Vai pra onde?

Por Samuel Taets Junior
Fotos por Alexandre Cappi

A travessia Lapinha/Tabuleiro, na serra do Cipó, em Minas Gerais (100 km de Belo Horizonte; 532 km do Rio de Janeiro; e 684 km de São Paulo) é um passeio de nível médio, com duração de três dias, que cruza a serra do Espinhaço de oeste para leste, numa região de transição do cerrado para mata atlântica e também das nascentes do rio São Francisco e rio Doce. O trekking passa por picos, piscinas naturais, campos rupestres, campos de altitudes, matas de galeria, belíssimas cachoeiras e dá uma visão geral de toda a região do Cipó. Nesta travessia, não existe uma trilha bem definida e sim caminhos que foram marcados pelo gado dos moradores da região. No inverno, pode ocorrer cerração, o que dificulta a navegação — se você não for muito, mas muito bom de mapa, procure um guia da região.

1º DIA

Saindo da Lapinha da Serra (APA morro da Pedreira), na bacia hidrográfica do rio das Velhas, a travessia começa na represa da Lapinha (Cel. Américo Teixeira) com uma subida íngreme no sentido da serra do Breu, dando a volta pelo lado direito, de onde se tem uma visão fantástica da represa e das montanhas para compensar todo o esforço da subida. Caso queira subir o pico do Breu (1.687 metros de altitude), ponto culminante da serra do Cipó, acrescente três horas de ida e volta de subida íngreme. Passando o pico do Breu, cruze o rio Parauninha, com prainhas de areia branca bem fina, ideais para mergulho. Depois disso chega-se ao primeiro “ponto de apoio”, a casa da dona Ana Benta (camping/hospedagem), onde é possível aproveitar as cachoeiras próximas ao local. Total do dia: 7 km em 4 horas de caminhada.

2º DIA

O destino é a casa de Chico Niquinho (camping/hospedagem/refeição). A caminhada é feita em altitude próxima a 1.300 metros, entre campos sempre floridos. Vale a pena deixar as mochilas no Chico Niquinho, levando apenas um lanche para conhecer a parte de cima da cachoeira do Tabuleiro, no Parque Municipal Ribeirão do Campo. É a maior queda de Minas Gerais e a terceira maior do Brasil, com 273 metros de altura – mas paga-se uma taxa de R$ 5 para entrar no parque. Total do dia: 12 km em 7 horas de caminhada.

3º DIA

É praticamente todo descida. Contorne o paredão da cachoeira do Tabuleiro em ziguezague até a calha do rio Ribeirão do Campo, com destino ao poço na parte de baixo. Nesse pico existem várias vias de escalada. No meio do rio, antes de uma laje grande de pedra à esquerda, próximo a uma pequena gruta, começa a via Vestibuleiro, de 20 metros de altura; no paredão do lado esquerdo em frente à queda da cachoeira, há a via Linda de Morrer, de 350 metros; no lado direito da queda existem as vias Hidro no Topo, de 390 metros, Chá Macrobiótico, de 340 metros, Infarto Supra Renal, de 200 metros, e Angelical Touch, de 200 metros. Total do dia: 7 km em 5 horas de caminhada.

Mochila: Leve suprimento para três dias, barraca, isolante, saco de dormir, protetor solar, roupas leves, capa de chuva, lanterna, seis pares de meia, canivete, sacos de lixo, boné legionário, tensores para joelho e muita água e material para escalada. Pode-se utilizar mulas para transporte de equipamentos.


DESPERTAR: Que maravilha acordar e dar de cara com a cachoeira Véu da Noiva

Para maiores informações do local, guia e apoio. Acesse o site www.pousadadagameleira.com.br.


MORRO ACIMA

Por Cassio Waki

Percurso: 25 km de bike de Santana de Parnaíba até Aldeia da Serra, na Grande São Paulo

Duração: 4 horas, com pausa para mergulho e almoço

O que levar: roupa para nadar e dinheiro para comida e bebidas

Se você gosta de subidas, de nadar num lago, de comer feito um rei e depois voltar num downhill, este é o rolê. No centro de Santana do Parnaíba, pergunte pela estrada de terra que vai até Aldeia da Serra. O pedal começa entre chácaras e sítios até você se ver em meio ao verde e a muitas subidas. “Cuidado com as bifurcações e sempre opte pelas estradas mais inclinadas”, aconselha Fábio Noffs, 27 anos, membro dos Alphabikers. A subida termina numa guarita com cancela. Aproveite o belo visual lá do alto e pergunte ao “guardinha” onde fica a região dos lagos, para se refrescar. Se bater uma fome, não se preocupe, pois há muitas lojas e restaurantes. Dá até pra exagerar um pouquinho, porque a volta, pelo mesmo caminho, é só descida.

TREKKING NOTURNO

Por Cassio Waki

Percurso: 10 km até o pico da Bandeira, em Minas Gerais

Duração: 6 horas à noite com parada para descansar

O que levar: headlamps ou lanternas e roupa para o frio

Ficar sobre as nuvens, admirando um nascer do sol. É o que você faz ao chegar ao topo do pico da Bandeira, depois de um trekking de 10 km. “O mais legal é fazer durante a madrugada para chegar ao pico por volta das 6 da manhã”, conta Ricardo Yuji, 30 anos, diretor da North Brasil, empresa que realiza provas de enduro a pé. A entrada é na cidade de Alto Caparaó, Minas Gerais, pelo parque nacional que leva o mesmo nome (os portões do parque fecham às 22 horas). Você pode ir de carro até Tronqueira, onde fica localizada uma área para camping, montar seus equipamentos e ir em direção ao Terreirão, outro camping onde você pode fazer uma pausa para descansar e depois continuar o trekking. Compre toda a sua comida e bebida na cidade, pois no parque não há nenhum comércio.

PRAIA DE PAULISTA

Por Cassio Waki

Percurso: 66 km em torno dos lagos em Nazaré Paulista, São Paulo

Duração: em média 6 horas, parando para curtir a paisagem

O que levar: água, comida, traje de banho

Um pedal mais tranqüilo, mas mais longo. São 66 km em torno da represa Atibainha, em Nazaré Paulista, a 68 km de São Paulo. E se você cansar no meio do caminho é só cortar pela ponte e fazer 32 km. “É uma volta com leves inclinações e sempre com a referência da represa ao seu lado. Faça pelo sentido anti-horário para ter mais descidas na volta”, diz o ciclista Rodrigo Resende, 28 anos. À beira da rodovia Dom Pedro I, estacione seu carro no restaurante Fazendinha, local já conhecido como um ponto de apoio para os ciclistas, e que oferece um confortável local para descansar e comer na volta. Se o tempo abrir, a represa ainda tem algumas “praias” — com areia e tudo — para dar uma relaxada. Não entre no pedal sem levar água e comida, pois não há comércio no trajeto.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de julho de 2006)