhada bem mais fresquinha.
1º dia
As areias ficam a uma hora de Toyota pelo mangue, saindo de Barreirinhas, que é para onde a maioria dos turistas vão: Lagoa Azul, Lagoa Bonita, etc. Dalí que nós começamos a caminhar, quando os turistas se foram e a paz total voltou a reinar. A caminhada deve ser feita sempre no sentido leste para oeste, pois as dunas ficam sempre viradas para a direção do vento, que vem sempre de nordeste. O lado leste é menos acentuado e de areia firme, enquanto o lado oeste da duna é bem abrupto e de areia solta, geralmente terminando numa lagoa. Dá até pra descer rolando. Acampamos na primeira noite um pouco pra dentro das dunas e o visual do pôr-do-sol no meio das dunas foi algo inesquecível.
2º dia
Aqui eu já estava até andando descalço nas dunas. Andamos até os “oáses” de Baixa Grande, Queimada dos Lira e Queimada dos Britos, que são três mini-vilarejos, às margens do rio Verde, onde vivem algumas famílias nômades, totalmente isoladas do mundo. Quando o rio Verde seca, eles se mudam pro litoral e depois retornam com as chuvas. Eles são muito simples, mas foram extremamente atenciosos conosco. Se for passar por lá, leve alguma roupa ou utensílio a mais, para deixar com eles, que a venda mais próxima fica a dois dias de caminhada.
3º dia
Caminhamos fugindo de pancadas de chuva de verão, que passavam ao nosso lado, mas nenhuma nos atingiu. Como não existe montanha nenhuma no raio de visão, é muito interessante a sensação de estar “navegando” no meio das dunas, com visual total do que acontece ao seu redor. Paramos para acampar um pouco antes do vilarejo de Santo Amaro, já na extremidade oeste dos Lençóis Maranhenses.
4º dia
De Santo Amaro pegamos um trator com uma caçamba enorme, que serve de ônibus local, já que as estradas são geralmente alagadas na época e passam por dentro de mangues. Esse trator nos levou até Alegre, outro povoadinho, de onde sai uma barca enorme, que depois de 14 horas de navegação, chega a São José do Ribamar, já na ilha de São Luiz, a uma hora de ônibus até a capital.
Dica: Como não existe ponto de apoio nenhum no meio do deserto, você precisa estar com tudo o que necessite durante a caminhada (comida, fogareiro e combustível, barraca, etc.). A água das lagoas teoricamente é potável, mas é sempre bom levar um filtro ou esses purificadores de água químicos. Apesar de não ser frio e um moletom só já ser o suficiente, a areia carregada pelo vento cobre tudo o que se larga no chão, em alguns minutos. Portanto, se você resolver passar a noite fora da barraca, corre o risco de virar uma duna. A exposição ao sol é constante e sem trégua, portanto não esqueça do chapéu, camiseta de mangas compridas, filtro solar e óculos de sol, que o reflexo na areia branca é muito forte. Para a navegação, só o mapa e a bússula não são suficientes, pois como não há referências no horizonte, fica difícil de manter o rumo. O GPS com a carta topográfica (e a habilidade pra tratar com eles) é essencial.
Vai nessa: Existem duas opções para se chegar ao deserto: por Atins ou Barreirinhas, que fica a umas oito horas de ônibus da capital São Luiz do Maranhão – hoje em dia a estrada já está asfaltada e a viagem é bem mais confortável. Atins é uma vilazinha, ao lado de Mandacaru e Caburé, que fica na margem esquerda da foz do rio Preguiças, beirando o deserto e o mar. Existem pousadinhas simples, passeio de barco, visitação ao farol de Mandacaru e até dá para encontrar guias para se fazer uma caminhada nos Lençóis. Atins fica uns 15 quilômetros rio abaixo de Barreirinhas. Chega-se lá por gaiolas (aqueles barcos de dois andares típicos do local) ou voadeiras (lanchas de alumínio, bem mais rápidas). Barreirinhas é uma cidade que já vive do turismo, tem pousadas até sofisticadas, supermercado e operadoras de turismo.
Plano B: A Maranhão Turismo (www.maranhaoturismo.com) oferece vários tipos de passeios, como vôos panorâmicos, passeios de jipe, apoio e logística pra sua caminhada.
