Em cena

Por Megan Michelson
Fotos por Doug Berry

Qual a receita para criar um sarau de filmes de altas altitudes perfeito? Convide 50 oradores e atletas lendários como o montanhista Conrad Anker, o caiaquer Eric Jackson e o escalador Lynn Hill. Selecione 80 películas que variam de filmes de ação de cinco minutos a documentários cabeça de duas horas. Lance-os em quatro cinemas de uma pitoresca cidade montanhosa. Batize-o deTelluride Mountainfilm Festival e desfrute. O 28º evento anual de quatro dias aconteceu no último fim de semana de maio em Telluride, no Colorado, Estados Unidos. Selecionamos alguns filmes exibidos no festival que devem entrar em cartaz nos cinemas ou passar na TV. Subimos 2.500 metros para uma amostra do que há de melhor em documentário e filmes de aventura.

The Real Dirt on Farmer John

www.therealdirt.net

A essência: Este documentário auto-biográfico de 82 minutos de Taggart Siegel foca o fazendeiro do estado norte-americano de Illinois, John Peterson, e seu legado familiar de plantadores de grãos. Não foi surpresa que o filme ganhou a escolha da audiência — a performance hilária do estranho fazendeiro que usa um boá rosa enquanto ara seus campos e luta contra o julgamento de seus conservadores vizinhos da “América profunda”. Lágrimas também serão derramadas durante os tristes comentários sobre a decadente cultura agrária familiar nos Estados Unidos.

Crítica: esse filme vai te fazer querer plantar seus próprios vegetais orgânicos.

Light of the Himalaya

www.seracfilms.com

A essência: Do renomado diretor Michael Brown (Farther Than the Eye Can See), Light of the Himalaya acompanha o Dr. Geoff Tabin — o mesmo montanhista/oftalmologista que aparece na matéria “Vale das Sombras”, publicada nesta edição — e um time de escaladores patrocinados pela marca North Face que estão no Nepal para ajudar no projeto Himalayan Cataract Project, que presta ajuda médica a nepaleses com problema de visão, e também para escalar o Cholatse, um pico de 6.440 metros.

Crítica: história afetuosa com uma variedade de cenas de montanha que prova que ajudar os outros traz tanta satisfação quanto escalar picos nevados.

Queen of Trees

www.pbs.org/wnet/nature/queenoftrees

A essência: prepare-se para ser levado onde um filme nunca levou antes: dentro de uma fruta amadurecida numa gigantesca figueira africana. Mark Deeble e Vicky Stone passaram dois anos acampados no Quênia para capturar o ciclo de vida das vespas, que começa exatamente dentro dessa fruta. Com um dispensável narrador britânico e visual alucinante — macacos que balançam nas árvores e crocodilos que caçam peixe te levam para dentro da selva africana como nunca antes —, esse filme levou o prêmio do júri.

Crítica: você nunca mais comerá figo como antes.


FESTA: Local de Telluride aprende a rolar o caiaque na rua principal da cidade

Someday, Somebody Will Ski That

www.hpix.com

A essência: Em apenas 18 minutos, o diretor Peter Pilafian documenta a história do Jackson Hole’s Corbet Couloir, uma pista de esqui estreita e íngreme, localizada no resort no estado de Wyoming (EUA). Da primeira patrulha de esqui que desceu a rampa até um maluco de snowmobile que se jogou lá do alto, o filme é curto, divertido e refrescantemente diferente do que o típico pornô de Jackson Hole.

Crítica: Se você ainda não esquiou Corbet’s, você vai sair da sala se coçando para tentar.

Nomads

www.pollyhgreen.com

A essência: A diretora de primeira viagem e caiaquista profissional Polly Green dá uma mão para a humanidade e para a ação em águas brancas com seu filme de 20 minutos sobre três mulheres que fazem a diferença nas vilas africanas de Uganda. Entre conversas sobre malária e redes para mosquito, as três estrelas do filme detonam nas maiores “ondas brancas” do Nilo.

Crítica: o poder feminino nunca foi tão hardcore.

Who Killed the Electric Car?

www.whokilledtheelectriccar.com

A essência: Foi o professor com o candelabro na sala de jantar? Não de acordo com o diretor Chris Paine, que tenta resolver o mistério da morte fora de hora do carro elétrico. Num momento em que a alta mundial do petróleo dominava as manchetes, esse filme de 90 minutos ganhou merecidamente o prêmio Truth to Power do festival e, no final, nós descobrimos que os réus são tanto os governos, companhias petrolíferas e CEOs da insdústria automobilística, quanto você e eu, os consumidores.

Crítica: Primeiro você vai ficar puto, depois vai querer mudar o mundo.

Why He Skied

A essência: Quando o montanhistas de 30 anos, Hans Saari, caiu para a morte enquanto esquiava em Mont Blanc du Tacul, nos Alpes franceses, em 2001, seu deprimido irmão mais novo, Per, estava inspirado a fazer um filme. O resultado? Um documentário comovente que segue Per enquanto ele tenta ficar de bem com a morte do irmão. O filme inclui entrevistas com amigos íntimos e familiares, e culmina com a subida de Per ao cume da mesma montanha onde Hans encontrou seu destino.

Crítica: Traga lenço de papel. Esse é “pessado”.

Balapan, Wings of the Altai

A essência: O tema do festival deste ano era “Celebrando o Espírito Indomável”, com ênfase na Mongólia. Balapan, Wings of the Altai, vencedor do prêmio de cultura do Telluride, foi o filme feito na Mongólia apresentado. O diretor Hamid Sardar descreve lindamente a luta do pastor de ovelhas Sheik Pauli no vale de Delous, na Mongólia ocidental, enquanto ele impede o ataque de predadores com a ajuda de uma revoada de águias.

Crítica: é sua chance de dar uma olhada num modo de vida que nunca imaginaria que existisse.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de julho de 2006)