Meca do MTB

Por Fernanda Franco
Foto por Germano Missurini

Durante os primeiros dias do mês de julho, as pistas do Parque Unipraias, em Balneário de Camboriú (SC), serviram pela segunda vez de passarela para o desfile dos maiores atletas do Downhill e do Four Cross mundial. Ciclistas, suas equipes, organizadores, jornalistas do Brasil e dos países participantes mexeram com a rotina da cidade, que já vem se tornando referência do esporte no país

A 5ª etapa da Copa do Mundo de MTB (a penúltima do circuito, que se encerra na Áustria, em outubro) reuniu cerca de 200 atletas de 23 países e foi acompanhada por um público de mais de 10 mil pessoas. Em 2005, a etapa foi eleita a segunda melhor do circuito pela União Ciclística Internacional (UCI), que elogiou e considerou a pista uma das mais completas, cativando atletas e organizadores.

Para a prova desse ano, a organização manteve o alto nível das pistas, exigido e vistoriado pela UCI, e ainda abriu mais espaço para receber o público na Expo, onde a galera podia ver seus ídolos de perto e “babar” nas bikes gringas e na estrutura que acompanha os ciclistas em todas as etapas da Copa do Mundo. Cada marca ou patrocinador tem uma equipe, composta geralmente por mais de um atleta, além de mecânicos, técnicos e médicos/fisioterapeutas. O stand de cada marca é o QG (quartel general) onde a equipe se reúne, faz os ajustes na bike e dá todo o suporte para os ciclistas. Cabe ao atleta fazer a sua parte: soltar o freio no circuito.

Para o Downhill, os competidores subiam até o topo da pista, a 240 metros de altura, usando os bondinhos do parque. Pelo circuito de quase dois quilômetros passaram na final cerca de 80 atletas, sendo 20 deles brasileiros. Markolf Bertchold, o grande nome brasileiro da modalidade, detentor do título de campeão brasileiro de 2005 e vice-campeão dessa mesma etapa da Copa no ano passado, não estava entre os favoritos para subir ao pódio – o atleta se recuperava de uma fratura no dedo da mão que já o havia tirado de duas das seis etapas da disputa e afirmava não estar na sua melhor forma. Terminou em sexto lugar.

A prova foi realmente dominada pelos gringos. O favoritismo estava com o inglês Steve Peat, líder do ranking mundial, que por conta de uma confusão no vôo chegou ao Brasil sem bike e não teve tempo de treinar no circuito. O campeão do ano passado, Greg Minnar, da equipe Honda, também era um nome forte para a vitória e vinha com excelentes tempos na semifinal, mas por conta de um pneu furado já na última metade do circuito da final, acabou caindo e abrindo caminho para a vitória de seu companheiro de equipe, o finlandês Matti Lehikoinen. Steve Peat, mesmo sem treino na pista, levou o segundo lugar, deixando a decisão da Copa para a última etapa na Áustria. Matti, que nunca havia subido ao pódio na Copa do Mundo, fez seu debute com chave de ouro e levou para a Finlândia uma histórica e primeira vitória no MTB. No feminino, a inglesa Rachel Atherton sagrou-se campeã, batendo a líder do circuito Tracy Moseley.

No Four Cross, modalidade em que quatro competidores largam simultaneamente num trajeto composto por rampas, obstáculos e curvas acentuadas, o único brasileiro classificado no Qualify, Robson Urubu, caiu feio nos treinos e não pôde participar da final. A modalidade é considerada a prova do líder, já que após a primeira sessão de obstáculos e a primeira curva, a corrida está praticamente definida. A situação da prova só muda com algum tombo ou vacilo do competidor da ponta. Os vencedores no Four Cross, o tcheco Mikael Prokop e a americana Jill Kintner, não deixaram dúvidas sobre sua técnica e sagraram-se campeões mundiais por antecipação.

Os fãs do MTB aqui no Brasil podem comemorar. Camboriú, já inserida na agenda anual da World Cup, ganhou o direito de sediar mais um evento internacional. O sucesso da prova trouxe para a cidade o Pan-americano de moutain bike, nas modalidades Cross Country, Downhill e Four Cross, marcado para os dias 10 e 15 de outubro.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de agosto de 2006)