BIKE NO JALAPÃO (TO)
Nível: ****
Duração: 7 dias
Por Tidio Sampaio
Já tinha ouvido falar de várias histórias a respeito do Jalapão. Além disso, essa região do Brasil sempre me fascinou pelo relevo, clima, vegetação e, sobretudo, pelas pessoas. Um lugar que é conhecido como “Deserto do Jalapão”, não pelo fato de ser árido, mas sim porque muito pouca gente vive por lá. Dependendo do trecho percorrido e da época do ano, você pode passar o dia sem encontrar ninguém, só algumas poucas cabeças de gado que pastam livremente na vegetação do cerrado. Meu plano inicial não era pedalar solitário, mas aconteceu e foi uma experiência ótima.
Existe uma estrada cascalhada que faz todo o contorno do Jalapão em forma de uma ferradura. O início é em Ponte Alta do Tocantins, uma pequena cidade em torno de 10 mil habitantes conhecida como a porta de entrada do Jalapão. Depois essa estrada passa por duas outras pequenas cidades: Mateiros e São Félix do Jalapão, finalizando em Novo Acordo.Quem quiser fazer a volta do Jalapão de bike tem que estar preparado para tudo, principalmente quanto a água, comida e dormir em qualquer lugar. As distâncias são grandes e para quem pensa que se trata de uma planície, pode ter certeza que existem infindáveis subidas e descidas o que atrasa bastante o pedal, ainda mais com uma bike com dois alforjes de 15 a 20 quilos cada um, mais a barraca no bagageiro.
1º dia
Saindo pela manhã bem cedo de Ponte Alta, vale a pena pegar a estrada do sentido contrário a Mateiros para conhecer a Pedra Furada, uma formação rochosa que é um cartão postal do Jalapão. Como é um trecho de ida e volta, deixe todo o peso da bagagem na pousada em Ponte Alta, mas não esqueça de levar água e mantimento para um pedal de 70 quilômetros. Voltando a Ponte Alta, monte os alforjes e toda a bagagem na bike, e pegue a estrada em direção a Mateiros. 17 quilômetros depois, chega-se à Gruta de Sussuapara. Se ainda tiver forças, pedale mais 23 quilômetros e passe a noite na Cachoeira Lajeado, onde dá para acampar no estacionamento. Importante: esse primeiro trecho tem muitas subidas e descidas e pode ser que você tenha que acampar em qualquer lugar ao lado da estrada, antes de chegar ao objetivo final. Foi o que fiz.
2º dia
Saindo bem cedo da Cachoeira do Lajeado, seu próximo objetivo é chegar à Pousada do Jalapão (65 km de pedal). Cruze o rio Vermelho e a pequena Serra da Muriçoca, passando por algumas subidas e descidas. Logo depois da serra, existe uma bifurcação com uma placa indicando a Pousada do Jalapão. Pegue a esquerda e 21 quilômetros depois se chega à pousada.
3º dia
Acorde cedo, pegue somente a bike, água e a máquina fotográfica para visitar a Cachoeira da Velha, num pedal de 18 quilômetros, ida e volta. Lá você encontrará uma prainha de areia bem branca e com água cristalina do rio Novo. É um dos pontos altos do Jalapão. Volte para a pousada, monte a bike e siga em direção à bifurcação. Dessa vez, pegue a direita em direção a Mateiros. Seu próximo objetivo é a ponte de concreto do rio Novo, onde tem algumas áreas de acampamento, mas sem nenhuma estrutura. Quem não tiver perna para chegar irá ter que passar a noite em algum campo ao largo da estrada. Foi o que tive que fazer.
4º dia
Dois objetivos principais: visitar as Dunas e chegar a Mateiros. A entrada para as Dunas fica 12 quilômetros depois do rio Novo. Lá tem que se pagar não mais do que R$ 5 a um fiscal para visitar as Dunas. Vale a pena gastar alguns minutos caminhando, se refrescando nos rios e lagos e contemplando a paisagem. Passeio acabado, siga para Mateiros, contornando a Serra do Espírito Santo, um outro cartão postal do Jalapão. São 55 quilômetros até lá. Procure a Pousada do Cardoso para passar a noite e jante no Restaurante da Dona Rosa.
