Pequeno nas gigantes


VIAJADO: Julinho foi ao Havaí pela segunda vez. Em 2007 tem mais

Por Cassio Waki

Foto por Divulgação

Nome: Júlio Terres

Idade: 12 anos

Altura: 1,49 metros

Peso: 41 quilos

Esporte: surf

Brincadeira: quem vê Julinho montando um castelo ou cavando um buraco na areia da praia Mole, em Florianópolis (SC), pensa que é apenas mais um garoto brincando com os amigos. Na verdade, isso faz parte do condicionamento físico do menino de 12 anos, que também inclui ioga e muita onda. “Quem monta o maior castelo de areia, faz menos abdominais”, se diverte.

Havaí: o que não é brincadeira são as ondas que Julinho encarou em Pipeline e Waimea durante o mês de fevereiro, em que ficou no Havaí com mais três colegas, Santiago Muniz, 13 anos, Ricardo dos Santos, 15 anos e o uruguaio Marco Giorgio, 17 anos, outras promessas do surf. “É a segunda vez que fui pra lá, então já estou mais acostumado com o tamanho e a força das ondas. Mas dá um pouco de medo por causa das ondas tubulares e dos corais, que são bem afiados”, diz. Porém, o surfista mirim não se intimidou com ondas de 8 a 10 pés (2,5 a 3 metros), o dobro de seu tamanho.

Crowd: O mar não é só dos adultos. Julinho conta que no Havaí tem muita garotada que cai no mar. “Tem muita gente da minha idade. É chato porque sempre tem aquela minoria que fica te xingando, mas a maioria é bem legal”.

Cultura: “É muito legal conhecer lugares diferentes, fazer amizades, ver uma cultura e línguas novas. Na primeira vez que fui para o Havaí, não conseguia me comunicar, mas agora já me viro em inglês. É que eu também sou tímido com quem não conheço, mas depois que conheço falo bastante”, afirma. Falando das novas amizades, Julinho surfou com o surfista profissional havaiano Jamie O’Brien. “Ele é muito gente boa e caiu no mar com a gente”.

Ídolos: “Me espelho muito no Fabinho Gouvêa. Ele e o surf dele são muito legais. E também no Kelly Slater, porque é sete vezes campeão mundial. Eu vi ele em Pipeline e ele é o melhor”, diz Julinho, que sonha em estar no topo do surf mundial. Hoje, ele coleciona dois títulos no Infantil Rip Curl e dois vices no brasileiro amador infantil. “Estou no primeiro degrau e ainda preciso de muito treino”, reconhece.

Formação: Julinho ficou em pé numa prancha aos dois anos, com os empurrões do pai, Dema. “Eu ficava em pé na prancha e meu pai me colocava nas ondinhas. Eu adorava. É que eu gosto de água pra caramba”, justifica. Aos sete anos, Julinho ganhou o apoio da Mormaii, que o colocou na sua programação do Centro de Formação para Surfistas. “Não queremos torná-los somente atletas. Também queremos fazer parte de sua educação”, diz José Filomeno Neto, o Netão, coordenador-técnico do centro. “O Julinho transmite coragem, confiança quando está no mar. Desde os sete anos já se mostrou diferenciado, descendo ondas de dois metros com buraco”, revela.


(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de abril de 2006)