Estilo urbano


TREINO: Custódio dropa do Palácio Tiradentes, no RJ, dando um 360

Texto e foto por Pedro Cury

Freeride urbano, street, urban ou urban assault. Assim é conhecida uma vertente do mountain biking que usa obstáculos urbanos para fazer manobras. Já nos anos 80, o pessoal do BMX, aproveitando a facilidade de manobras das bikes pequenas, acabou criando a modalidade street, em que corrimões, escadas, bancos de praça, monumentos, canteiros, etc. serviam como obstáculos. Com a profissionalização do esporte, começaram a surgir campeonatos e foi necessário criar espaços específicos para a prática. Esses espaços são adaptações dos skate parks, ou seja, espaços de concreto com rampas bem construídas facilitando as manobras. Mesmo assim, a rua sempre atraiu os BMXers por ter obstáculos inusitados e perigosos.

Mas onde o mountain biking entra nisso, já que no urban não há montanhas? Com a evolução do esporte, começou a surgir uma necessidade de bikes mais versáteis e robustas. As modalidades downhill e freeride começaram a ganhar força e a indústria começou a dar atenção para o pessoal que exigia equipamentos para uso extremo. A partir disso, os bikers mais radicais descobriram que as bicicletas usadas para o downhill e o freeride se davam muito bem no ambiente urbano, principalmente em escadas. Posteriormente, a indústria começou a criar bikes específicas para a prática do urban, com características tanto de mountain bike quanto de BMX. Até campeonatos surgiram com o novo conceito.

A grande graça do urban é a mistura de estilos e obstáculos. Não existe a melhor bike para a prática – isso depende do estilo de cada um. Há quem prefira bikes pequenas, aro 24, com apenas uma marcha e sem suspensões, parecidas com as de BMXs, assim como há os que gostam das bikes que estão mais no estilo do downhill, com pneus grossos, muitas marchas e suspensões de muito curso em ambas as rodas. Existem os pilotos que se especializam mais na técnica, executando manobras muito difíceis, e também aqueles que preferem a ousadia, pulando muros de mais de 3 metros de altura e voando por vãos de escadas. O interessante é que entre esses extremos existe um universo de possibilidades, tanto de configurações de bikes como de estilos. O resultado é a diversidade.

O Brasil acompanhou essa evolução. Pelos sites e fóruns da Internet, os bikers foram descobrindo grupos que já existiam em suas cidades ou criando seus próprios. Os primeiros resultados estão sendo colhidos agora: na última sexta-feira santa, doze cidades (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Londrina, João Pessoa, Salvador, Joinville, Campo Grande, Santos, Porto Velho e Bauru) uniram seus grupos para fazer um evento sincronizado. Alguns deles recolheram alimentos para instituições de caridade, aproveitando a união para ajudar causas sociais. No total foram arrecadados 150 quilos de alimentos e mais de 300 bikers foram às ruas para dar um show de urban pelo Brasil.

Se você faz ou já fez mountain biking, experimente o urban. Mesmo para quem só gosta das montanhas, é um ótimo treino para os dias em que não é possível ir treinar nas trilhas.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de maio de 2006)