5º dia
Em direção a São Félix do Jalapão, visite o Fervedouro (25 km de Mateiros), uma fonte de água que brota de um poço e não deixa a pessoa afundar. Voltando para a estrada e ainda em direção a São Félix, visite a Cachoeira da Formiga (30 km de Mateiros, mais 8 km de areião a partir da estrada), uma cachoeira com água supercristalina, onde dá para descansar e se refrescar. Dali, são mais 49 quilômetros (a partir da estrada) até São Félix. Vale a pena apertar no pedal e chegar na cidade para se hospedar na Pousada do Capim Dourado, com uma excelente estrutura (quartos com ar e TV), restaurante simples, mas com um preço um pouco salgado para a região.
6º e 7º dias
Saindo de São Félix em direção a Novo Acordo, o último trecho do Jalapão, com uma paisagem exuberante. Muito provável que você não encontre ou cruze com alguém até bem perto de Novo Acordo. Serão dois dias de pedal para percorrer os 170 quilômetros de distância. Passe a noite perto da ponte sobre o rio Novo, mas, se conseguir, siga um pouco mais para não deixar um trecho maior (mais 100 km para o último dia), até a chegada em Novo Acordo. Pronto! Você conseguiu fazer a volta completa do Jalapão de bike. Passe a noite em algum hotel e no dia seguinte siga de ônibus para Palmas.
Dica: Duas mudas de roupa para pedalar são suficientes (faz um pouco de frio a noite, por isso tenha uma outra muda de roupa mais quente). Não leve nenhuma mochila nas costas, no máximo o camel back – use um bom par de alforjes. Na bike, além de luz frontal, lanterna traseira, ciclo computer, dois suportes de caramanholas, espátula, bomba, chaves, gancheira, dois raios, alguns gomos a mais de corrente, pneu extra, quatro câmaras e mais um kit remendo, leve para a manutenção, um pano, escova de dente e óleo de bike. Kit de primeiros socorros, filtro solar, repelente, uma boa capa de chuva e um saco de dormir – não levei isolante térmico por ocupar muito espaço – são imprescindíveis também. Se for pedalar sozinho e por regiões desertas, leve um telefone via satélite. Aluguei um, por um mês, por R$ 250. Vale muito a pena pela segurança que proporciona. Lembre-se que você somente o usará em caso de emergência. Leve comida quente de trilha (sopão, macarrão instantâneo, queijo, leite em pó etc.), barras energéticas, salgados, frutas secas, castanhas. No mais, panela, fogareiro e combustível, barraca pequena, cadeado de bike, papel higiênico e uma pá de jardinagem para enterrar suas fezes e o papel. Utilize um tappleware como prato e um copo plástico para as bebidas. É importante levar pastilhas de cloro ou hidrosteril para purificar toda a água que for beber.
Vai nessa: Para se chegar a Palmas, o avião é a melhor solução devido às distâncias, porém o preço da passagem é uma das mais caras. A partir de São Paulo não sai por menos de R$ l.000. Para chegar a Ponte Alta do Tocantins, a partir de Palmas, o táxi cobra em torno de R$ 250. Para quem não tem pressa, pode optar por uma van que sai todos os dias pela manhã de Palmas.
Plano B: Para contar com um guia experiente em bike no Jalapão mande um e-mail para tursimojalapao@yahoo.com.br ou ligue no tel.:(63) 9977 8968 e fale com o Diego. Ele poderá organizar sua expedição com carro de apoio, logística de hospedagem e alimentação e traslados.
TREKKING NO MARUMBI (PR)
Nível: ****
Duração: 2 dias
Por Alexandre Cappi
O estado do Paraná, berço do montanhismo nacional, abriga o Parque Estadual do Pico do Marumbi, um complexo de rochas acima dos mil metros de altitude, cercado por uma das áreas de mata atlântica mais preservadas do Brasil. O Parque está localizado no município de Morretes, a 65 quilômetros ao leste de Curitiba, e o percurso de duas horas até lá é feito por trem.
Encarar qualquer uma das trilhas do Marumbi é na verdade uma escalada. A subida íngreme passa por uma grande variedade de terrenos, seguindo por paredões expostos e cobertos por uma densa vegetação. Na maior parte do tempo ficávamos suspensos pelas mãos, agarrados a troncos e raízes escorregadias. Alguns trechos verticais estão equipados com correntes e degraus de aço que exigem atenção redobrada, principalmente de quem estiver escalando pela primeira vez. Outro fato que me causou surpresa é a minuciosa demarcação das trilhas com fitas plásticas amarradas nas árvores e setas de aço fixadas na rocha, indicando a direção exata nas bifurcações
1º dia
Após duas horas equilibrando-se sobre os abismos chegamos ao cume do Abrolhos (1.200 metros). A elevada altitude não permitiu enxergar nada além das nuvens. Depois de um almoço de primeira e de um chimarrão que queimava a boca de tão quente, assinei o livro de cume e liguei para a redação da Go Outside. Salve galera do windows…
2º dia
Acompanhei meu guia numa incursão à montanha do Facãozinho (1.100 metros), trilha fechada há 9 anos devido às péssimas condições de sustentação das encostas. Seguimos pela mata estreita e fechada por samambaias e bambuzais. As suspeitas de Kiko se confirmaram ao constatar que determinadas áreas degradadas não haviam se recuperado. Para reabrir novamente o percurso aos visitantes será necessário um longo trabalho de contensão das erosões e reflorestamento dessas áreas.
Dicas: Leve mochila de ataque, barras de cereais, protetor solar, roupas leves e de frio, capa de chuva, meias, canivete, sacos de lixo, lanterna, tensores para joelhos e cammel back ou cantil. O parque oferece camping gratuito. Não adianta chegar à base do Pico do Marumbi sem ter contratado um guia de montanha, pois não existem serviços comerciais instalados no Parque.
Vai nessa: Para quem vem de outros estados, o acesso mais simples é seguir de ônibus até a rodoviária de Curitiba, de onde sai o trem da América Latina Logística, sentido Paranaguá. É melhor programar a viagem para chegar à capital antes da saída do trem, às 8 da manhã. Avise o maquinista ou o monitor que você irá descer no Parque. Ao descer do trem preencha o cadastro de visitação na administração do Parque. Aproveite para se informar a respeito das condições das trilhas, escaladas e de áreas interditadas para recuperação ambiental.
Plano B: As operadoras Pisa Trekking (www.pisa.tur.br) e Calango Expedições (www.calangoexpedicoes.com.br) realizam operações conjuntas na região.
REMO NA PENÍNSULA DO MARAÚ
Nível: ****
Duração: 3 dias
Por Christian Fuchs
Na última viagem que fiz, me chamou a atenção quanta gente me perguntou sobre a Bahia, quando falavam sobre o Brasil. E também, não é pra menos, não? O que a maioria dos europeus procura avidamente é o sol, principalmente depois de um ano com inverno tão rigoroso. E na Bahia, o que não falta é sol e praia. Aí pensei que também sou filho de Deus e fui pra lá. Só o meu meio de locomoção é que foi diferente da maioria dos turistas: fomos fazer o passeio de caiaque oceânico. Sem ficar se espremendo em shows de axé, fila de gente no elevador Lacerda, garotos tentando te vender fitinhas do Senhor do Bonfim, pegamos o caiaque e fomos para a Península de Maraú, próximo a Itacaré, ao sul de Salvador.
1º dia
Começamos a remar já à tarde, de Camamu, e fomos até a ilha Grande, que na verdade não era tão grande assim, e pernoitamos acampados no terreno de uma senhora muito simpática, que até nos convidou, na outra manhã, pra tomar um típico café da manhã baiano, com banana terra frita no óleo de dendê, farinha de tapioca temperada, mingau de tapioca e suco de manga. Inigualável. Não tem preço.
2º dia
Passamos na ilha da Pedra Furada, uma formação rochosa interessante e remamos sentido à cidadezinha de Maraú. No meio do caminho ainda resolvemos visitar o farol de Maraú. Encostamos o caiaque num barzinho e fomos a pé até o farol. Acabou dando uma hora de caminhada ao farol e já aproveitamos a maré enchendo na volta, pra nos empurrar pra Maraú. Lá pernoitamos numa pousadinha e mandamos ver no bobó de camarão! A cidade tem um formato interessante, com um longo porto ao longo do canal, que fica muito raso na maré baixa. Tinha até alguns veleiros estrangeiros atracados, com quem fomos trocar umas figurinhas de histórias do mundo todo.
3º dia
Aproveitando sempre a maré, remamos mais umas 3 horas até a cachoeira de Tremembé, no fundo da baía de Maraú, já próximo de Itacaré, mas infelizmente sem ligação fluvial. Já imaginou remar durante horas por canais em mangue e de repente ouvir um barulho de cachoeira, virar a última esquina e dar de cara com uma cachoeira de uns 6 metros, caindo na proa do seu caiaque? Se eu não tivesse visto, não teria acreditado! Depois de uma hora curtindo a cachoeira e seus poços, começaram a chegar os primeiros turistas de lancha. Existe também o acesso por terra, mas com a estrada em péssimo estado. Voltamos a Maraú para pernoitar e no outro dia seguimos de volta para Camamu, para mandar mais uma moqueca de badejo, que me dá água na boca, só de pensar!
Dica: Além da beleza natural do lugar, a receptividade do povo baiano, as comidas típicas e o clima do lugar fazem dessa região, algo muito especial. Principalmente quando se tem tempo pra desfrutar a paisagem sem pressa, remando calmamente a bordo de um caiaque oceânico. Como as águas lá geralmente são abrigadas (por uma barreira de corais e pela própria pensínsula), ventos amenos no verão, tornam a remada ainda mais prazerosa e tranqüila.
Vai nessa: Existem duas maneiras de se chegar a Barra Grande: ou de carro, por uma estradinha arenosa horrível, ou de barco, a partir da cidade de Camamu (pouco mais 60 quilômetros da BR-101, a partir de Ubaitaba), que foi de onde lançamos o caiaque ao mar, mais precisamente da Marina São Jorge, onde deixamos o carro estacionado e até comemos um belo catado de siri, antes de embarcar. A marina possui também uma estrutura boa de apoio ao navegador.
Plano B: Na Ativa rafting (www.ativarafting.com.br) você pode contratar um guia especializado e a logística de hospedagem necessária. Porém, não há caiaques oceânicos para serem alugados na região. Leve os seus!
REMO DE CANANÉIA À ILHA DO MEL
Nível: ****
Duração: 3 dias
Por Christian Fuchs
O extremo sul do litoral paulista, apesar de não ser muito badalado, esconde uma riqueza de natureza, de cultura e de história do Brasil bastante grande. É lá que ficam reservas ecológicas que abrigam grande parte da mata atlântica do estado de São Paulo. No canal do Mar Pequeno, 50 quilômetros ao sul de Iguape, está a cidade de Cananéia. A cidade tem casarões coloniais, fortes e canhões, é o ponto de partida da nossa remada até o estado do Paraná, mais precisamente na Ilha do Mel, na baía de Guaraqueçaba.
Essa região abriga as reservas ecológicas da Ilha do Cardoso, o Parque Nacional do Superagüi, a Ilha das Peças e a Ilha do Mel. Também é um lugar de difícil acesso terrestre, com estradas de terra em mau estado, o que acaba conservando um pouco a região. O percurso é todo feito pelos canais, em condições totalmente abrigadas. Mas não confunda isso com fácil.
1º dia
De cara são 45 quilômetros de remada – o que dá umas 8 horas, em média –, mas com uma bela vista das montanhas da Ilha do Cardoso, sempre pelo canal do mar de dentro, passando por algumas ilhas e mangue dos dois lados. O primeiro pernoite é no Marujá, uma vilazinha no fim da ilha do Cardoso, com algumas pousadinhas, campings e restaurantes. É uma faixa de restinga com menos de 1 quilômetro de largura, com o canal de Ararapira de um lado e o mar do outro.
2º dia
Pegamos o canal para Ariri, uma outra vilazinha no meio do mangue, contornando a ilha de Superagüi. O canal vai se estreitando, passa-se pelo povoado de Fátima, até que se abre na baía dos Pinheiros, onde geralmente rola um vento forte, pra dar uma emoção na remada. Como Superagüi e a ilha das Peças são praticamente mangue, existem poucas áreas não alagadas para aportar. Às vezes, a solução é fazer uma parada boiando mesmo. Contornamos a ilha das Peças pelo norte, a parte mais abrigada, e pernoitamos acampados no povoado de Tibicanca, no lado oeste da ilha, já com vista pra ilha do Mel. Essa remada é mais tranqüila, mas demora umas seis horas até chegar ao destino.
3º dia
Lançamos os caiaques na água cedo, contornamos o resto da ilha das Peças e cruzamos o canal, aportando direto na praia da Fortaleza, na Ilha do Mel. Depois continuamos beirando as praias até um istmo perto de Nova Brasília, que une as duas metades da ilha apenas por uma faixa de areia de alguns metros de largura. Arrastamos os caiaques para o outro lado e evitamos ter que dar a volta na outra metade da ilha, exposta ao mar aberto, e fomos encontrar o nosso apoio, que já estava nos esperando. Ficamos o resto do dia visitando o Farol das Conchas e as praias de onda, do lado leste da ilha.
Dica: Consulte a tábua das marés no site do DHN (www.mar.mil.br/dhn) antes de ir. Remar contra a correnteza nas luas Nova e Cheia, com as maiores diferenças de maré, é praticamente suicídio. Em Cananéia, ficamos na Pousada Por do Sol (http://hotelpousadapordosol.com.br), que foram bem atenciosos com a gente e deram todo o apoio de levar caiaque, guardar carro e preparativos em geral. No Marujá dá pra fazer algumas caminhadas muito bonitas para a praia de Morretinhos e Lajes, alugar umas bicicletas e ir na direção sul, pela praia e caminhos no meio da restinga até a ponta da baleia, na barra do Ararapira, onde existe uma comunidade de pescadores, com um restaurante montado pela associação do lugar. Pra quem gosta de balada, à noite ainda rola um forrozinho, que na época de férias e feriados, pega fogo.
Vai nessa: Seguindo pela rodovia Régis Bittencourt (BR-116), vindo de São Paulo, passe por Registro, entre no primeiro acesso à direita para a cidade de Pariquera-Açú – você vai passar sobre o viaduto. Atravesse a cidade e continue pela estrada que vai até Cananéia. Para chegar lá, você pode optar por balsa ou ponte, localizada ao norte da ilha. Para acessar a ponte, é bem simples. Na SP-226 você encontrará a sinalização numa rotatória. Pegando o acesso à esquerda, você irá pela ponte. Seguindo em frente, chegará à balsa, que funciona o dia todo, com intervalos que variam de uma hora e quinze minutos a duas horas e meia. A Viação Intersul faz o trajeto de São Paulo até Cananéia (www.intersul-transporte.com.br).
Plano B: A Aroeira Outdoor (www.aroeiraoutdoor.com.br) oferece tudo que é necessário para o roteiro, incluindo transporte saindo de São Paulo, além de caiaques, logística de alimentação e hospedagem e guias especializados.
TREKKING NA JOATINGA (SP)
Nível: **
Duração: 3 dias
Por Christian Fuchs
No meu conceito, uma praia perfeita é aquela de areias limpinhas e fofas, rodeada por montanhas verdes de mata atlântica, mar claro com aquelas ondas convidativas, um riachinho cristalino numa das pontas e uma cachoeira seguindo aquela trilhinha no canto da praia. Se você concorda, a Ponta da Joatinga, no litoral norte do Rio de Janeiro, está bem perto do seu paraíso. Mas se o seu conceito de perfeição prevê um botequinho com um pagodinho e cerveja, não passe nem perto de lá. Três dias é o tempo ideal que se gasta pra fazer essa caminhada, num ritmo tranqüilo, aproveitando as praias e cachoeiras, mas sem deixar de suar a camisa.
1º dia
Prefiro começar essa caminhada de Parati, que na verdade começa com uma navegada. Do cais de Parati, não é difícil encontrar um barco que esteja indo pro Pouso da Cajaíba. Depois de duas horas e meia de viagem, com um belo visual, chega-se à praia do Pouso, de onde sai a trilha bem marcada pra Martins de Sá, que é uma das praias mais especiais desse circuito. Basta pedir informação pra qualquer caiçara e eles te indicarão como pegar a trilha, que é um subidão e depois um decidão no meio da mata, que geralmente dura uma hora e meia. Do lado do mar aberto da Ponta da Joatinga, Martins de Sá tem boas ondas pro surf e é resguardada por um dos caiçaras mais legais e conscientes que eu conheço, o “seu” Maneco. Com sua família, ele mantém esse lugar preservado há anos, resistindo até a poderosos empreendimentos imobiliários, que queriam transformar o local em um megacondomínio de luxo. Ele mantém uma área de camping com banheiros sempre limpinhos, serve refeições e cuida para que sempre se tenha um clima de paz.
2º dia
É o dia mais puxado. Saindo de Martins de Sá, passa-se pela mini-praia de Cairuçú, onde começa uma bela subida no meio da mata, vencendo a serrinha da ponta Negra, para chegar à praia de mesmo nome, também muito bonita. Esse trecho até a praia de Ponta Negra leva geralmente umas sete horas. Abasteça o seu cantil antes da subida, hein? A praia de Ponta Negra é de tombo e fica recuada, entre costões de pedra. Hoje em dia existem campings e pequenos restaurantes que servem refeição, já que não é mais permitido acampar em nenhuma das praias.
3º dia
Passando o riozinho no canto da praia, pegue a trilha e siga até as praias de Antigos e Antiguinhos, que também são bem bonitas. Caminhando bem tranqüilo, não deve levar mais de duas horas. Achar a trilha geralmente não é difícil, mas, na dúvida, pergunte. Fique atento: existe um pocinho maravilhoso, seguindo o riozinho que corta a praia de Antigos, um pouco pra dentro do mato, com vista pra praia e tudo. Vale a pena a parada. Após mais um morrinho de no máximo vinte minutos, avista-se a praia do Sono, já com bem mais gente, campings e surfistas, pois o acesso já começa a ficar mais fácil. No final da praia do Sono, continuando por uma trilha bem batida e larga, chega-se finalmente ao povoado de Laranjeiras, vizinha de Trindade, de onde sai um ônibus, que volta para Parati. Não deixe pra voltar à noite, pra não correr o risco de perder o último ônibus.
Dica: não se esqueça de levar o repelente, pois como em todo lugar isolado, os borrachudos imperam. Apesar de dar pra contar com as refeições nos feriados, leve também guloseimas e coisas pra comer ao longo da trilha. Em geral, os campings do percurso cobram em torno de R$ 10 por pessoa para acampar. E o mais importante: respeite sempre a cultura local e não poupe esforços pra preservar esse lugar como ele é. Não se esqueça de levar sempre o seu lixo embora. Apesar da falta de apoio da prefeitura, seu Maneco leva todo o lixo de volta pra Parati, no seu barco, auxiliado pela contribuição financeira dos freqüentadores da praia. E olha que tem feriados, que são várias viagens.
Vai nessa: Quem tem como ponto de partida São Paulo há duas opções de caminho. Uma delas é seguir pela SP-055 (Rio-Santos) direto até Parati. Outra opção é seguir até Taubaté pela BR-116 (Rodovia Presidente Dutra) e de lá pegar a SP-125 até Ubatuba. Em Ubatuba segue-se pela SP-055 (Rio-Santos) até Parati. Para quem vem do Rio de Janeiro a melhor alternativa é pegar a BR-101 até Parati. De São Paulo a Parati são 306 quilômetros. Do Rio de Janeiro até lá são 263 quilômetros.
Plano B: A Pisa Trekking (www.pisa.tur.br) tem saídas freqüentes para a travessia da Joatinga. Leve apenas seu saco de dormir. Guias, barrracas, transporte e alimentação é por conta deles.
REMO NO PARÁ
Nível: ***
Duração: 3 dias
Por Murilo Bellesi
O Pará está para a canoagem assim como o Havaí está para o surf. O estado tem a maior bacia hidrográfica do mundo, com uma infinita opção de rios, baías, igarapés etc. Além disso, possui o maior litoral oceânico da Amazônia, que o transforma no maior playground do mundo para a canoagem oceânica e fluvial. O suficiente para não repetir um roteiro durante a vida toda.
Um dos roteiros de canoagem oceânica que mais aprecio fica na região nordeste do estado. Essa região apresenta um litoral bastante recortado com uma vegetação costeira de grandes manguezais e extensas faixas de praias habitadas apenas por pescadores que fazem uma morada provisória chamada de rancho, que são barracos de palha e madeira, extraída desses mangues, com a finalidade de salgar o peixe para vender nas cidades maiores. Esses ranchos são excelentes bases de descanso nas remadas.
1º dia
Há duas opções de roteiro neste dia. Um contornando a baía de Pirabas por fora, passando por uma arrebentação, e o outro adentrando em um emaranhado de braços de mar entre manguezais até chegar à baía de Inajá. A escolha deve ser determinada pelo seu nível técnico. Os dois chegam à baia de Inajá, local do primeiro acampamento. Há excelentes praias para acampar nos dois lados da baía. Ali residem vários nativos. Você pode conseguir peixes frescos com eles ou até mesmo fazer parte da pescaria.
2º dia
Você pode permanecer em Inajá, fazendo mini-expedições pelas redondezas ou seguir em frente em direção à praia de Cueral. O percurso é formado por belas paisagens de mangues com sua riquíssima fauna, composta por guarás, garças e gaviões. Para chegar lá, há, de novo, duas opções: por dentro de um pequeno braço de mar que corre paralelo à praia e que você só tem acesso na maré cheia, e encarando o mar, pegando onda e atravessando a arrebentação até a praia. Caso você não tenha a segunda opção como opção e perca a maré de entrada do braço de mar, acampe na praia da Baixinha, que é o começo da praia do Cueral, até aproxima maré. Ao chegar ao Cueral, prepare o acampamento ou fique em um rancho de pescador. Integre-se à comunidade e aproveite para pescar com os nativos.
3º dia
Remada curta mais intensa, pois para chegar ao próximo ponto de acampamento você terá que atravessar uma pequena baía, onde três braços de mar se juntam, cheia de rasos bancos de areia que formam um grande rebuliço com ondas de toda parte. Reme na direção da Ponta do Cocal, na entrada do furo que separa a ilha do Atalaia de Cuiarana. Uma grande falésia entre plantações de coco compõe essa incrível paisagem. Monte a barraca no alto da falésia. Nesse local você tem uma visão inesquecível do horizonte e um vento forte o tempo todo.
4º dia
Entre no furo em direção a Salinas. Passe embaixo da ponte que liga Salinas à ilha do Atalaia. Nesse ponto você terá um desafio a enfrentar. A passagem que conecta os dois pontos é por dentro de um estreito igarapé, dentro de um manguezal, que só é possível atravessar com a maré cheia e quando ela é de lua (maré grande). Fique atento a umas setas pintadas nas árvores e pergunte aos locais sobre a passagem. Possivelmente você terá que arrastar o caiaque pela lama, caso a maré não esteja suficientemente cheia. Depois disso você estará a poucas centenas de metro do seu porto seguro, uma belo e pequeno porto na cidade de Salinas.
Dicas: Traga um tênis confortável, capa de chuva, calças e camisetas de manga comprida, mochila pequena, chapéu ou boné, protetor solar, repelente contra insetos, cantil, frutas secas, cereais, saco de dormir e luz estroboscópica.
Vai nessa: O primeiro passo é conseguir um caiaque em Belém. Para isso, a melhor dica é procurar a Kaluanã (www.kaluana.com). No mínimo você conseguirá um caiaque turismo modelo Amazônia da OPIUM. Tendo isso, o resto é fácil, contanto que você tenha o resto do equipamento. Caso não, na Kaluanã você também pode prpvidenciar. A próxima etapa é conseguir um transporte para levar o caiaque e você. Dependendo da grana, dá para alugar um carro ou, se estiver apertado, conseguir um frete para levá-lo até o trapiche do município de Pirabas, a 232 quilômetros de Belém. Chegando recomendo que você converse com os nativos sobre correntes e marés.
Plano B: A Rumo Norte Expedições (www.rumonorte.tur.br) é especializada em canoagem oceânica no litoral do Pará. Conte com eles para montar sua expedição completa.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de maio de 2006)
PARAÍSO: Descanso merecido no cume do pico do Papagaio
MIRAGEM: Só no Brasil pode existir uma lagoa de água doce entre quase todas as dunas de um deserto
DUNAS: Pausa na bike para um rolê pelas dunas
FECHADA: Vista da montanha do Facãozinho
RESERVA: A paisagem é linda, mas o remo é puxado
PONTA NEGRA: A praia
HAVAÍ DO REMO: Uma das grandes pedidas desse roteiro é integrar-se às comunidade locais